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Mais música

DSC03620Fiquei impressionada com o número de pessoas – de todas as idades e não só jovens – que fizeram a inscrição para os cursos populares e eruditos da Escola Acreana de Música. Elas irão se submeter a um teste de percepção musical (muitas nem sabem o que é isso) para aprender a tocar um instrumento.

A música é a arte mais popular no Brasil, sem dúvida nenhuma. É acessível, está em todos os lugares, bastante democrática, apesar de hoje ainda ser limitada na mídia para apenas alguns estilos. Música está relacionada a lazer, a prazer, a diversão, a sossego. Está tão presente na vida das pessoas que pode ser o começo e o fim de um bom papo. Aproxima e segrega, no caso de posicionamentos mais radicais quando o assunto é a preferência de cada um.

Talvez por isso mesmo, aprender a tocar um instrumento é desejo de muitos jovens pela necessidade de autoafirmação quando podem dizer: “Esse é meu estilo e pronto. Esse sou eu!”. Pode ser também uma rica oportunidade de trabalho. Uma área difícil, exigente e muitas vezes injusta, mas é. A procura de mais de 3 mil pessoas para um pouco mais de 300 vagas para os cursos de música prova que o acreano gosta e quer estar mais próximo da arte. Quer fazer arte, quer conhecer, participar.

Em menor escala, a Usina de Arte levou esse gostinho à boca de jovens e adultos ao oferecer cursos mais específicos de música, artes plásticas, teatro, cinema, vídeo. Há um grande número de consumidores de arte e de pessoas interessadas em aprender e desenvolver qualquer atividade artística.

Pública e gratuita, mas não de graça porque recebe verba recolhida a partir de impostos pagos pelos contribuintes, a Escola Acreana de Música abre um precedente importante na oferta de atividades artísticas destinadas ao povo, a todos. Já pensaram escolas de teatro, de dança, de artes plásticas, de cinema com ampla abertura de vagas, tendo como seleção apenas uma ava-liação sobre as habilidades simples para desenvolver estas atividades?

É o que está acontecendo neste momento com a escola de música. É muito bom imaginar o quanto isso poderia desenvolver ainda mais uma sociedade tão rica culturalmente como a acreana. A cultura é natural, vem de dentro das comunidades, de suas expressões mais simples, mais originais, flutua em todas as camadas sociais e econômicas e ela é quem conduz a produção artística.

Com a promessa de se estender aos bairros com a criação de núcleos, a música no Acre vai ser tornar mais popular do que nunca. Até a música erudita poderá se tornar popular à medida que estará mais perto das comunidades. Torço para que os governos, empresários reconheçam aí uma boa oportunidade e coloquem à disposição os melhores projetos, novas escolas – públicas ou não. Quanto mais melhor.

Golby é jornalista e escreve neste espaço.
Twitter: @golbypullig
Blog: www.golbypullig.com.br

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