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Nota de Repúdio

Me chamo Mariana Dantas, sou filha de Recleides Darub e venho declarar meu repúdio às acusações realizadas pela senhora Izanir Maria da Silva contra minha mãe, no que diz respeito aos cuidados recebidos por Sarah Darub, minha irmã. Resido fora do estado há um ano, mas regularmente visito minha família e como não poderia deixar de ser, tenho acompanhado com imensa indignação  o que acontece.

Segundo a senhora Izanir Maria da Silva, Sarah vem sido mantida em cárcere no próprio quarto sob cuidados inadequados, conclusão que a auxiliar de enfermagem obteve nos únicos 6 dias em que permaneceu em minha residência, com a responsabilidade de oferecer a assistência necessária à minha avó materna.

Em apenas 6 dias, com o pouco que via e o nada que se prestou a buscar entendimento ou explicações, utilizando um julgamento próprio de quem aparentemente apresenta insensibilidade e despreparo para o cotidiano das pessoas que fazem parte do seu ambiente de trabalho, a senhora Izanir Maria da Silva teve a inacreditável capacidade de registrar imagens de minha irmã sem roupa, expondo de maneira vil e cruel alguém que sendo cega não poderia saber sequer que uma estranha a filmava, sendo muda jamais poderia autorizar o registro de um momento em tamanha intimidade e tendo todas as outras deficiências que a acometem, jamais terá em mente a idéia de que ficar sem roupa em seu próprio quarto pode ser inadequado, porque é somente onde sabemos que Sarah estará protegida de olhos alheios que a permitimos tirar as vestes e ficar à vontade, do jeito que prefere, seja por qualquer razão particular que jamais vamos saber, o fato é que respeitamos.

Admira-me que a senhora Izanir Maria da Silva alegue querer trabalhar com deficientes mentais sem aparentemente saber que a realidade na qual vive jamais, repito, jamais poderá ser imposta a alguém que já nasce em um universo completamente distinto. Nossos valores e parâmetros de uma vida considerada “adequada” em muitos casos de nada servirão para pessoas com hábitos tão peculiares como minha irmã, que gosta de comer doces, ouvir música e dormir; se Sarah sai do quarto mais tarde durante a manhã, é por que  em nada a beneficia-ríamos forçando-a a reduzir o período de sono que ela habitualmente tem, sabemos naturalmente qual o horário em que ela desperta por vontade  própria e manter essa rotina é irrefutável.

Quanto ao odor oriundo do quarto onde dorme minha irmã, é indispensável ressaltar que quem tem uma pessoa com o nível de deficiência de Sarah em casa, sabe o quanto é delicado lidar com qualquer atividade básica realizada por pessoas nessas condições e no que se refere às necessidades fisiológicas não é diferente. Sarah toma banho todos os dias e tem o quarto limpo todos os dias por nossa querida Mira, e se ainda assim o ar não foi o “adequado” às narinas sensíveis da senhora Izanir Maria da Silva repito: ela deve reavaliar a área para a qual quer oferecer seus cuidados.

Na matéria publicada pelo jornal A GAZETA, a repórter Golby Pullig afirma que minha mãe entra em contradição quando diz que Sarah não tem capacidade de discernimento, mas ainda assim consegue andar pela casa e pegar biscoitos quando quer, caso a jornalista pesquise o que representa o aprendizado por meio de  repetição, utilizado para educar pessoas como minha irmã, verá que não há contradição nenhuma no fato de Sarah não possuir capacidade de discernir e ainda assim movimenta-se pela casa onde vive há mais de 15 anos.

Para a avaliação de todas as acusações citadas por Izanir Maria da Silva as portas de nossa residência estão abertas, receberemos de prontidão todos os profissionais destinados a esse fim, mas muito além de qualquer procedimento investigatório o que realmente causa repúdio é expor de maneira tão absurda alguém que jamais poderá defender-se. A má intenção da auxiliar de enfermagem se apresenta por si só, dados os meios que utilizou para expor sua “crise de consciência”, sendo assim, fica o alerta para quem precisa de serviços como os oferecidos pela senhora Izanir Maria da Silva: qualquer situação que não seja adequada à restrita capacidade de percepção dessa cuidadora pode virar notícia de primeira página.

 São Paulo, 16-02-2011
Mariana Dantas

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