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Indígenas completam 63 dias acampados na Funasa frustrados com acordo descumprido

Os índios que ocupam a sede local da Funasa (Fundação Nacional do Índio) completam hoje 63 dias de acampamento no local. Os indígenas deflagraram o manifesto no início de novembro, como forma de protesto aos descasos na manutenção da Casa do Índio (a Casai). O ato ganhou adesão de entidades pró-nativas e se transformou no Movimento Indígena Unificado (MIU). Entretanto, para resumir estes 2 meses de luta, infelizmente a palavra mais adequada é a ‘frustração’ quanto ao acordo firmado para resolver os problemas.
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O acerto foi estabelecido desde o dia 10 de dezembro, através de audiência com o MPF, governo e uma equipe especial da Sesai (nova secretária que assumirá os deveres locais da Funasa). Cada um se responsabilizou por atender parte das exigências dos índios até 17/12, prazo estipulado pelo juiz do caso. A satisfação foi tanta com os pontos acertados que os caciques até retornaram às suas aldeias, reduzindo o acampamento de 35 para os 15 índios que estão lá atualmente. Só que até agora nem todos teriam cumprido o trato.

De acordo com Alberto Kaxinawá e Aldenira Cunha, ambos da Federação do povo Huni Kui do Acre (Fepac), até o momento quase nada do acordo foi concretizado. E as poucas providências tomadas só foram possíveis graças ao Governo do Estado (gestão de Binho Marques) e de doações da sociedade civil. Os dois acusam a Funasa de ainda não ter feito nenhum esforço para desempenhar o seu papel para a melhoria da estrutura e funcionamento da Casai.

“A casa abriga hoje cerca de 170 internos, mas só possui estrutura adequada para até 60 índios. Assim, todos acabam sofrendo com tal despreparo. Prometeram que resolveriam as coisas, mas até agora não fizeram nada. A Casai precisa de reformas, mais celeridade no agendamento e encaminhamento das consultas, dormitórios decentes e 2 vans para o transporte. Enquanto isso não chega, os índios de lá estão sofrendo”, afirmou Alberto.

Caso os reparos na Casa do Índio não sejam iniciados nos próximos dias, os 2 membros da Fepac adiantaram que os caciques indígenas já prometeram voltar para reacender os manifestos. O grupo acampado na Funasa também está ansioso para reabrir a questão na Justiça a partir do próximo dia 10, assim que a Defensoria Pública e o MPF voltarem do recesso de final de ano. A esperança é fazer com que o acordo seja cumprido.

Além das melhorias na Casai, o MIU visa garantir que os interesses reais dos índios do Acre sejam atendidos na transição da Funsa para a Sesai (Secretaria Especial da Saúde Indígena). Foi montada até equipes de transição para garantir maior acessibilidade para o novo órgão. O grupo está fazendo reu-niões constantes para debater o tema e deve até promover um encontro regional para traçar um novo planejamento à Saúde Indígena.
O movimento reúne as etnias de todo o Estado.     

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