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Dengue registra queda, mas fecha mais uma semana com 1,9 mil casos

A mega operação do governo e prefeitura começou a mostrar seus primeiros efeitos em cima do quadro crítico da dengue em Rio Branco. De fato, a semana passada (de 9 a 15 de janeiro) contabilizou 1.911 notificações na cidade. Após mais de 7 semanas seguidas apresentando só aumentos intersemanários acima de 113 notificações, a doença enfim teve a sua primeira queda. Contudo, os valores ainda são bem altos, inclusive, ainda encostando nos 2 mil casos, o que prova que esta é a hora de redobrar a atenção aos cuidados preventivos.
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A diferença é de 206 registros a menos (- 9,7%) em relação à semana anterior (no1), que teve 2.117 notificações. Apesar da queda, apenas estas 2 semanas já são suficientes para superar a somatória de notas de todo mês de janeiro de 2010 (cerca de 3,1 mil casos. No ano inteiro, que foi alvo de 2 ciclos de epidemia, a Capital teve 36,5 mil notificações). A desvantagem sobre a 2ª semana do ano passado é de 238, 8% (+ 1.111 notificações).  
O acumulado das 2 semanas deste ano já totaliza 4.028 casos notificados só na Capital.

Esta última baixa também não normatiza, ainda, a freqüência da nova epidemia. Desde o começo de dezembro, a dengue vinha avançando numa média de 141,5 notificações/semana. Como entre a última semana de 2010 e a primeira de 2011 foram 706 registros a mais, o saldo negativo de 206 notas só coloca o ritmo deste ano na média de 500 notas/semana. Caso se mantenha assim, tal pique colocaria a nova epidemia como a pior já sofrida pela cidade. Por isso, é tão importante seguir contendo o ritmo epidemiológico da doença.

Nesse sentido, a Operação ‘Guerra Contra a Dengue’ deve continuar fortalecendo o mutirão de limpeza pública. Até a última semana, mais de 2.355 toneladas de lixos e entulhos já haviam sido retiradas dos bairros de Rio Branco, entre os dias 3 (quando foi deflagrada  a me-ga operação) a 17 de janeiro. A meta é arrecadar mais de 4 mil toneladas até o final do mês. Vale destacar que todo este lixo está saindo direto das áreas de maior infestação do mosquito. A cada semana, as equipes de limpeza visitam um grupo de bairros diferentes.

Na semana passada, o Departamento municipal de Vigilância Epidemiológica e Ambiental registrou como ‘campeões da dengue’ os bairros: Floresta (91 casos); Calafate (85); Estação Experimental (75); Sobral (75); Tancredo Neves (57); Taquari (56); Vitória (50); Placas (47); Montanhês (47); Mauri Sérgio (47); João Eduardo I (45); Santa Inês (44) e Conquista (42). Todos os demais tiveram abaixo de 40 casos. Em outras palavras, os bairros top no ranking ou já estão ou devem ser visitados nas próximas semanas.

A operação também deve insistir na conscientização sobre os cuidados preventivos para evitar a proliferação do mosquito, no aumento das ações de combate direto ao vetor e oferecer recursos cada vez maiores aos 4 centros da rede de Saúde da cidade. A intenção é conter o vetor da doença em todos os sentidos, em especial, no ciclo reprodutivo.  

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Dengue do sorotipo 4 faz primeira vítima no Pará
Não bastasse o susto de sofrer uma epidemia de proporções históricas, o Acre ainda deve se preocupar com outro grave risco. Trata-se do vírus da dengue do sorotipo 4 (ou DENV4), que cada vez mais vem atingindo estados do Norte. No começo desta semana, o quarto vírus da doença registrou o seu primeiro caso confirmado no Pará. A vítima é um idoso de 65 anos, morador de Santarém, parte do Nordeste do PA. Já que ele não esteve nas áreas de circulação do DENV4, significa que ele foi infectado no próprio Estado.

O caso foi ratificado pelo laboratório nacional mais especializado no assunto, o Instituto Evandro Chagas (IEC), de Belém. Com a confirmação, o sorotipo 4 da dengue já prova que se reergueu de vez do ostracismo (vale ressaltar que o Brasil já tinha erradicado tal vírus, que passou 28 anos sem registros) e começa a estender o seu campo territorial.

A volta do DENV4 aconteceu em Boa Vista/Roraima, em agosto do ano passado. Hoje, aquele Estado já tem mais de 18 confirmações. O Amazonas, que registrou seu 1º caso há 2 semanas, já tem mais de 10 suspeitas. Rondônia também já teve as suas primeiras suspeitas, sem confirmação. O Acre ainda não teve nem confirmações e nem suspeitas.

A dengue 4 é bem semelhante aos outros 3 sorotipos já circulantes no país. Entretanto, a nova disseminação deste novo vírus representa mais riscos à população. Isso porque não há pessoas imunes ao DENV4 – quem já pegou dengue 3 vezes, pode vir a contrair o 4º tipo. Também, a cada nova infecção os riscos da doença ser mais grave são maiores. 

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Casos mais graves devem ser notificados em menos de 24h
Para agilizar o tratamento e corrigir falhas no acompanhamento, o Ministério da Saúde (MS) anunciou portaria determinando que casos graves (hemorrágicos ou complicados) e de mortes por suspeitas de dengue devem ser notificados no prazo de 24h. O esquema é semelhante ao que já vem sendo adotado com a DENV4, desde outubro passado. 

Tal medida visa manter o MS mais atualizado sobre a real situação da dengue no país, a fim de traçar ações de controle mais efetivas em cada área necessitada. Com mais transparência nas notificações (feitas pela internet), serão empreendidos esforços mais enérgicos e até correções no assistencialismo prestado às vítimas graves. O objetivo é reduzir o número de vítimas fatais da dengue. Só no ano passado, suspeita-se que tenham sido quase 600 mortes em todo Brasil  (bem acima do tolerado pela ONU).

Com a nova regra,o MS também deve acelerar a criação do sistema atualizado para o monitoramento de casos de dengue. Conforme anunciou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tal sistema deve entrar em funcionamento já a partir desta semana. Ele foi apresentado ontem aos secretários de Saúde de 16 estados cujos índices de infestação de dengue são altos. Quando for finalizado, o mecanismo terá um website – Dengue On-line – para tornar os dados da doença acessível.  

A portaria ainda deve ser divulgada no Diário Oficial da União, nos próximos dias.    

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