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Oito jovens ficam cegos por mau uso de lentes de contato, na Capital

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O uso incorreto de lentes de contato para fins estéticos deixa, de 1º de dezembro a 21 de fevereiro, oito adolescentes cegos ou com cegueira par-cial em Rio Branco. A denúncia foi feita ontem pela oftalmologista Cristiana Hartmann da equipe de saúde do Estado durante o programa da radialista Eliane Sinhasique na rádio Gazeta FM. Falta de hi-giene no uso e compartilhamento das lentes entre mais de uma pessoa facilita o surgimento de fungos que atingem a córnea causando a cegueira. O número de ocorrências atendidas por esta médica no Pronto-Socorro de Rio Branco surpreende e choca os profissionais da área.

Somente ela atendeu oito jovens entre 14 e 19 anos com úlcera de córneas de origem fúngica. A oftalmologista que divide a preocupação com os cinco médicos que participam da escola na unidade de saúde explica que esta lesão é gravíssima e resulta em cegueira irreversível para a maioria. “Alguns deles poderão tentar o transplante e voltar a enxergar, uns ficarão cegos de um olho ou totalmente cegos. É assustador”, diz. A médica conta que normalmente os adolescentes adquirem um par de lentes usadas de forma alternadas por dois ou mais jovens. Segundo observou não há qualquer preocupação com assepsia e respeito ao tempo de utilização do produto.

Com o surgimento dos fungos, a contaminação por bactérias é comum e aumentam as lesões. Os primeiros sintomas são dor nos olhos, inchação da pálpebras, secreção mucopurulenta, sensibilidade à luz e a córnea – única membrana transparente do corpo –  fica amarelada, esbranquiçada ou acizentada na frente do olho revelando o problema. Mesmo depois de tratamento a lesão pode diminuir, mas não desaparece. O tratamento é complicado. Necessita de internação de sete a oito dias para o atendimento de emergência com aplicação intravenosa de antibióticos, via oral, colírios e pomadas. O tratamento continuado dura entre 30 e 120 dias e o custo é bastante alto. Uma das medicações usadas não é produzida no Acre e tem que ser trazida de São Paulo por meio de uma farmácia de manipulação.

Na noite de ontem, a médica iria realizar uma cirurgia de recobrimento conjutival em uma menina de 14 anos. “O olho dela estava a ponto de abrir, por isso este procedimento tinha que ser feito rapidamente”, explica Cristiana Hartmann que na próxima sexta-feira irá se reunir com a secretária de Saúde, Suely Melo, para propor medida que tente coibir a venda deste produto em óticas, farmácias e lojas de cosmético sem orientação de profissional médico. “Somente o médico tem o cuidado de orientar qual a melhor lente e como o pa-ciente deve usá-la, com ou sem grau. Não tenho nada contra o uso da lente, desde que seja usada adequadamente. Este fungo é causado pelo mau uso e por isso é perigoso”, alerta a oftalmologista.

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