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Temendo ameaças, servidores abandonam prédio da Funasa

Os servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Câmara Municipal de Rio Branco abandonaram o prédio ontem, por volta das 9 horas, depois da chagada de 50 líderes indígenas. “Correu uma conversa de que os índios iriam radicalizar”, disse um servidor, temendo virá refém, a exemplo de quando se iniciou o protesto há 106. Os líderes indígenas negam a ameaça.
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“Isso é uma tentativa de querer desqualificar o nosso movimento, que é legítimo, justo e pacífico”, disse o presidente da Federação dos Povos Huni Kui, Ninawá Huni. Apesar da negativa, a palavra de ordem ontem, em reunião realizada ontem, era a de radicalização do movimento. “Radicalizar é o que? Há alguns dias eles fizeram todos os servidores da Casa do Índio reféns”, disse um servidor, na fora das dependências do prédio.

A reportagem de A Gazeta procurou a coordenador-geral da Funasa, mas ele não foi encontrado. Por causa do não atendimento nas reivindicações, o Ministério Público Federal (MPF) está ameaçando ajuizar uma ação de execução contra os órgãos responsáveis pela saúde indígena no Acre, sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia. Na quarta-feira, líderes indígenas entregaram um relatório no qual afirmam que os compromissos assumidos, em audiência pública e na Justiça Federal, não estão sendo cumpridos.

De acordo com o relatório, cerca de 50% do que foi firmado com órgãos públicos responsáveis pela saúde indígena não foi cumprido. Os órgãos responsáveis pela saúde indígena são: Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Governo Federal, Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Distrito Sanitário Especial Indígena do Purus (DSEI/ARPU), Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejud) e Casa de Saúde do Índio (Casai) e prefeituras.

 Presidente da Câmara teme virar refém
O presidente Câmara Municipal de Rio Branco, Juracy Magalhães (PR), teme que ele e seus pares se tornem refém, na próxima terça-feira. “Se os ín-dios estão afirmando que vão radicalizar, ou seja, criar um fato político, a retenção de todos os vereadores na próxima sessão tem tudo ver”, analisa. Nogueira já está providenciando que a sessão seja realizada nas dependências da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac).

Quanto à ausência dos servidores no prédio, ele informou que o expediente nas sextas-feiras encerra-se às 13 horas. “Correu um alarme falso de que os índios iram fechar os portões, mas o nosso trabalho funcionou normalmente”, disse. Ele informou ainda que foi pessoalmente ao local.

Para pôr fim ao “constrangimento” de não ter uma sede própria, formou-se uma comissão da Casa para ir ao Ministério da Integração Regional, em Brasília, solicitar o desbloqueamento de R$ 4,8 milhões que foram alocados por emendas parlamentares.  

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