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Água, um bem de poucos

CLAUDEMIR-MESQUITA---FA estatística da população que contraiu doenças por ingestão de água contaminada no Estado, ainda é incipiente, acredita-se que durante as últimas quatro décadas 80 mil acreanos foram contaminados. Se olhar para o Rio Acre vai perceber como a mão humana está contribuindo para aumentar o envenenamento nas águas e com sérias ameaças a vida, de modo geral, e em especial, a vida humana e, sobretudo, dos indivíduos que dependem diariamente dos rios para suprir o sustento da família.

Uma vez degradado, os ambientes aquáticos, especialmente os rios, não são vistos pelos pelo olhar verde do poder, e nem merecedor da mesma atenção que é dado a agropecuária. Este ao apresentar sintomas do tipo, contaminação por brucelose, o Estado se mobiliza e erradica, em pouco tempo, o foco da doença. Em se tratando de alteração dos parâmetros do ciclo hidrológico a agropecuária contribui com  60% das atividades que geram mudanças no meio ambiente e 40% dos fazendeiros usam indiscriminadamente agro-químicos que de uma forma ou de outra, vão contaminar as águas, pelo escoamento gravitacional.

Ainda assim a cadeia produtiva do setor agropecuário recebe incentivos memoráveis dos governos através da política de incentivo ao financiamento com baixíssimas taxa de juros, além do cancelamento de dívidas e infrações cometidas no passado, contam ainda, com a condescendência das autoridades para reparar os crimes ambientais, especialmente, aqueles cometidos contra o direito a vidas dos seres vivos que habitam os ecossistemas aquáticos. O olhar fixo para a produção da agropecuária sem considerar a conservação e a manutenção do ciclo das águas na superfície do planeta, dificulta seriamente alcançar o compromisso que assumimos com a sociedade para garantir à presente e as futuras gerações a plena sustentabilidade ambiental.

Como os problemas afetos aos ambientes aquáticos, de maneira geral, são de dimensão regional, a preo-cupação parece se dissipar, em grande parte, pela sensação de infinidade de estoque de água. O mesmo não se pode dizer em relação à floresta ou a proteção dos animais. Esses sistemas ambientais quando são acometidos ou ameaçados recebem imediatamente um tratamento resolutivo, nada mais justo. Já para os recursos hídricos e a proteção dos ecossistemas aquáticos, a dose dos medicamentos são ministrados pelas costas do varejo, muito embora, o meio ambiente seja um complexo vital sustentável que deve ser considerado, inclusive, a proteção do ciclo biológico dos microorganismos.    

* Claudemir Mesquita é  geógrafo especialista em planejamento  e uso de bacias hidrográficas.

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