Passados 10 meses do crime, o subcomandante da Polícia Militar do Acre (PM/AC), cel. Paulo Cezar, fez uma breve avaliação sobre a atuação policial no caso da assessora Ana Eunice. Paulo Cezar não presenciou todo o andamento das negociações com Andriola (ele só chegou de manhã, no desfecho da tragédia). Mas foi um dos responsáveis por elaborar um estudo de caso posterior com detalhes sobre o episódio, junto aos oficiais presentes.
Em primeiro lugar, o subcomandante tratou de deixar bem claro que não houve nenhum tipo de ‘falha’, do ponto de vista técnico, durante toda a atuação policial. Segundo ele, o caso de Ana Eunice, em particular, não propiciava condições para a invasão policial à casa sem oferecer altos riscos à vida da assessora. Tampouco oferecia um mínimo de visualização da posição dos acusados (o que tira de cogitação a possibilidade de um tiro certeiro). Logo, a única alternativa possível, conta o cel., era a negociação para acalmar a vítima e o agressor.
“Não tinha como agirmos de forma diferente. O local oferecia ao acusado total visibilidade das ações policiais em todas as áreas de acesso. E nós, por outro lado, não tínhamos nada deles. O terreno de lá é de 2 casas. Eles estavam na de trás, com as luzes apagadas e vendo tudo. Qualquer movimento milimétrico que tentássemos, eles já acusavam: ‘por que aquele policial se mexeu?’ Se tentássemos atirar, seria no vazio. Se tentássemos invadir, ela morreria na hora. Portanto, fizemos tudo certo, mas o resultado não foi o esperado”, esclareceu.
Para fundamentar sua tese, o subcomandante usou como exemplo o caso da jovem e da amiga feitas de refém, Eloah Pimentel, em 13 de outubro de 2008, no RJ. Segundo ele, a polícia também estava em situação desprivilegiada em relação ao mantenedor do cárcere. Pela invasão equivocada (motivada pelo barulho de tiro), a jovem morreu e a amiga foi baleada. Desta forma, caso a polícia acreana tivesse invadido a casa ou tentado o tiro certeiro, a responsabilidade pela morte de Ana Eunice recairia totalmente sobre a polícia.
“Por pior que seja, as pessoas precisam entender que ante uma crise há inúmeros desfechos, inclusive o trágico. Em vários outros casos, adotamos estas mesmas medidas (previstas pela Resolução Normativa 04/2008) e em 90% deles deu certo. Resolvemos o impasse com a negociação. Mas, infelizmente, o daquela situação especifica o fim foi trágico”, lamentou.