Representantes de sete etnias do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia impediriam ontem que o chefe do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena do Alto Rio Purus (DSEI/ARPU), Raimundo Alves Costa, entrasse no prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Portando cartazes “Fora Costa”, eles reivindicam a imediata exoneração.
O movimento, que já duram 110 dias, recebeu, na última sexta-feira, um reforço com a chegada de cerca de 50 líderes indígenas. “Ele está agindo com inverdades, tentando dividir a gente, fomentando a centralização das ações do DSEI ARPU”, disse um dos líderes do movimento, Ninawá Huni Kui. “Ele desrespeita as nossas lideranças e cultura”, acrescentou.
No mês passado, os índios pediram, em documento ofi-cial, a exoneração de Costa. O secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, também em documento ofi-cial, negou o pedido. “Desde a reunião com secretário nacional que agente pede a saída dele”, disse o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Alto Purus (Condisi), Antonio José da Silva Apurinã.
Acompanhados há 110 dias em frente ao prédio da Funasa, paciente e líderes, no mês passado, sitiaram a Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai) e fizeram 30 funcionários reféns, dentre o coordenador Costa. O protesto reivindicava por melhorias na casa de passagem e mudanças na política de atenção à saúde indígena.
Uma comissão formada por procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e um delegado da Polícia Federal, depois de várias negociações, puseram fim ao impasse. Na ocasião, os índios apresentaram à comissão suas pautas de reivindicações. Na semana passada, eles entregaram um relatório no qual afirmam que os compromissos assumidos, em audiência pública e na Justiça Federal, não estão sendo cumpridos. O procurador federal, Paulo Henrique Ferreira Brito, disse que pode acionar na Justiça os ógãos responsáveis pela saúde indígena.