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“Meu mandato é para defender os interesses da população”

O presidente do Sindicato dos Urbanitários, Marcelo Menezes Jucá, 42 anos, foi diplomado na última quarta (2), como vereador de Rio Branco pelo PSB. A posse, que deve acontecer ainda nesta semana, está causando inquietudes nas pessoas que o conhecem e, como não deveria deixar de ser, nele próprio. Jucá revela que já começou a receber ‘pressões’.
Marcelo-Juca
Ele sabe da avidez da população por legítimos representantes, ocorrência pouco comum no parlamento acreano. A esmagadora maioria é seduzida por benesses do executivo, elevando o descrédito daquela esfera de poder. Segundo dados da ONG Transparência Brasil, mais de 90% da população brasileira não confia nos parlamentares que elege.

Após conceder esta entrevista, Marcelo Jucá subiu numa motocicleta e foi se juntar a outros sindicalistas, estudantes e representes do movimento comunitário para organizar um protesto contra o possível aumento na tarifa de ônibus. “Não posso defender interesses só da minha categoria, pois existem causas coletivas que são irrenunciáveis”, assim concebe o sindicalista.

Formado em Matemática e em Administração de Finanças e Tributos, Jucá, como ele mesmo costuma dizer, sabe o que vai fazer diante do ‘novo desafio’. Afirmando que as suas posições políticas não poderiam ser diferentes. Ques-tionado sobre a independência de seu mandato (o PSB é da base de sustentação do prefeito), ele é enfático: “o meu mandato é para defender os interesses da população”. Senão, acompanhe esta entrevista:

A GAZETA – O que a população rio-branquense pode esperar do Marcelo Jucá vereador?
Jucá
– É um novo desafio, mas a gente vai aprender. O mandato vai ter muitos aliados e parceiros. Algumas bandeiras do movimento sindical devem estar em evidência como a questão do saneamento básico, da energia, do transporte coletivo, dentre outros interesses da população. Vamos ‘puxar’ debates naquele espaço de poder. A população de Rio Branco pode vai ter um defensor de seus interesses. É para isso que serve um mandato, ou seja, um espaço privilegiado de lutas e debates.

A GAZETA  – Que debates serão estes?
Juca
– São assuntos e temas de interesses coletivos, que, quase sempre, são discutidos de forma superficial. Quer exemplos? Por que a tarifa de energia no Acre é tão cara? Quem ou quais são as pessoas que fazem queimadas? A epidemia de dengue tem algo a ver com saneamento básico? Existem cartéis por detrás das concessões de transporte coletivos? O que fazer com a especulação imobiliária urbana? É o poder público o maior poluidor de rios, córregos e igarapés de Rio Branco?

A GAZETA – É possível envolver a população nesses temas, aproximando-a do parlamento?
Jucá
– Não só é possível, é necessário. Tenho certeza que essa é a missão de um mandato verdadeiramente transparente e participativo. Dessa forma, as ações parlamentares podem ser legitimadas, e as pessoas podem abordar você na rua. Se assim não fosse, eu não seria candidato a nada. Precisamos de políticos mais populares e menos populistas. Um partido de tradição popular, como é o PSB, pode ser um grande alia-do nessa caminhada. É perfeitamente possível dialogar com a sociedade.

A GAZETA  – O que está acontecendo nos bastidores do sistema de transporte coletivo? O senhor há tempo encampou a luta contra os sucessivos aumentos?
Jucá
– Não sou eu. É um coletivo de pessoas representando entidades como a Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB), os estudantes através da CEA e DCE e o movimento comunitário. A nossa principal bandeira é a exigência da prestação de um serviço de qualidade, o que não está acontecendo. As informações são de que a prefeitura está cobrando essa qualidade, obrigando os empresários a assinarem termos de ajustamentos de conduta, os TAC’s. Com a chegada dos ônibus novos (alguns nem tanto), para a nossa surpresa, soubemos do anúncio de uma possível majoração, o que elevaria o valor da tarifa para R$ 2,40.  Esse reajuste não tem sentido algum. Precisamos ter acesso às planilhas para, se for o caso, denunciar possíveis abusos.

A GAZETA – Existe cartelizalização no sistema de transporte coletivo?
Jucá
– Olha, é algo que a gente fica meio assim… (pensativo). Em todo setor de concessões, e não seria diferente no transporte coletivo, existe uma natural união de empresários para defender interesses comuns. Na maioria das vezes, preocupam-se somente com o lucro, desprezando a qualidade do serviço. As atribuições da prefeitura é fiscalizar e coibir qualquer distorção, que não atendam aos interesses públicos. Como vereador, vamos ter acesso a documentos e assim saber, como você está dizendo, o que acontecendo nos bastidores. O que a gente quer, e isso não está acontecendo, é a prestação de um serviço de qualidade. Precisa citar exemplos?

A GAZETA – O espaço urbano em Rio Branco foi marcado por ocupações irregulares e especulação imobiliária. O que o senhor vai fazer em relação a esses problemas?
Jucá
– A prefeitura e a Câmara Municipal devem sentar e encontrar soluções conjuntas. Um vereador pode fazer audiências públicas, fazendo levantamentos para, junto com a população, pôr fim a alguns problemas e evitar outros. O adiamento desse debate e das resoluções trouxeram consequências nada boas para a população. Há alguns dias, moradores do Portal da Amazônia fizeram lá pelas bandas do bairro Calafate. Eles estavam reivindicando todo tipo de melhoria que um bairro possa ter.

 

 

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