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Acre fica mais perto da China após a visita do seu embaixador

O governador do Acre, Tião Viana (PT), demonstrou, já no princípio da sua gestão, estar mesmo empenhado em melhorar a economia do Estado. Ontem, recebeu a visita do embaixador da China, Qiu Xiaoqi, e sua esposa, a embaixatriz, Liu Min. Além da conversa reservada no gabinete do governador, o diplomata chinês conheceu as instalações da Madeireira Triunfo e depois almoçou no Palácio Rio Branco.
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O representante do país detentor da segunda maior economia do planeta revelou interesse em fazer negócios com o Acre. “Este é um Estado de muito futuro por estar no coração da Amazônia e localizado no centro da América do Sul. As suas facilidades geográficas de acesso ao Pacífico são atraentes. Existem muitas potencialidades para a nossa cooperação econômica. O Acre tem recursos naturais muito importantes e um povo trabalhador. Existem muitas possibilidades de intercâmbio comercial. Esse é o objetivo da minha visita”, afirmou Qiu Xiaoqi.

Depois o diplomata fez uma retrospectiva do crescimento das atividades comerciais entre o Brasil e a China. “Nós tivemos nos últimos anos um rápido desenvolvimento da nossa economia e como conseqüência as nossas relações econômicas e comerciais com o Brasil se encontra num período de prosperidade. A partir de março de 2009, a China, se tornou o primeiro parceiro comercial do Brasil. No ano passado o valor total de comércio bilateral entre os países chegou aos 60 bilhões de dólares. A China também foi o primeiro destino para as exportações brasileiras e o segundo das suas importações. Desde o ano passado a China foi o país que mais investiu no Brasil”, garantiu o diplomata.

Madeira tropical, objeto do desejo chinês
Pelas declarações do diplomata fica claro que o seu país tem interesse na produção madeireira acreana. “Nos últimos anos a China está fazendo uma construção massiva de infra-estrutura e casas populares. A madeira é uma matéria-prima muito importante para a construção e a fabricação de móveis. Aqui tem recursos muito grandes. Claro que temos muita atenção na questão da desflorestação. A cooperação entre os dois países tem que considerar a necessidade do comércio e a preservação do meio-ambiente. Temos que fazer uma análise e um estudo científico mais profundo para harmonizar os dois fatores, comércio e preservação ambiental”, ponderou.

Estrada do Pacífico e Ferrovia Transcontinental
Qiu Xiaoqi admite que a nova rodovia que liga o Acre aos portos do Pacífico, no Peru, é atraente para o comércio bilateral. “Tenho uma informação de que se o comércio entre os dois países sair pelo Acre através de algum porto do Peru economizaremos 14 dias de transporte marítimo. Isso significa uma diminuição muito grande dos custos de transportes que será atrativo para os empresários de exportação e importação”, disse ele.

No entanto, o embaixador revelou que o transporte ferroviário poderá ser ainda mais decisivo no processo comercial. “Acho necessária a construção de uma estrada de ferro para unir os oceanos Atlântico e Pacífico. Nesse aspecto temos uma possibilidade de ajudar. Desde o ano passado temos uma missão chinesa que se dedicou ao projeto de uma estrada de ferro que unirá as costas dos dois oceanos passando pela Amazônia. Inclusive pelo Acre e Rondônia”, explicou.

O governador Tião Viana também se referiu ao projeto da Ferrovia Transcontinental co-mo um fator preponderante para o desenvolvimento do Estado. “Já acompanho há alguns anos o debate da Ferrovia Transcontinental. Saí e Macaé (RJ) passa por Minas vai para Uruaçu (GO) chega à Vilhena (RO) e se desloca pelo Acre até a fronteira com o Peru, na região de Ucayali. Essa ferrovia melhorará a nossa base de transporte modal”, argumentou.

O governador lembrou ainda que o projeto, inclusive, foi debatido pelo senador eleito Jorge Viana (PT) durante a recente campanha eleitoral. “É um sistema de transporte que tem vínculo com a preservação ambiental, inteligente, econômico com longo prazo de estabilidade. O custo é maior na sua implantação, mas o retorno é imediato a partir do sexto ano. Como a China tem experiência no transporte ferroviário isso nos atrai, embora a nossa realidade atual seja a Rodovia Transoceânica nos ligando ao Pacífico”, completou.

Avaliação do encontro
O governador acreano destacou a importância da presença do embaixador no Acre. “Essa visita abre a possibilidade ao Estado de consolidar uma política estratégica nas suas relações comerciais e preservar um modelo de desenvolvimento sustentável que é o nosso guia. Vamos estudar desde os produtos florestais e tropicais, como a castanha e as frutas, ao peixe. Eles oferecem a oportunidade de intercambio de tecnologia e de apoio comercial. Tudo isso converge para o nosso projeto de industrialização. Foi um encontro proveitoso que reflete uma esperança para nós acreanos devido à nossa posição geográfica em relação ao mundo. Até o século XV nós tivemos o Oceano Índico como o grande centro comercial do planeta, depois foi o Atlântico e, possivelmente, agora é a hora do Pacífico. E o Acre tem uma posição privilegiada em relação à costa do Pacífico”, finalizou.

Investimentos em infra-estrutura
O embaixador sinalizou com a possibilidade de investimento na melhoria da infra-estrutura dos estados brasileiros. “Temos uma orientação de trabalhar para ajudar na infra-estrutura. Nos últimos dois anos a China está fazendo muito preparativos para participar da licitação dos trens de alta velocidade entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. Isso é um investimento muito grande no Brasil. E nós temos a capacidade de construção para infra-estruturas gigantescas. As nossas condições financeiras podem apoiar nossa participação nesses projetos. Somente nos últimos seis anos na China se construiu 7500 Km de linhas para trens de alta velocidade. Até 2013 vamos aumentar para 13 mil Km. É a maior malha ferroviária de alta velocidade do mundo. Queria demonstrar com isso que o nosso país tem as condições necessárias para participar das construções infra-estrutura brasileira que é um país emergente empenhado em melhorar a sua infra-estrutura para acelerar o seu desenvolvimento”, salientou.

Potencialidades comerciais
Apesar de se tratar de um país socialista, Qiu Xiaoqi, delegou aos empresários dos dois países a concretização dos negócios. “Existem possibilidades em diversos campos à exploração de potencia-lidades. Mas temos que fazer conjuntamente com os empresários. Os negócios devem acontecer através deles. Quero trabalhar para aproximar os empresários para sentarem à mesa e explorar as possibilidades de negócios”, garantiu.

Nesse sentido, o embaixador lembrou a visita no ano passado do, então, senador Tião Viana à China liderando um grupo de empresários acreanos. “O governador nos visitou com uma missão empresarial e parece que colheram muitas informações sobre essa cooperação”, recordou. Por outro lado, Tião Via-na lembrou de que se a China comprar 1% da madeira do Acre para o consumo das suas casas populares em construção haveria uma aceleração econômica no setor. “Talvez a gente nem dê conta de atender a demanda de tão grande que é”, falou Tião Viana.   

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