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Edvaldo: “estou plugado na industrialização do Acre”

Na mesma semana em que deixou a presidência da Aleac, depois de 13 anos de atuação parlamentar, Edvaldo Magalhães (PCdoB), assumiu a pasta de ciência, tecnologia, comércio e indústria, como secretário de Estado. Um novo desafio para um personagem acreano que sempre teve como principal marca a sua capacidade de articulação política. Numa entrevista exclusiva À GAZETA, Edvaldo fala da sua atuação à frente do Legislativo, do resultado eleitoral de 2010 e da jornada que vai empreender como um dos principais atores responsáveis para mudar o paradigma econômico acreano.
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Avaliação da sua gestão na Aleac
    
Edvaldo Magalhães fez uma reflexão sobre a sua participação nas transformações do Legislativo acreano nos mais recentes anos. “Existia um carimbo que levava em função do meu trabalho como líder de governo. As pessoas diziam que eu era um bom articulador político. Queria ir além com uma experiência administrativa que acrescentasse à minha vida. Por isso, ser presidente do Poder Legislativo por dois períodos foi uma grande oportunidade. Tive que lidar com a construção política cotidiana e com a responsabilidade de garantir um am-biente político de governabilidade. Além de me envolver com a administração pública. Inovar a própria gestão e ter uma agenda política que pudesse favorecer o diálogo objetivando um maior respeito pelo Poder Legislativo”, avaliou.

O ex-deputado fala dos resultados da sua gestão na Aleac. “A maior conquista para o Legislativo foi à credibilidade. Em qualquer iniciativa de negócio todo mundo busca a credibilidade. Os movimentos sociais das mais diferentes matizes políticas, qualquer mobilização da sociedade teve na Aleac uma referência. Buscaram uma acolhida porque sabiam que seriam atendidas as suas reivindicações e que haveria uma intermediação política para construção de alguma solução. Ninguém buscou uma acolhida que não fosse recebida e a abertura de um diálogo ou de um encaminhamento prático”, lembrou.

Para Magalhães a experiência lhe trouxe uma conquista pessoal. “Agradeço ao Poder Legislativo por ter podido viver essa experiência. Tive privilégio de ter sido duas vezes presidente eleito por unanimidade e isso não é comum no Brasil. Estou deixando um cargo que não é uma referência negativa, mesmo num país onde a política e os políticos são muito questionados. Transformar o Poder Legislativo numa referência positiva é a maior conquista desses quatro anos”, comemorou.

Reflexões sobre o resultado eleitoral
Questionado se não chegou ao Senado devido à falta de uma maior comunicação ao eleitorado dos avanços que conseguiu na Aleac, Edvaldo respondeu: “também teve isso. Mas foi uma eleição atípica marcada por uma polarização de outro tipo. A sociedade do Acre ficou muito dividida e quis mandar um recado direto para a FPA. É como se o nosso povo tivesse dito: ‘Prestem atenção no serviço’. Na realidade foi um puxão de orelha bem dado e não cabia o projeto do tamanho que nós elaboramos que era a eleição de dois senadores. Qualquer um que estivesse ali o resultado seria o mesmo. Acho que a exploração maior ou menor não teria influência no resultado”, garantiu.

Ele não se mostra frustrado por não ter vencido a eleição. “O fato é que estou muito feliz porque com todas as lideranças que converso na FPA todos são unânimes em dizer que precisamos nos aproximar muito das pessoas e das comunidades. Só em ouvir isso fico muito satisfeito. As sinalizações do primeiro mês de mandato do governador Tião Viana (PT) mostram que essa aproximação e a mobilização social estão acontecendo. É um governo que quer dia-logar muito. As lições das urnas estão sendo assimiladas a partir do comando do governador”, comentou.

Desafio da industrialização
Como secretário de desenvolvimento, ciência, tecnologia, indústria e comércio, Edvaldo terá que operar a proeza de transformar o paradigma econômico do Estado. “O programa eleitoral desenvolvido pelo nosso governador teve um dos seus eixos centrais na industria-lização. Ele falou disso na campanha inteira e está colocando no centro da sua administração. Por isso, é algo pra valer e não uma sinalização para mobilizar a opinião pública em função da campanha. Isso precisa ser realizado de forma acelerada porque o Acre tem pressa. A geração de empregos é uma necessidade. As condições para a gente dar esse salto foram construí-das ao longo de 12 anos. Os investimentos na infra-estrutura e na organização do Estado criaram as condições para falarmos em geração de empregos fora do setor público”, destacou.

Para o secretário, o cenário interno e externo é favorável para o Acre vencer o desafio.  “O Brasil está crescendo. O horizonte da nossa política externa no ambiente da economia internacional é de recuperação dos países que andaram entrando em bancarrota. O Brasil saiu da crise num processo de crescimento continuado e nós temos no comando do nosso país uma presidente que é desenvolvimentista. No plano regional o Acre é geograficamente um privilegiado. Temos tudo para fazer uma integração definitiva com os nossos vizinhos, Peru e Bolívia, através da Rodovia Interoceânica que será inaugurada em abril”, salientou.

Um dos pontos cruciais à industrialização é a concretização da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). “Nós temos uma ZPE aprovada e o desafio agora é garantir o seu alfandegamento. Aliás, esse é um trabalho que terei que mergulhar. Se a gente resolver isso teremos o caminho aberto. Alfandegada a ZPE vamos atrair investimentos para o Acre porque do ponto de vista logístico estamos mais próximos dos grandes mercados internacionais do que qualquer outro estado do Brasil. Vamos estar em condições de oferecer produtos altamente competitivos indus-trializados da ZPE”, garantiu.

 Novos caminhos ao desenvolvimento
Como secretário de uma área que faz conexões com os setores privados rurais e urbanos, Edvaldo, aponta novos rumos para o crescimento econômico. “O governador Tião Viana tem revelado que vamos desenvolver algumas cadeias produtivas com forte investimento público. Por exemplo, a questão do peixe. Nós queremos transformar o Acre num pólo exportador da Amazônia. Teremos duas indústrias no Acre uma em Rio Branco e outra em Cruzeiro do Sul.

Inclusive, Mâncio Lima já é um pólo de piscicultura com as condições mais adversas trazendo ração de Porto Velho e de Manaus. Ainda assim conseguem fazer uma piscicultura produtiva e vender tudo que produzem. Imagine com uma indústria de ração instalada no Acre. Hoje nós importamos de Rondônia, mas em breve vamos exportar aproveitando a vizinhança com o Peru que é o maior produtor de farinha de peixe do mundo”, salientou.

Segundo Edvaldo o novo governo aposta na diversificação produtiva. “O Tião quer investir na produção da suinocultura e da ovinocultura e também em alguns tipos de frutas. Está discutindo a questão da manga, do caju e do abacaxi. Teremos foco em alguns produtos para ser industrializados. O Acre vai entrar nesse ritmo. Nós temos o mercado de Manaus que cresce assustadoramente e não produz nem 20% do que consome. Poderemos vender através da Hidrovia do Madeira. Tenho certeza que ao final dos quatro anos reverteremos o quadro trabalhista no Estado. Teremos dois postos no setor privado um para o público. Nós inverteremos a lógica do nosso desenvolvimento e da nossa economia”, apregoou.

Eleições municipais
Seria natural o nome de Edvaldo Magalhães surgir para a disputa eleitoral em Cruzeiro do Sul ou Rio Branco, em 2012. Mas ele garante que isso não acontecerá. “A minha possibilidade de participar da disputa em 2012 é zero. Mas em relação à atuação política vou estar 100% metido nos processos eleitorais. O momento é para desligar a tomada do lado direito porque fiquei 12 anos ligado no plenário da Aleac. Vou ligar a outra tomada para estar atento a tarefa que o governador me delegou, mas estarei sempre ligado na política. Participarei de todas as decisões que forem tomadas porque sou um dirigente partidário  e não vou me afastar disso. Mas acho que a disputa eleitoral municipal não me cabe. Vou ajudar a construir as soluções de Assis Brasil, de Santa Rosa, de Cruzeiro do Sul  como um articulador da FPA. Mas participar diretamente não. Quero que o meu trabalho como dos outros membros da equipe do governo colabore para construirmos a vitória da FPA, portanto o resultado do meu trabalho poderá ajudar ou atrapalhar”, finalizou.

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