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MEU CÉU DE BRIGADEIRO


*Luiz Carlos Amorim – Escritor

 O céu de brigadeiro desses dias 6, 7 e 8 de abril, o sol quente e brilhante de início de outono estão belíssimos. Apesar de ter havido muitas tempestades com enchentes e tragédias tantas em vários estados nos últimos tempos – no início da semana  mesmo houve chuva, vento e granizo em cidades do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas – o tempo dá uma trégua e o mundo fica bonito outra vez. A passarinhada vem cantar a minha porta, entra na minha cozinha e vem me dizer que a natureza ainda acredita em nós, seres humanos, que talvez ainda possamos nos redimir.

 E a imagem do céu azul invade os meus olhos e minha alma capta esse quadro de beleza ímpar para que, mesmo que mais para frente haja nuvens e vento, eu possa ter a paz e a serenidade gravados em meu coração. Para poder enfrentar a diversidade que eu mesmo provoquei.

 Temos tido alguns dias lindos, mas não posso me enganar e achar que daqui para a frente tudo será claro e azul, que os erros que cometemos até aqui não comprometerão nosso futuro. Preciso aproveitar os bons dias para refletir minhas ações e procurar mudar meu comportamento, no sentido de não agredir mais o meio ambiente, de não poluir a natureza.

 Porque o tempo está furioso com o descaso de nós, filhos da Terra, que renegamos a Mãe Natureza e estamos destruindo o planeta. As amostras da indignação de uma força maior que rege os destinos de tudo já são bem visíveis. Saberemos entender a tempo de reverter o processo?

 Queria poder apenas cantar a beleza dos dias, sem me lembrar que em outros lugares o dia foi bem diferente, com pessoas desabrigadas, casas destruídas, pessoas mortas. Mas por mais que eu não tenha sido atingido por vento, chuvas torrenciais que provocam enchentes e deslizamentos, raios e trovoadas, a dor daqueles que passaram e estão passando por tudo isso dói em mim também.

 Quisera poder dar àquelas pessoas atingidas pelo mau tempo um pedacinho do meu céu azul, para amenizar a dor de suas perdas, para dar-lhes esperança no amanhã. Então divido o céu de brigadeiro e a responsabilidade de cuidar melhor do lugar onde vivemos, para que a natureza volte a se tranqüilizar e não precise mais se indignar conosco.

     

*Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 30 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros. Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 26 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.  Http://luizcarlosamorim.blogspot.com

 

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