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Andriola é condenado a 50 e comparsa a 5 anos de prisão

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Gleisson Andriola matou assessora Ana Eunice (detalhe) com 15 facadas

O assassino da assessora parlamentar Ana Eunice Moreira, Gleisson da Silva Andriola, foi condenado ontem a 50 anos de reclusão em regime fechado. A sentença é somatório dos crimes de roubo, tentativa de homicídio, cárcere privado e homicídio triplamente qualificado. O seu comparsa, Jerferson Teixeira da Andrade, foi condenado por roubo e teve pena fixada em 5 anos, em regime semi-aberto. O advogado de Andriola, Armisson Lee, vai pedir anulação do julgamento.

O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Tribunal do Júri, Leandro Leri Gross, anunciou a sentença às 21 horas. “Isso foi justiça, uma pena adequada”, disse o filho de Ana Eunice, Stenio Luiz Lima Fontora. O veredito foi unânime nos quatro crime imputados a Andriola. Quanto à motivação do assassinato, o promotor, Leandro Portela, tem a seguinte explicação: “ele queria derrotar o Estado, dizer que venceu. A sentença de hoje mostra o contrário, ele perdeu, a sociedade ganhou”, disse Gross.

Foram 13 horas de julgamento e muita movimentação no Fórum Barão do Rio Branco. Andriola permaneceu o tempo todo com o rosto imerso na blusa que vestia. Mostrando bastante frieza, o depoimento dele foi contraditório. De acordo com os autos, ao se entregar após o homicídio, ele teria dito: “foi mal”. As 15 facadas desferidas foram, em sua maio-ria, nas costas da vítima.
Ana Eunice foi mantida refém em sua própria residência por Andriola, após uma tentativa frustrada de roubo a mão armada a um vigilante, que dava plantão no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB). Na fuga, a dupla atentou ainda contra a vida do comerciante Kender Conceição Alves da Silva. Ele levou quatro tirou, depois de ter a sua residência invadida.

Viúvo passa mal e é socorrido pelo Samu
Antes mesmo de prestar depoimento como testemunha de acusação, o viúvo de Ana Eunice, jornalista Tião Maia, passou mal e foi levado pelo Samu para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele teve queda e elevação de pressão, que causou tonturas e iminências de desmaios. Profundamente abatido, o jornalista, mesmo depois da recomendação médica, voltou ao Fórum para testemunhar.
Para ele, mesmo com a determinação do acusado em assassinar Ana Eunice, o aparato policial contribuiu para desfecho trágico do caso. “Eles [policiais] não intercederam pela Ana. Ficaram esperando e, depois de horas, negociaram com um cadáver”, desabafou Tião Maia.

Ele acredita que a intenção de Andriola era também matar o major Ricardo Brandão, a quem ele chama de “covarde e omisso”. Num determinado momento da negociação, Andriola teria pedido a presença do major e este teria se negado a negociar. “Eu não sei qual seria a pendência entre os dois, mas esse policial, assim como o coronel Romário Célio, são desqualificados para a função”, critica o jornalista, acrescentando que uma policial ainda teria dito a ele a seguinte frase: “você quer ensinar o trabalho da policia”.

Histórico criminal de Andriola

Andriola foi amparado por toda a “benevolência” da Lei de Execuções Penais. Em março de 2004, ele cometeu um furto qualificado e, cinco meses depois, praticou um roubo com arma de fogo. Ele foi condenado por esse crime e preso na penitenciária da cidade de Cruzeiro do Sul.

Por causa de uma rebelião, ocorrida em 2006, o presidiário foi transferido para Rio Branco. Um ano depois, saiu do regime fechado para o semi-aberto, podendo, inclusive, trabalhar externamente. No dia 27 de novembro daquele mesmo ano, ou seja, em 2007, ele conseguiu o livramento condicional. Um dia antes, ele já havia cometido outro roubo.
Ele foi preso e, no dia 18 de fevereiro de 2008, estava cumprindo pena em regime fechado. No início de 2010 entrou para o semi-aberto e, em junho do mesmo ano, já estava totalmente livre. Um mês depois, matou Ana Eunice.

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