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Preço do peixe se iguala ao da carne na capital acreana

A dona-de-casa Silvia Nascimento tem que usar a criatividade para levar à mesa da sua família uma refeição de qualidade, mesmo depois de sentir no bolso o impacto com o aumento no preço da carne e do peixe dos últimos meses. Para alimentar 4 pessoas, ela alterna os produtos, mas faz a sua escolha pelo cardápio. “Já que está o mesmo preço, prefiro o peixe que é mais gostoso, mas está bem caro”. Ela se refere aos peixes de couro encontrados somente nos rios mais caudalosos do Estado, que chegaram na última semana do ano a R$ 21, o quilo.
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No mercado municipal Elias Mansour, peixes como jundiá, jundiá-manteiga, filhote, pintado e dourado, por exemplo, custam entre R$ 17 e R$ 18, o quilo.
O feirante Raimundo Nonato da Silva, acostumado a comercializar em torno de 300 quilos de pescado, reconhece que as vendas caíram na primeira semana de janeiro em relação às últimas semanas do ano devido ao preço. Aumento de insumos como combustíveis, frete e gelo encarecem o produto. “No fim do ano, as vendas foram boas por causa das festas, mas depois caiu”, diz.

Já os peixes da região e os de escama, criados em açudes de municípios produtores como Bujari, Senador Guiomard e Rio Branco, têm o preço bem mais em conta e normalmente tabelado entre R$ 6 e R$ 8, o quilo. Uma vez por mês o Cea-sa realiza uma feira em que grandes e pequenos produtores abastecem o mercado varejista com cerca de 5 mil quilos de piaus, curimatãs, tambaquis e pacus. Para o gerente técnico do Ceasa, Jandson Rodrigues da Silva o aumento no preço da carne puxou também para cima o preço do peixe. Uma reunião prevista para ser realizada ainda no mês de janeiro deverá abordar o preço dos pescados produzidos em açudes do Estado.

Na casa do pedreiro Sebastião Ferreira, onde moram oito pessoas, o preço do peixe não altera a preferência da família. Natural de Ipixuna, ele diz que ninguém abre mão de pescados nas refeições e leva quatro quilos do produto. “Lá em casa é assim: para cada quilo de carne, um quilo de peixe. Se aumentar, a gente come mesmo pesando no bolso”.

Já as partes mais nobres da carne bovina estão sendo vendidas em açougues e supermercados pelo mesmo valor. Aumento do consumo interno de carne e nos países emergentes é um dos fatores que ocasionam a elevação dos preços, pressionado pela diminuição da oferta de bois para abate decorrente da crise de preços verificada pela pecuária nos últimos 3 anos, segundo justifica o presidente da Federação da Agricultura do Acre (Faeac), Assuero Veronez.

“A alta de preços é resultado da velha ‘lei da oferta e procura’. Num cenário de diminuição de produção e aumento do consumo a tendência natural é aumento do preço. Devemos nos lembrar que no Acre ainda temos a carne mais barata do país e com uma qualidade excelente e que o pecuarista não tem controle sobre o preço da arroba. Não é ele quem faz o preço do boi. Quem faz o preço é o mercado”, diz Veronez.
O preço cobrado por carnes como alcatra, filé, chã de dentro, agulha e pá sem osso estão entre R$ 14 e R$ 18.

 

 

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