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Perpétua: “faltou articulação para sancionar o 13º dos soldados da borracha”

Apesar do veto presidencial ao projeto que garantia o décimo terceiro salário aos Soldados da Borracha, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), acredita na reversão da situação. Ela mesma é filha de um seringueiro que veio do Nordeste para ajudar no esforço de guerra nos anos 40. “Fiquei triste pelo meu pai e por centenas de outros trabalhadores. Foi a minha irmã que me deu a notícia quando ainda estava viajando pelo Peru”, lamentou.
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A deputada acreana explica o que aconteceu para a presidente Dilma Rousseff (PT) não sancionar o projeto, de autoria do deputado Mauro Nassif (PSB/RO). “Faltou articulação. Quando se aprovou o projeto nas comissões da Câmara e do Senado, conversei com o seu autor e pedi para ele segurar a apresentação para só depois da retomada dos trabalhos parlamentares. A idéia era ir com toda a bancada Amazônica até a presidente Dilma, para explicar a ela do que se tratava. Nem ela e nem ninguém que não mora na Amazônia entende o que é um soldado da borracha”, ponderou.

A triste situação dos soldados da borracha
Perpétua conhece de perto a realidade desses imigrantes que vieram à Amazônia durante a II Guerra Mun-dial. “Cheguei a conversar com o atual presidente da Câmara e candidato à reeleição, deputado, Marcos Maia (PT/RS), sobre o assunto. Pedi dele o compromisso para aprovar o projeto. Isso não é bandeira política, até porque o projeto nem é meu, mas comprei a briga. Como no caso da PEC da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) que desengavetei e fui relatora. É muita injustiça os pracinhas da FEB receberem R$ 7 mil  e os soldados da borracha, que foram trazidos à Amazônia apenas, ter apenas 1 salário mínimo que não dá nem para pagar a medicação. Acredito que a rejeição foi devido à desinformação do Congresso e do resto do Brasil”, disse ela.

Reversão
Como o projeto do deputado rondoniense foi vetado, Perpétua sugere que a bancada do Norte consiga os benefícios aos soldados da borracha através de uma PEC. “O 13º só pode ser revertido com outros projetos que têm na Casa, como a PEC que aumenta o salário dos soldados da borracha que inclui o 13º. Mas é preciso haver uma articulação política maior para conseguir aprová-lo e depois sancioná-lo. Só com a união de todos os deputados e senadores do Norte conseguiremos avançar neste tema. Vamos marcar audiências com presidente da Câmara e do Senado. O Acre é o Estado onde se concentra a maioria dos soldados da borracha e só com a nossa bancada toda envolvida conseguiremos ajudar”, garantiu.

Mudanças no mandato
Mesmo com o reconhecimento de ser uma das deputadas mais atuantes da Câmara, Perpétua, quer fazer modificações no seu mandato. “Tudo que vira rotina é ruim e num mandato político é um perigo se isso acontecer. É preciso sempre estar inovando. Tenho consciência que se não inovar vou cair na rotina. Uma das coisas que vou fazer é me  aproximar mais das pessoas. Depois de participar do curso da Amana-Key, a convite do governador Tião Viana (PT), consegui ter uma nova visão sobre o espírito de companheirismo. Somos representantes do povo e quanto mais distantes menos representamos as aspirações das pessoas”, salientou.

 A deputada explicou as ações que pretende implementar na sua atuação parlamentar.  “No meu mandato de vereadora costumava ir para o terminal pegar ônibus para visitar os bairros da cidade. Vou voltar a fazer isso. Às vezes a gente se consome pela correria do mandato e deixa de fazer coisas que tem uma importância enorme para a sociedade. A partir do dia 15 de fevereiro todo mundo vai saber que peguei um ônibus no terminal e fui para os bairros da periferia para saber o que estão pensando do nosso trabalho, da nossa prefeitura, do nosso governo e da presidente Dilma. Quando a gente anda com as pessoas percebe o que passa pela cabeça delas. Lembro da briga das espingardas. Estava fazendo uma viagem pela BR-364 para Cruzeiro do Sul e ouvi que estavam enterrando as espingardas com medo da polícia tomar. Foi aquele contato que me fez agir para resolver o problema. As melhores ações do meu mandato vêm das minhas andanças. Quero uma aproximação maior com as pessoas para saber se estou realmente representando-as”, ponderou.
Indagada se as mudanças que pretende fazer são resultado da leitura das urnas, em 2010, a parlamentar responde: “A gente que está na política não pode desconhecer o resultado eleitoral. Sabemos que parte do resultado da FPA nas eleições 2010 foi decorrente do nosso distanciamento da população como um todo. O governo e as lideranças políticas estavam distantes. Está na hora de fazermos o caminho de volta para chegar mais perto das pessoas”, apregoou.

Dilma e a Amazônia
O veto ao projeto demonstra que a presidente Dilma ainda não está inteirada da realidade amazônica. “É preciso que os parlamentares e os governadores da Amazônia façam gestões de aproximação da presidente Dilma à nossa realidade. É preciso contar a história dos soldados da borracha para ela e falar de outros temas que envolvam a nossa cultura. Acho que as mulheres são movidas à emoção e ela também. Claro que como presidente será exigido dela mais do que emoção para tomar decisões. Mas vejo que a dificuldade na sanção do projeto foi também pelo fato de não apontar as saídas financeiras. Ela pode ter vetado apenas por esse motivo. Mas para o sucesso de outros projetos que envolvam a realidade da região Norte é preciso muita articulação”, argumentou.

Avaliação da prefeitura de Rio Branco
Questionada sobre a atual gestão municipal na Capital, Perpétua, se mostra insatisfeita com os resultados. “A gente tem que melhorar muito. Acho o Angelim uma pessoa sensível e extremamente dedicada. Reconheço um esforço pes-soal dele, mas acho que a nossa administração está acomodada. As lideranças políticas, a turma que está à frente das repartições públicas, das secretarias e o pessoal com DAS estão acomodados. Precisamos dar uma sacudida na nossa turma, perceber e enxergar onde estão os problemas. Às vezes a questão é de um simples atendimento à população. No dia que fomos inaugurar a Oca eu disse que era uma das coisas mais belas do Acre. Mesmo no Brasil se tem poucos prédios com essa estrutura. Mas se as pessoas que entrarem na OCA não forem bem atendidas e respeitadas todo investimento não terá valido a pena”, afirmou.

A mudança de atitude na gestão municipal, segundo Perpétua, já começou com a entrada de um novo governo no Estado. “É preciso dar mais atenção desde a família em que alguém contraiu a dengue até a um atendimento numa repartição pública. Mas acho que o Tião Viana começou o governo de uma maneira que acordou todo mundo. Ele tem um astral que faz com que a gente coloque o pé na estrada e diga que começou tudo de novo. É como se fosse um novo momento que estamos vivendo no Acre. É uma continuidade do trabalho da FPA. Mas com o Tião não tenho a sensação da continuidade, mas de algo novo que está cada vez melhor”, finalizou. 

Candidatura para prefeita da Capital
Perpétua Almeida tem falado para os amigos que não quer ser candidata em 2012. “No Acre a gente respira política. Fecha as urnas e o povo já está discutindo a próxima eleição e quem vai ser candidato. Já tem gente se preparando para a campanha de vereador e de prefeito. Acho que estamos num momento do Acre, principalmente a FPA, de se preocupar menos com quem vai ser candidato e muito mais com a nossa atual gestão. Temos que bater cabeça sobre como estamos trabalhando e o povo avaliando a nossa administração. Devemos nos preocupar mais com a nossa forma de atuar, cuidar das pessoas, ver se estamos cumprindo as nossas promessas de campanha. Isso é melhor do que se preocupar com quem vai ser candidato”, destacou.

 

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