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Acre renova deputados em 50% e senadores em 100%, no congresso

A partir do dia 1° de fevereiro deste ano, oito deputados federais eleitos e reeleitos e os três novos senadores da República pelo Acre serão empossados em Brasília. Haverá renovação de 50% nas cadeiras ocupadas na Câmara Federal e 100% no Senado. Até 2006, a Frente Popular do Acre (FPA) conquistou seis das oito cadeiras na Câmara Federal. Dois anos depois, nas eleições municipais, Sérgio Petecão (PMN) anunciou sua saída para integrar um grupo de oposição.
Federais
Já em 2010, com o resultado das urnas, esse número caiu para cinco, gabinetes que serão ocupados por Perpétua Almeida (PCdoB), Gladson Cameli (PP), Henrique Afonso (PV), Sibá Machado (PT) e Taumaturgo Lima (PT).

Na esfera federal, quatro dos cinco deputados carregam experiência de atuação no Congresso Nacional.

Perpétua Almeida assumirá o terceiro mandato, sendo conhecida como uma das deputadas mais atuantes do estado e com forte penetração nos mais diversos setores da sociedade. Uma de suas atuações de maior destaque está relacionada aos ex-guardas da antiga Sucam contaminados por DDT.
Gladson Cameli, o mais jovem deputado federal do Acre e o terceiro da Região Norte, tomará posse do seu segundo mandato e tornou-se conhecido politicamente pelo esforço concentrado nas causas de interesses sociais, sobretudo na defesa dos consumidores de energia elétrica e clientes de aviação civil.

Henrique Afonso destacou-se nacionalmente por defender e não abrir mão de princípios bíblicos relacionados à prática do aborto e do casamento entre homosse-xuais. Suas ações também estão concentradas em áreas sociais como apoio a casas de recuperação de dependentes químicos.

Sibá Machado ocupou por quatro anos a vaga da senadora Marina Silva enquanto ela conduzia o Ministério do Meio Ambiente no primeiro mandato de Lula. Sibá tem forte atuação em órgãos federais e na área de produção agrícola por meio do incentivo às cooperativas de trabalhadores rurais.

Taumaturgo Lima é o único estreante de situação na Casa, mas entra com a experiência de dois mandatos de deputado estadual na Assembléia Legislativa do Estado (Aleac). Suas bandeiras para o parlamento federal ainda não são conhecidas.

Dos deputados de oposição, Márcio Bittar (PSDB) retorna à Câmara Federal pela segunda vez e é conhecido como uma das maio-res lideranças políticas do Estado. Já foi deputado estadual e candidato a prefeito de Rio Branco, governador e senador pelo Acre.

Única mulher eleita pela oposição, Antônia Lúcia Câmara (PSC) assume a cadeira na Casa pela primeira vez. Ela é esposa do também deputado federal Silas Câmara (PSC), com larga expe-riência parlamentar.

Flaviano Melo (PMDB) foi reeleito deputado federal e exercerá o seu segundo mandato parlamentar. Flaviano já foi governador do Acre, senador e prefeito de Rio Branco.

Perfil dos deputados federais do Acre
Perpétua Almeida
– 45 anos, acreana de Porto Walter, professora. Ex-presidente do Sindicato dos Bancários, onde realizou trabalho atuante frente à categoria, defendendo direitos trabalhistas e realizando campanhas salariais, o que lhe rendeu visibilidade política. Vereadora  popular do PCdoB de Rio Branco, integrou a oposição  aos governos da época. Eleita deputada federal mais votada nos pleitos de 2002 e 2006, sendo reeleita em 2010 para mais quatro anos na Câmara Federal. Faz parte da base aliada dos governos estadual e federal.

Gladson Cameli – 32 anos, acreano de Cruzeiro do Sul, engenheiro civil e empresário. Integrante de família tradicional do Juruá, é sobrinho do ex-governador  Orleir Cameli. Eleito em 2006 pelo PP, um dos deputados federais mais novos da Câmara dos Deputados, faz parte da base aliada do governo. No mandato, teve atuação voltada  para as comunidades tradicionais como pescadores, ribeirinhos, pequenos agricultores, seringueiros e na luta contra os aumentos de tarifa elétrica. Foi reeleito em 2010 com o dobro dos votos alcançados na primeira votação.

Flaviano Melo –  61 anos, acreano de Rio Branco, engenheiro civil. Filho do ex-deputado estadual Raimundo Melo, político tradicional e fundador do PMDB no Estado. Flaviano Melo foi inicialmente indicado para a Prefeitura de Rio Branco, onde alavancou sua carreira política. Eleito governador, deu ênfase para a habitação, sendo reconhecido até hoje. Eleito, em seguida, senador, voltou, anos mais tarde, a ser prefeito de Rio Branco, desta vez pelo voto direto. Considerado um dos líderes da oposição no Acre, em 2006 foi eleito para Câmara dos Deputados e reeleito em 2010.

Henrique Afonso – 47 anos, acreano de Cruzeiro do Sul, professor. Militante estudantil, foi vereador de Cruzeiro do Sul pelo PCdoB. Trabalhou como  sindicalista ligado ao Movimento dos Sem-Teto.Considerado o criador da chamada Universidade da Floresta, uma extensão da Ufac em Cruzeiro do Sul, foi eleito deputado federal pelo PT  em 2002 e 2006 e   agora reeleito em 2010 pelo PV. Ligado fortemente ao grupo dos evangélicos, foi combatente intransigente da legalização do aborto e do casamento entre gays. Apoiou sua hoje correligionária Marina Silva à Presidência da República.

Sibá Machado – 52 anos, piauiense de União, geógrafo. Ligado inicialmente à Igreja Católica, freqüentou grupo de jovens e trabalhou no Sindicato Rural de Prainha, no Pará. Em seguida, fixou residência no Acre, onde se filiou ao PT. Trabalhou na Comissão da Pastoral da Terra (CPT) e foi nomeado secretário de Extensão Rural do primeiro mandato do governo de Jorge Viana. Suplente de Marina Silva em 2002, assumiu o Senado quando a  titular assumiu o Ministério do Meio Ambiente no primeiro e parte do  segundo governo de Lula. Em 2010, conseguiu no voto a vaga para a Câmara dos Deputados.

Márcio Bittar– 47 anos, sul mato-grossense de Campo Grande, empresário rural. Ligado inicialmente ao PMDB, foi deputado estadual reeleito pelo partido na Aleac, onde conseguiu derrubar o voto secreto nas decisões da Casa e instituiu a meia-entrada para estudantes. Eleito deputado federal, foi para o PPS de oposição. Em seguida, tentou o Senado Federal, Governo do Estado e Prefeitura de Rio Branco, sem lograr êxito. Agora, no PSDB, volta à Câmara dos Deputados como o candidato mais votado do Acre e o segundo mais votado no Brasil em termos proporcionais.

Taumaturgo Lima– 53 anos, acreano de Cruzeiro do Sul com formação superior. Ex-deputado estadual pelo PT, foi primeiro-secretário da Mesa Diretora da Aleac. Irmão de Mâncio Lima – ex-presidente do Basa e secretário da Fazenda dos governos Jorge Viana, Binho Marques e agora de Tião Viana -, Taumaturgo Lima faz parte do primeiro escalão de apoio do governo atual na Câmara dos Deputados. Juntamente com Sibá Machado, Henrique Afonso, Perpétua Almeida e Glad-son Cameli, vai compor a linha de frente parlamentar do governo Tião Viana em Brasília.

Antônia Lúcia –  40 anos, acreana de Senador Guiomard, economista e empresária. Proprietária de estações de rádio e televisão e líder espiritual do ramo evangélico, Antônia Lúcia é filiada ao PSC. Esposa do deputado federal Silas Câmara, do PSC do Amazonas, a deputada eleita enfrenta uma série de processos eleitorais por acusações que vão de compra de votos, distribuição de bens à formação do chamado “caixa dois”. Diversas vezes candidata à vaga, a missionária Antônia Lúcia conseguiu em 2010 ser eleita pela oposição em 8° lugar com 15.849 votos.

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Senado: renovação em 100%
Jorge Viana (PT), Aníbal Diniz (PT) e Sérgio Petecão (PMN) ocuparão a partir do dia 1° de fevereiro as vagas deixadas por Marina Silva (PV), Tião Viana (PT) e Geraldo Mesquista (PMDB).

Jorge Viana, que foi governador do Acre por dois mandatos e é considerado a maior liderança política do Acre, pode ocupar logo após sua posse como senador da República a vice-presidência do Senado mediante indicação do PT nacional.

Aníbal Diniz assumiu a vaga deixada por Tião Viana e tem ressaltado em seu discurso o objetivo de fazer um trabalho digno da confiança e do respeito que a população acreana tem depositado no projeto de desenvolvimento da FPA para o Acre desde que a agremiação assumiu o poder político do Estado.
Já Sérgio Petecão ocupa o mesmo espaço deixado por Geraldo Mesquita, que, mesmo eleito pela FPA, passou a integrar o bloco de oposição ao Governo Federal e estadual no Senado da República.

Em síntese, a transformação do tabuleiro político acreano manteve praticamente o mesmo espaço de antes na bancada federal, principalmente no Senado da República, no qual a FPA manterá duas cadeiras e a oposição, uma.

Jorge Viana – 51 anos, natural de Rio Branco, engenheiro florestal. Inicialmente vinculado à Funtac (Fundação de Tecnologia do Estado do Acre), Jorge Viana primeiramente se lançou ao governo em 1990, mas não obteve sucesso. Logo depois, em 1992, vence para a Prefeitura de Rio Branco, onde inova com medidas saneadoras. Em seguida, chega ao Governo do Estado, conseguindo se reeleger por ampla maioria. Elege seu sucessor, Binho Marques, mas fica quatro anos sem mandato por opção própria. Agora, chega ao Senado com 204.695 votos. Ao lado do irmão, o governador Tião Viana, representa a liderança oficial de governo.

Aníbal Diniz – 48 anos, natural de Campo Mourão (Paraná), jornalista e bacharel em História. Tradicionalmente ligado à imprensa como repórter ou editor, Aníbal Diniz trabalhou em jornais, rádios e tevês do Acre, sempre vinculado ao PT. Foi secretário de Comunicação na Prefeitura (administração Jorge Viana), em ambos os governos Jorge Viana e finalmente junto a Binho Marques. Sempre atuou na assessoria mais próxima dos irmãos Viana e ao núcleo do poder do PT acreano. Suplente do senador Tião Viana em 2006, assume agora sua cadeira no Senado Federal para quatro anos de mandato com a chegada de Tião Viana no governo do Estado. (Silvânia Pinheiro e Domingos Sávio, de Brasília)

Sérgio Petecão – 50 anos, natural de Rio Branco, contabilista. Eleito deputado estadual em 1994 pelo PMN, Petecão rompeu com o governo da época que ajudou a eleger. Reeleito em 2002 e 2006, foi escolhido presidente da Aleac por quatro mandatos consecutivos (oito anos), fato até então inédito. Em 2006, é eleito o deputado federal mais votado na capital e o segundo no Estado. Em 2008, candidata-se uma vez mais à Prefeitura de Rio Branco, e por muito pouco deixa de ir ao segundo turno. Em 2010, concorre a uma cadeira do Senado Federal e ganha por exatos 199.405 votos. É conhecido por sua enorme popularidade em todas as camadas da população. E considerado um dos principais líderes da oposição. (Silvânia Pinheiro e Domingos Sávio, de Brasília, da Agência ContilNet)

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