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Esgoto a céu aberto do Baixada da Habitasa é caso de difícil solução

Em janeiro deste ano a reportagem de A GAZETA foi convidada por moradores do bairro Baixada da Habitasa, para conhecer e registrar a situação caótica do local. O bairro, que fica a um quilômetro do Centro de Rio Branco, foi contemplado com recursos do PAC I – Programa de Aceleração do Crescimento, em 2009 e por falta de gerenciamento teve suas obras suspensas.

A paralisação da obra por quase dois anos inquieta e gera revolta nos moradores, principalmente das ruas Bogotá, México e Bolívia além da Travessa Jamaica. A placa com informações sobre a obra continua na esquina da Rua Venezuela com a Rua Bogotá do mesmo jeito que continua o esgoto à céu aberto nas ruas Bogotá e México o que é uma prova concreta de que a obra foi está muito longe de ser concluída.
A obra custa R$ 3.719.256,30 e segundo o Diretor do Departamento de Pavimentação e Saneamento – Depasa, Gildo César, todas as obras de escavação no Estado estão suspensas até maio, período em que se começa a estiagem.

Apesar de o prazo de execução já ter encerrado em 24 de fevereiro de 2011, a obra só será reativada em maio e pela empresa Eleacre.

De acordo com João Francisco Salomão, proprietário da Eleacre, a obra foi passada para sua empresa somente no final de 2010, depois que a primeira empresa contratada abandonou a obra.

João Salomão não está na-da otimista para executar da obra. “Quando você faz esgoto ele precisa correr naturalmente para algum lugar. A área é alagada e eu não sei se uma drenagem vai funcionar. Além de dar continuidade à obra é preciso estudar uma modificação no projeto, se não, vai ser dinheiro jogado fora”, sentenciou.

Os péssimos prognósticos de João Salomão continuam. Segundo ele, o esgoto não tem para onde correr e para se fazer uma estação de tratamento elevada, bombeando o esgoto, o tempo todo, com bombas movidas à energia, será muito caro. “Eu, como empreiteiro, sou contra essa obra. Ficaria mais barato retirar todo mundo de lá. O local é impróprio para habitação”.

Moradores dizem que bairro existe há mais de 20 anos
Contrariando a observação do empreiteiro Francisco Salomão, a moradora Maria Francisca Nascimento, 52 anos, que habita no bairro há mais de 20 anos assegura que as ruas já foram melhores e que a situação só se agravou depois que as abriram para colocar os canos que irão receber os esgotos.

Ela contou que depois que iniciaram as obras, arrebentaram a encanação da rede de água da Rua Bogotá e Bolívia e por isso o bairro vive encharcado.

A presidente da Associação dos Moradores, Raimunda Oliveira, conta que observou muitas coisas erradas na obra. “Eles começaram do baixo para o alto e quando chegaram na Travessa Jamaica o esgoto começou a retornar e aí eles abandonaram a obra. Faltou fiscalização da prefeitura ou de quem quer que seja que entenda desse negócio de esgotamento sanitário”, revelou.

Irenice Queiroz, 42 anos, comerciante, nos disse que mora na Rua México há 12 anos e que a situação só pio-ra com o passar dos anos. “Quando vieram colocar as manilhas no meio da rua pensamos que ia melhorar. Colocaram mas não tamparam direito as valas abertas e nunca mais voltaram para fazer a ligação das casas para a rede de esgoto”.

O morador José Ferreira dos Santos, 32 anos, acredita que as manilhas colocadas serão insuficientes para receber tantos esgotos. “Nem é preciso a gente ser engenheiro para saber. Colocaram umas manilhas de 150 milímetros. Umas coisinhas pequenas demais. Mesmo que canalizem os esgotos das casas para essa rede, em algum canto vai estourar. É muita merda (sic) para tubos tão pequenos”, criticou.
A dona-de-casa e moradora da Rua Bogotá, Maricélia Costa Ferreira, 35 anos, disse que seu marido resolveu, ele mesmo, canalizar o esgoto de sua casa para a rede e o resultado foi uma catástrofe. “Quando chove o esgoto volta todo pra dentro da minha casa. Isso aqui não corre para lugar nenhum, fica parado. Nosso bairro fede”, reclamou.

Engenheiro sanitarista aponta a solução
Convidado pela reportagem para ir ao bairro Baixada da Habitasa e fazer uma avaliação da situação, o engenheiro sanitarista, do Mato Grosso do Sul, Victor Hugo Hoff, conversou com moradores e observou as obras que já foram feitas.

Segundo sua avaliação, parte da rede está pronta. “O que está faltando, além da concretização da rede, é a realização das obras dos ramais que são as ligações das casas para a rede. Isso não é complicado de fazer. Depois disso vem o conserto da encanação de água e a pavimentação das ruas”.

Victor Hugo disse que a empresa contratada deve fazer as caixas de passagem e os próprios moradores é que devem fazer a ligação do seu esgoto para essas caixas. No entanto, ele alerta para a destinação da rede. “Eu não sei para onde esta rede irá. O certo é que vá para uma estação de tratamento que naturalmente deve ficar num nível infe-rior ao da rede. Elevar um esgotamento sanitário custa caro e é inviável. Se faltar energia, por exemplo, o esgoto volta e vai ficar a maior meleca em todo o bairro”, sentenciou.

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