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Nunca é tarde

ThiagoJá sei, já sei! Tá saturado de tanto ler e ouvir falar sobre a dengue. Mas se você reclama de estar tão cansado então imagine como se sentem todas as vítimas da doença em 2010 e as centenas que seguem infectados a cada semana deste ano. Pois é, os seus problemas não são piores e nem fazem o dos outros sumir. E ainda há de se convir, meu caro leitor, que a culpa disso não é só de prefeituras, governos, falta de saneamento básico, limpeza pública… Tudo isso o agrava, mas o verdadeiro mal está na passividade de todos nós.

É fácil assistir uma epidemia vencendo a qualidade da Saúde Pública acreana e apontar o dedo para o lado. O difícil é assumir que o seu descuido coloca em risco a saúde e até mesmo a vida de todos a sua volta. A dengue não é uma doençazinha qualquer que você pega e sara rápido. É uma moléstia que pode trazer sérias complicações à saúde e levar até mesmo a morte. Isso mesmo, como diria as propagandas governistas: Dengue Mata!
Não é à toa que 7 (provavelmente 8) pessoas morreram em 2010 por causa dela.   

Contudo, mais do que tentar passar todo santo ano buscando culpados por um problema que é coletivo, o melhor mesmo é saber que nunca é tarde para se redimir. O combate à dengue exige o maior número possível de esforços incessantes, estratégicos e, acima de tudo, quantitativamente conjuntos. O momento atual é grave. E pode ficar ainda pior. Por isso, esta não é a hora certa para mártires, e sim para ‘soldados’ contra a doença.

Se você ainda acredita que esta não é uma ‘guerra’ contra o mosquito, então se pergunte o porquê deste simples insetozinho que você deixa entrar na sua vizinhança é o principal suspeito de ter vitimado 35.529 pes-soas (total de notificações nas unidades de saúde, sem contar as que não são registradas) só em um ano, nesta cidade. Acha pouco?

E que tal saber que este montante significa que apenas em 1 ano a dengue teria atingido cerca 10,88% de toda população da cidade. Equivalente a 1 em cada 10 rio-branquenses ter sido suposto alvo do Aedes aegypti – um mosquito limitado, que mal consegue voar a 0,5m do solo, num raio de extensão de 2,5 Km para hematofagia (alimentar de sangue), não se reproduz sem água limpa, tem hábitos diurnos e só a fêmea dissemina o vírus.

Nesse sentido, mais do que nunca este é o momento de agir contra a dengue, e não ficar caçando culpados (escondidos nos espelho) por ter permitido as coisas chegarem ao nível crítico em que já estão. O maior responsável desta catástrofe é o vetor da doença, logo, é ele que deve ser combatido. Depois sim é que se deve pensar, de fato, o que deve ser feito (seja investimentos em saneamento, limpeza pública, etc) para evitar que novos surtos deste problema que você e todos ao seu redor já não agüentam mais ouvir.

* Tiago Martinello é jornalista. E-mail: sdmartinello@hotmail.com

 

 

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