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Geógrafo alerta que Rio Acre apresenta um dos piores níveis dos últimos 30 anos

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O geógrafo Claudemir Mesquita fez  novo alerta de que o Rio Acre está mantendo uma das médias mais baixas para as suas medidas de março dos últimos 30 anos. O volume aquém do esperado é uma tendência que vem se fortificando na Capital desde o final de janeiro. Ao invés de adquirir água e alcançar marcas volumosas, o rio vem despencando e sem estabilizar ritmos. Segundo teorias, a razão deste fenômeno é a somatória de uma série de ações corrosivas às matas ciliares com a ausência de chuvas em suas cabeceiras.

A decadência do rio pode até parecer um fato corriqueiro dos últimos anos. Para muitos da sociedade acreana algo até irrelevante. Entretanto, pode significar inúmeros impactos no seu dia-a-dia. Danos irreparáveis. Conforme Claudemir Mesquita, o rio fixa ciclos com variações constantes e que regem suas alturas mínimas, médias e máximas. Atualmente, o professor revela que a sua avaliação de tais variações apontam uma séria preocupação quanto à sobrevivência do rio, uma vez que seus níveis mínimos já chegaram a menos de 4 metros neste mês enquanto deveriam mesmo era estar variando entre 6 a 8 metros.
Para Claudemir, nenhum destes indicativos atuais é uma surpresa! Há anos que ele vem identificando os declínios cada vez maiores que os níveis do Rio Acre apresentam. Com base em seus estudos, a situa-ção teria chegado a tal ponto devido à falta de envolvimento e de educação ambiental da população para com o rio, suas margens e suas nascentes.

De fato, o Rio Acre é o que tem a bacia mais danificada por abrigar no seu entorno 70% do povo acreano. Desta forma, trata-se do rio mais propenso a sofrer poluição, drenagem e habitações irregulares, assoreamento, erosão do solo, derrubada das matas ciliares, etc. Do ponto de vista do geógrafo, todos estes fatores se juntam com a fraca incidência de chuvas nas cabeceiras deste ano e forma uma combinação catastrófica. Para superá-la, ele cobra uma participação mais efetiva do povo, no sentido de preservação do rio.

Outra alternativa, indica o professor, está na criação e aplicação de planos de resgate do rio. Desde 2007, o Governo do Estado já deu o pontapé inicial para formular propostas assim, com a criação do plano estadual de Recursos Hídricos, uma das metas va-riantes da ZEE. Tal trabalho foi aprimorado e deve ser validado, com efeito, nos próximos dias, pra marcar a campanha do Mês das Águas da Sema 2011 . Na opinião de Claudemir, tal plano é algo positivo. Porém, o geógrafo enfatiza que ele também deve ser mais do que normas num papel e deve achar maneiras de convocar a sociedade para tal debate.           
“O plano deve ser um instrumento prático de gestão, objetivo e que chegue dentro das comunidades. Se não for assim, não vai funcionar”, acrescenta Mesquita.
Boletim de variações do rio
Conforme dados da Coordenação Estadual de Defesa Civil, o rio amanheceu ontem com 7,98 m na Capital. Tal valor é quase 4 m inferior ao maior volume do rio durante o mês passado (que foi 11,5 m, em 25/2) e 3,31m a menos do que a média histórica registrada em março, desde 1971 (11,3m). Não há previsão se ele vai subir ou descer nos próximos dias. No dia 1º deste mês, a régua marcava 9,50m. Isto é, desde então só houve quedas.

Na avaliação do ten-cel. João Oliveira, o quadro deste ‘inverno amazônico’ (época que deveria haver ‘cheias’ no rio) é semelhante ao visto em 2008. A diferença é que naquele ano os meses de ‘verão’ vie-ram com algumas chuvas esparsas, e foi curto. Já a estiagem que ainda está por vir neste ano é imprevisível. Se ela for tão seca e duradoura quanto a que se sucedeu no ano passado (com grandes queimadas e baixa umidade relativa do ar), por exemplo, será ainda mais difícil prever o quão prejudicado será o Rio Acre.

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