Antonia Sales e Eduardo Farias divergiram sobre a solução necessária do caso
O clima esquentou ontem na Aleac, depois das denún-cias publicadas na imprensa sobre o desvio de R$ 863 mil da Fundhacre. Quem primeiro abordou o assunto na tribuna da Casa foi o deputado Gilberto Diniz (PTdoB) que pediu para que o Governo faça uma apuração rigorosa sobre os fatos que aconteceram na gestão passada. Mas o discurso oposicionista mais vigoroso foi da deputada Antônia Sales (PMDB), que pediu que o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério da Saúde investiguem o caso.
Para a peemedebista como o dinheiro desviado era de origem federal será necessário a mudança de fórum das investigações. “Isso é um crime. A gente não pode aceitar o que aconteceu. Cansamos de fazer denúncias sobre a saúde pública do Estado no Governo anterior. Fomos várias vezes desmentidos. Os doentes nos procuravam reclamando de encaminhamentos errados. Como se trata de um recurso federal tem que haver uma investigação para se descobrir logo para onde foi o dinheiro desviado”, protestou.
Antonia Sales quer uma ação suprapartidária dos deputados estaduais para uma investigação parlamentar paralela. “Convidei a todos os deputados para uma ação conjunta da Aleac porque para defender a vida não é preciso usar bandeira partidária. Nós estamos aqui para fiscalizar os recursos. Somos os guardiões da relação entre a população e os órgãos públicos. O MPE não deu a celeridade necessária. Essas ações são necessárias a nossa saúde que está moribunda volte a ressuscitar e tenhamos vida nesse Estado”, apregoou.
Gilberto Diniz teve um discurso similar ao da sua colega de oposição. “O povo acreano merece uma resposta urgente. Se não fosse pela imprensa todo esse escândalo jamais teria vindo à tona. Agora a bomba estourou. Acredito que os valores desviados são muito maiores do que estão sendo divulgados. A gente vai pedir uma sindicância através da Aleac. Vamos reunir a oposição e de forma responsável propor caminhos para o Po-der Legislativo analisar essa situação”, salientou.
Eduardo Farias: “o dinheiro será ressarcido”
O líder do PCdoB, Eduardo Farias, considerou oportunismo da oposição dar tanto destaque ao caso. “Acho que a denuncia foi extemporânea. Mas entendo que eles tenham que cumprir o papel de oposição. O Governo ao detectar indícios de irregularidades tomou todas as providências que cabiam. Fez uma sindicância para apurar o envolvimento do Alex Barros, que era um servidor da Sesacre. Imediatamente foi sustado qualquer pagamento para o consórcio licitado a Nilces Tur. Como a empresa tinha um saldo a receber de R$ 900 mil e o rombo era de R$ 863 mil foi feito o ressarcimento dos prejuízos”, argumentou.
Eduardo Farias considerou o caso encerrado. “O Alex Barros sofrerá um processo para ser demitido e a questão vai para área criminal porque se trata de uma quadrilha que se apossou do dinheiro público.Estranho é a oposição ainda tripudiar em cima de tudo isso. O Governo considera o caso encerrado porque os valores serão ressarcidos. Isso não significa dizer que não estaremos atentos a outras
áreas do Governo. A corrupção é inerente a condição humana e o importante é não prevaricar e dar transparência a qualquer processo. Portanto, é um episódio superado que lamentamos porque a corrupção na Saúde é algo cruel, um crime hediondo em que cada centavo pode significar uma vida”, explicou.
Pereira: “o governo atual não tolerará desvios de conduta”
Também o líder do PT considerou exagerada a postura da oposição. “É um fato que ocorreu no Governo passado que está sendo apurado pelo MPE. Quando foi identificado pelo superintendente da Fundhacre, Sérgio Roberto, foi comunicado. Portanto, é um assunto que está com o MPE e a sindicância já foi concluída. Uma lamentável anomalia administrativa da Fundhacre”, afirmou.
No entanto, Pereira considera que o caso serve de aviso. “Com relação ao Governo atual todo e qualquer irregularidade será apurada dentro da Lei e não tolerada pelo governador Tião Via-na (PT). Inclusive, ele falou que qualquer funcionário de cargo comissionado que cometer uma infração de trânsito dirigindo embriagado será exonerado. Com isso dá pra perceber com que rigor o governador vai tratar a questão pública. Tião Viana é um homem que não tolera ilicitudes”, garantiu.