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Micro-empresário fabrica vassoura a partir de garrafas PET

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Quem passa pela estrada da Sobral quase não percebe a placa de uma fábrica de vassoura, feita a partir de garrafa PET. Aliás, nem todo o mundo no bairro sequer sabe informar onde fica a “fábrica”. Mas ela existe e se chama Incovass (Indústria e Comércio de Vassouras Ltda). E dentro da casa do seu Francisco Nilo Matos Viana, 58 anos, 39 dos quais em Rio Branco.

Há cerca de quatro anos, “Seu Nilo”, como é mais conhecido, se viu obrigado a fechar uma  marcenaria, que também funcionava no fundo de casa. Não podia ficar parado. “comecei a matutar”, lembra. Foi da necessidade que este filho de Tarauacá teve a brilhante idéia de fabricar vassouras a partir de fios obtidos com o beneficiamento de garrafas de refrigerantes de dois litros (PET).

No primeiro momento, ele pegou uma garrafa, levou ao forno para endurecer o plástico, e a partir daí fez a primeira vassoura. De lá para cá não parou mais. Tudo o que teve que fazer foi aperfeiçoar a máquina produzida por ele e batizada de “desfiadeira”. Depois dela veio a”passadeira”, e ele se prepara para produzir mais duas outras máquinas para dinamizar o processo de produção.

Seu Nilo é uma espécie de professor Pardal dos tempos modernos. Gosta de inventar coisas e não é de hoje. Quem afirma é sua esposa, dona Anita da Silva Viana, há 35 anos casada com o inventor da Sobral. Como a maioria das idéias termina por não  funcionar, ela chegou a pensar que a idéia da fábrica também não daria certo. Não foi bem assim.

As vassouras fabricadas por ele são vendidas hoje em praticamente todos os municípios do Estado e podem ser encontradas em todos os mercados de Rio Branco. Ao todo, Seu Nilo emprega 13 famílias, quatro das quais trabalha diretamente com ele. Parece pouco, mas é proporcionalmente muito se for levado em conta o tamanho do negócio aberto por ele.

Por ser um empreendedor nato, a fábrica não se limita apenas as vassouras. Seu Nilo também faz corda para pendurar roupa e se já trabalha no projeto de fabricar corda para gado (tudo feito a partir da garrafa PET, sua matéria-prima exclusiva).  E ele pensa grande. Já quer abrir filiais em municípios como Brasiléia e Sena Madureira e expandir sua idéia.

Mas nem tudo são flores. Com uma folha de pagamento que chega aos R$ 4 mil (tem quatro funcionários que trabalham diretamente com ele com carteira assinada), ele não consegue R$ 6 mil para poder tirar o título definitivo de seu terreno, onde morada desde 1980.

Sem esse título, Seu Nilo não consegue tirar financiamento bancário. Já tentou junto ao Banco da Amazônia (Basa), um empréstimo de R$ 25 mil, mas como não tinha o documento para dar de garantia ao banco, o dinheiro não saiu. Mas ele não desistiu e hoje produz mais 300 dúzias vassoura por mês, mesmo sem uma grande estrutura daquilo que tradicionalmente se conhece como “fábrica”.

O empreendimento do Seu Nilo, além de ser um bom negócio em si, é aquilo que se pode chamar de ecologicamente correto. Ele trabalha com famílias que retiram do meio ambiente milhares de garrafas que, por extensão, evitam o acúmulo de água evitando assim mais casos de dengue na capital.

O incentivo que faltava

Seu Nilo estava sozinho até agora. Neste final de semana, em visita ao seu empreendimento, o secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães e a deputada federal Perpétua Almeida (PC do B), estiveram visitando a fábrica e se comprometeram em dar o apoio necessário para ele deslanchar o seu negócio.

Edvaldo observou que o Estado não pode intervir na fábrica de negócio do Seu Nilo sem ter um “olhar ideológico”. “Seria muito fácil conseguir um terreno para ele e fazer um projeto para montar um galpão, mas isso tiraria a própria identidade do negócio dele e o contato que ele tem com a comunidade”, enfatiza.

Para dar aquilo que se chama de um “empurrão” nos negócios do Seu Nilo, o secretário informou que tem pelo menos dois fundos por onde se podem alavancar recursos. O primeiro é um fundo criado no final do primeiro governo de Jorge Viana, onde dos incentivos fiscais como parte da isenção do ICMS são destinados a um fundo estadual.

Também há o Finep, um fundo de inovação tecnológica, onde segundo o secretário, Seu Nilo se encaixa perfeitamente no perfil de inovador tecnológico. Por esses fundos, acredita ser possível colocar crédito suficiente no empreendimento para melhorar a renda e possibilitar com que ele possa gerar ainda mais emprego.

Pelo incentivo dado a partir da Secretaria, vai ser possível elaborar um projeto para modernizar o galpão da fábrica. (Assessoria)

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