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Itamaraty diz que haitianos no Acre serão analisados “caso a caso”

Em uma longa audiência com o senador Sérgio Petecão (PMN), ontem à tarde em Brasília, o embaixador Eduardo Gradilone, sub-secretário-geral de Comunidades Brasileiras no Exterior do Ministério das Relações Exteriores (MRE), informou que o Itamaraty vai analisar minuciosa e separadamente  o pedido de asilo feito por cada  haitiano que está  chegando ao Brasil pela fronteira com os municípios acreanos. O diplomata disse ao senador do Acre que muitos dos haitianos estão sendo vítimas de aproveitadores, popularmente conhecidos como coiotes, que chegam a cobrar de 3 a 4 mil dólares  por pessoa para trazê-la do Haiti ao Brasil com falsas promessas de emprego. “Temos que separar o joio do trigo”, afirmou o embaixador.

O embaixador informou ainda ao parlamentar acreano  que o Itamaraty, juntamente com o Conselho Nacional para os Refugiados (Conare, órgão vinculado ao Ministério da Justiça), Polícia Federal (PF), e Agência Brasileira de Informações (ABIN), está trabalhando  numa missão conjunta no Peru. O objetivo é colher informações acerca da ação de quadrilhas de coiotes que, em virtude da política liberal de entrada de estrangeiros em países como Equador, Bolívia, Peru e Brasil, estão aproveitando a situação de tragédia de alguns países como o Haiti  para extorquir dinheiro de seus imigrantes. Segundo o embaixador, em 2010, cerca de 600 haitianos pediram visto ao Brasil. Este ano, só no município de Brasiléia o número de haitianos chega a 166, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros repassadas ao diplomata Marcelo Ferraz, que esteve pessoalmente no local a serviço do Itamaraty.

O senador Sérgio Petecão colocou seu gabinete em Brasília e no Acre à disposição da Chancelaria brasileira para qualquer informação. E disse que no próximo sábado (5) estará pes-soalmente em Brasiléia para se juntar a uma Comissão Mista suprapartidária formada por políticos, além de advogados, empresários, religiosos que prestam assistência a refugiados e pessoas de bem da população, todos interessados em contribuir para encontrar uma solução para os haitianos. De acordo com informações que chegam do local, alguns haitianos chegam a Assis Brasil e caminham a pé até a cidade de Brasiléia, cerca 110 Km de distância, para encontrar abrigo e comida. Chegou-se a falar até mesmo numa linha de ônibus Lima-São Paulo, recém-implantada  pelos coiotes para transporte de haitianos.

De acordo com o embaixador Gradilone, o encaminhamento dado aos haitianos deverá obedecer a critérios bastante rígidos, levando-se em consideração principalmente estado de saúde e situação perante à Justiça. A idéia é evitar a entrada de foragidos (sobretudo dos que escaparam da penitenciária de Porto Prince, capital do Haiti, durante o terremoto) e pessoas com doenças contagiosas como o  cólera. Mesmo descartada a condição de refugiados políticos, condição básica para asilo político, cada haitiano analisado poderá ainda se beneficiar de uma Resolução de cunho humanitário que o encaminhará ao Conselho Nacional de Migração, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Para o senador Sérgio Petecão, o importante é que seja encontrada uma solução que  respeite e dignifique a condição humana dos imigrantes haitianos, “mas que  não venha prejudicar a nossa gente do Acre. Queremos ajudar, mas vamos combater a ação dos coiotes, não queremos doenças conta-giosas e não aceitaremos foragidos”. (Assessoria)

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