Eleições 2012: polarização tucana é desrespeito ao PMDB
A saída do senador Sérgio Petecão do PMN é questão de tempo. Ele vai para o recém-criado Partido Social Democrático (PSD), uma legenda formulada pelo prefeito de São Paulo para acomodá-lo em uma situação legalmente possível de disputar as eleições ao governo de São Paulo em 2014, após saída do DEM. Sérgio Petecão foi convencido de que na legenda de plantão haverá ‘maior visibilidade no cenário nacional’. Petecão não considera incoerente apoiar, agora, um governo petista no plano nacional, mesmo que no cenário regional continue fortalecendo as trincheiras de oposição à Frente Popular.
O senador acreano considera a polarização da disputa à prefeitura da Capital entre o deputado federal Bittar e Tião Bocalom “um desrespeito” ao PMDB e à liderança de Flaviano Melo e chama para si uma responsabilidade que se apresenta cada dia mais difícil: unificar a oposição no Acre. Leia os principais trechos da entrevista:
A GAZETA – Ir para o PSD não vai soar ‘estranho’ ao eleitor? Afinal, muita gente votou no senhor pelo discurso afinado com a oposição e agora o senhor vai compor com um partido cuja liderança maior [Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo] já anunciou que vai apoiar a presidente Dilma Rousseff, do PT.
Sérgio Petecão – Estou no partido há 20 anos. E sou muito grato ao PMN porque tudo o que tive na minha vida política foi através do PMN. Mas, hoje, eu sinto dificuldades por ser um partido pequeno e nós temos um projeto político.
A GAZETA – “Nós” quem? Agora, quando o senhor fala “nós” está se referindo a quem? Ao grupo político que apóia Dilma ou o grupo que é oposição no Acre?
Sérgio Petecão – Ao meu grupo. Na minha campanha de senador, eu senti muita dificuldade. Eu senti muitas dificuldades por conta da estrutura partidária. O PMN é um partido pequeno, né? O ‘partido do Kassab’ (sic), segundo ele mesmo, vai apoiar a Dilma. Eu já disse pra ele: ‘Olha, Kassab, nós temos que oferecer um projeto alternativo. Que não seja PT nem PSDB…’
A GAZETA – Que projeto seria esse?
Sérgio Petecão – Um projeto inovador para o país. Que seja uma coisa nova… um projeto novo.
A GAZETA – No plano local, a adesão ao PSD pode criar algum tipo de problema para a oposição nas próximas eleições uma vez que foi eleito como um senador da oposição e agora vai apoiar a presidente Dilma?
Sérgio Petecão – Eu não vejo assim. Com a minha saída do PMN não significa que o partido vai acabar, não. Eu preciso de um partido que possa me dar uma visibilidade maior aqui no cenário nacional… eu preciso ter um apoio maior para que nós possamos colocar em prática o nosso projeto. O PMN hoje não me dá essa condição, entendeu? O Petecão é oposição no Acre. Pode ter certeza disso.
A GAZETA – Que apoio uma possível gestão de Márcio Bittar ou Tião Bocalom teria com Tião Viana no governo?
Sérgio Petecão – Um exemplo que eu dou para demonstrar que é possível fazer uma boa gestão no município, mesmo com um adversário político no Governo, é o prefeito de Cruzeiro do Sul, Wagner Sales. Eu não acho que é impossível administrar, não. É plenamente possível.
A GAZETA – A oposição está organizada o suficiente para encarar as eleições com chances reais de vitória?
Sérgio Petecão – Eu nunca vi a oposição tão forte no Acre. Tião Bocalom ou Márcio Bittar. São dois nomes fortíssimos. Esse racha é uma questão interna do partido. Mas acho que é um desrespeito ao PMDB. Tem que ouvir o Flaviano. Ninguém discute eleição em Rio Branco sem conversar com Flaviano Melo. Eu ganhei de Jorge Viana em Rio Branco. João Correia ganhou do Edvaldo em Rio Branco e isso se deve muito ao apoio do Flaviano. Não sou candidato a prefeito. Meu grande desafio… a minha missão vai ser unir essa oposição. Nós temos que pensar maior. Temos que pensar no governo.
A GAZETA – Como governador?
Sérgio Petecão – Temos que pensar no governo. Buscar o governo.