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Após posse, deputados confirmam Santiago na presidência da Aleac

As galerias e o plenário da Aleac ficaram pequenos ontem para receber os convidados dos deputados estaduais eleitos que assumiram suas cadeiras. Depois de serem empossados, os parlamentares votaram de maneira aberta nos membros da nova mesa diretora da Casa. Apesar de todas as costuras políticas que desenharam a chapa encabeçada pelo deputado Élson Santiago (PP), na hora da votação o deputado Gilberto Diniz (PTdoB) se lançou candidato concorrente.
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Por 23 votos a 1, Élson Santiago (PP) foi eleito presidente da Aleac, com o deputado Ney Amorim (PT) assumindo a primeira secretaria e Hélder Paiva (PR) na primeira vice. Como já era previsto, a oposição ficou com dois lugares na mesa. A deputada Antônia Sales (PMDB) na segunda vice e Toinha Vieira (PSDB) na quarta secretaria. A nova mesa diretora da Aleac comandará os trabalhos legislativos acreanos por um período de 2 anos.

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Dissidência
Gilberto Diniz se lançou à presidência da Aleac na hora da votação. Subiu à tribuna e fez um discurso admitindo que não tivesse chance de ganhar a eleição, mas que queria mostrar que num processo democrático todos os parlamentares têm o direito de almejar o comando da Casa. “Sei que não vou ganhar, mas estou abrindo um precedente importante para os meus colegas. Só fico triste pelo voto ser aberto. Se fosse fechado tenho certeza que muitos que também estão descontentes votariam em mim. Não vou aceitar os afagos do poder e nem vou me dobrar as barganhas. Quero fazer um trabalho sério para engrandecer a Aleac”, protestou.

O deputado do PTdoB ainda convocou a oposição a acompanhá-lo no protesto. “Sei que tem muitos membros da oposição que concordam comigo. Mas muitos não têm coragem de se manifestar por medo de represálias futuras. Desafio o meu concorrente Élson Santiago a ocupar a tribuna e discursar por três minutos. Se isso acontecer mudo meu voto e o apoio à presidência”, argumentou. 

Proporcionalidade
Apesar do desafio do deputado dissidente, a oposição, preferiu respeitar o acordo pré-estabelecido. O deputado Chagas Romão (PMDB), por exemplo, ironizou o colega oposicionista. “Nós estamos respeitando uma composição. Não temos medo de nada. Aliás, quero dizer que estou há 15 anos na Aleac e sempre fui de oposição”, afirmou. Antonia Sales, também desabafou: “é uma mesa democrática e participativa com os deputados de oposição representados. Não quero desmerecer o colega Gilberto Diniz, mas temos que ser coerentes com a proporcionalidade partidária”, alegou.

As novas vozes da oposição
Com a saída de oposicionistas tradicionais do parlamento, novos deputados chegam com o compromisso de serem as vozes dissonantes da maioria esmagadora da bancada governista. Um dos destaques da legislatura que se iniciou deverá ser o policial federal e sindicalista, Jamyl Asfury (DEM). 

“Existe uma expectativa saudável em relação à representação dos novos deputados de oposição na Aleac. Acredito que temos quadros suficientes capazes para oferecer à população algo ainda melhor. Estamos passando por um momento de reflexão no Estado ainda que só tenhamos um terço das cadeiras. Mas a história política recente nos mostra que temos metade da população nos apoiando. A outra metade ainda acreditando no projeto da FPA. Assim, eles terão que fazer algo diferente porque aquilo que era novo no passado se tornou velho hoje”, ponderou.

Asfury revela o caminho que a oposição deverá trilhar para alcançar a credibilidade. “Nós temos a oportunidade de apresentarmos uma proposta e condições de oferecer algo melhor. Quem sabe na próxima eleição municipal ou até mesmo para a disputa do Governo do Acre poderemos ter algo contundente e real que faça o Estado melhor. Existem muitas propagandas que não são aquilo que se apresenta. O parlamento precisa ter o equilíbrio de saber que somos fiscais do Executivo e pretendemos fazer com que o Estado funcione de verdade. Precisamos desmitificar a marca de uma oposição antiga de que não somos capazes de oferecer algo melhor. Mas isso vai depender muito do trabalho e da união para fazermos aquilo que sonhamos”, argumentou.  

O major Wherles Rocha (PSDB) também garante que será participante ativo no embate das idéias. “As pessoas que votaram em mim para que faça oposição ao modelo implantado no Estado. Vou cumprir o meu papel trazendo ao debate os temas de interesse da população que a Casa, às vezes, gosta de colocar debaixo do tapete. Vou fazer as críticas que tiverem que ser feitas, mas reconhecendo também o que tiver de bom para o Estado. Não pretendo substituir nenhum deputado que saiu porque vou atuar de acordo com o que a minha consciência manda. Farei uma oposição consciente”, prometeu.

Mais moderada a ex-prefeita de Sena Madureira, Toinha Vieira (PSDB), quer ajudar mais a região da sua base eleitoral. “Nós vamos trabalhar conscientes das diferenças entre ser executivo e legislativo. Minha função aqui será dar voz às reivindicações da população. Nosso Estado é carente e precisa de investimentos, principalmente, na saúde e na educação. Vou ser uma deputada consciente do que tenho que fazer. Sei que não posso fazer tudo, mas quero muito ajudar Sena Madureira, Manoel Urbano e Santa Rosa. Questões relacionadas à disputa da prefeitura de Sena, em 2012, ficarão nas mãos de Deus que proverá”, salientou.

Governistas pretendem inovar
Três vezes deputado esta-dual e novamente líder do Governo, o deputado Moisés Diniz (PCdoB), quer reinventar o seu mandato. “Vou agir como se fosse o meu primeiro mandato. Estarei com o mesmo vigor e vontade de acertar nas decisões. Como líder do Governo vou me esforçar para a firmeza na defesa da gestão Tião Viana (PT) e a leveza no trato com a oposição e os movimentos sociais que farão pressão no parlamento. Vou procurar equilibrar essas duas características”, admitiu.

O jovem deputado Ney Amorim (PT) que assume a responsabilidade de administrar a Casa, como primeiro secretário, analisa os seus futuros passos. “A expectativa é grande e entendo o tamanho da minha responsabilidade. No meu primeiro mandato fui líder do PT. A Aleac chegou num patamar de discussão com a sociedade extraordinária. Temos que cuidar da manutenção do Poder Legislativo e aproximar a Casa das reivindicações populares com um salto de qualidade sempre trabalhando com as comunidades e abrindo as portas para receber o povo”, apregoou.

Uma das representantes da bancada feminina, a deputada Maria Antonia (PP), promete empenho para contribuir com a base governista. “Vou continuar sendo da base do governo e apoiando os projetos de interesse da população. Acredito que o Tião Viana possa fazer um trabalho extraordinário e que precisará do apoio dos parlamentares. Além disso, continuarei dando atenção especial ao meu trabalho social atendendo as pessoas que precisam. A bancada feminina está bem representada e vamos dar a nossa contribuição”, ressaltou.

Já o novo presidente Élson Santiago (PP) destacou a renovação dos deputados da Aleac. “Nós temos onze deputados que o povo conhece e estão entrando treze novos que são pessoas que vem de diferentes bases sociais e que prometem muito. Acho que a nova safra de parlamentares poderá ajudar muito a nova legislatura. A intenção é prosseguir um trabalho legislativo que deu certo e que sempre respeitou o contraditório”, finalizou.

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