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De novo, a Álcool Verde…

Mauro-Ribeiro-f-Sabrina-SoaGosto do bom debate, em especial quando envolve situações que  são oportunas e dizem respeito ao futuro do Acre. Pra mim, este é o caso da Álcool Verde, uma indústria acreana de capital privado, que emprega centenas de trabalhadores acreanos, compra matéria-prima e outros produtos de centenas de famílias de produtores rurais e que já produziu 1,5 milhões de litros de etanol, colocados pela Petrobras nos postos acreanos desde novembro passado.

Esses 1,5 milhões de litros de álcool não representam, ainda, a plena produção da Álcool Verde. Mas é a prova da viabilidade econômica, social e ambiental deste empreendimento que, sem dúvidas, também sinaliza a viabilidade do Acre industrializado. Senão, vamos lembrar o que tínhamos ali? Um amontoado de ferro velho, símbolo perfeito de um mal acabado financiamento da Sudam. Anos e anos paralisado. À frente, mato e escombros. Por trás, corrupção e prejuízos. O resultado? Zero emprego, zero investimento.

Mas como agir com responsabilidade frente a um negócio que, se bem encaminhado, traz emprego e renda a inúmeros atores sociais, e é capaz sim de mudar a economia regional? Com coragem e enfrentando dificuldades, vimos que era possível revitalizar aquela unidade, desde que em nova perspectiva. Com trabalho, trabalho e trabalho, alguns passos foram dados. Restam outros tantos.

As dificuldades para viabilizar indústrias que geram empregos, incluem a superação de argumentos simplistas tais como postados pelo jornalista Altino Machado em seu blog, agora em 24 de janeiro, com o título “Álcool Verde”. Em 5 parágrafos, 17 linhas e 148 palavras, a matéria é infeliz do primeiro ao último parágrafo. Vou explicar.

Logo à primeira linha, diz que a Usina foi rebatizada “…pelos petistas”. Não é verdade. O nome do empreendimento foi sugerido pelo ex-gerente da empresa,  Sr. Ezequiel. Falando ao telefone com o sócio majoritário, o Sr. Eduardo Farias, explicava da possibilidade de fazer um álcool diferente de todo o lugar do Brasil, em que já iniciava pelo plantio em áreas licenciadas, com colheita mecanizada, sem emprego de fogo na colheita… um verdadeiro “álcool verde”! Assim surgiu o nome do empreendimento.

Também é falso afirmar que recursos de contribuintes estejam sendo consumidos “… nos governos .. Jorge Viana e Binho Marques”. Aliás, esta tem sido uma prática recorrente: repetir uma mentira muitas vezes, para que os desavisados a perpetuem como se verdade fosse. Na verdade, não há nenhum centavo do Governo do Estado no atual investimento; os recursos envolvidos são exclusivamente privados, oriundos da integralização dos sócios (empresários locais, em pequena parcela, e Grupo Farias, em maioria absoluta). Isto explica algumas das dificuldades, uma vez que, sem financiamento bancário, tudo é feito com recursos dos próprios empresários e o ritmo do empreendimento não é nem de longe o esperado.

O pior das afirmações, senão das intenções da nota do blogueiro, é dizer que “…jamais uma gota de álcool chegou aos postos do Acre”. Ele sequer apurou a matéria que escreveu, pois basta ir à gerência local da Distribuidora Petrobras e ver o que foi comercializado.

E de se perguntar: a quem interessa que a Álcool Verde não funcione? Por que tanto interesse em prejudicar um empreendimento que já é difícil por si só? Por que não divulgar que se trata de um empreendimento ambientalmente correto, para desespero dos catastrofistas?

Para se ter uma idéia dos prejuízos causados a essa indústria acreana pelo excesso de  licenças que lhe foi imposto, a cana moída nesta safra era cana “trizada”, ou seja, cana plantada há mais de dois anos e não aproveitada em 2008. Nesta situação, a cana envelhece na plantação e fica com muita fibra e pouco caldo, encarecendo o custo operacional da colheita e diminuindo muito o rendimento industrial. Ainda assim foram produzidos quase 1,5 milhões de litros de etanol, como já disse, comercializados pela Petrobras no período de novembro do ano passado a janeiro deste ano.

A Álcool Verde alcançou apenas um primeiro objetivo: botou a usina pra fun-cionar. Tem ainda muitos obstáculos a superar, até atingir o que todo acreano de bom coração deseja: produção de dezenas de milhões de litros de etanol e a conseqüente redução do preço do álcool na bomba.

* Mauro Ribeiro é engenheiro agrônomo e professor da Ufac. Exerce o cargo de secretário de Agropecuária do Governo do Acre.

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