Índios de sete etnias ameaçam acampar em frente do gabinete do governador, a partir de hoje. Eles deram o prazo até meio-dia, quando terão uma resposta do Governo do Estado sobre suas reivindicações. A revolta indígena aumentou depois de uma reunião realizada com o núcleo do Ministério da Saúde. O principal pleito do movimento e a exoneração do coordenador do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (DSEI) do Alto Purus, Antônio Alves Costa.
Munido de inúmeros documentos e um microgravador, o representante dos povos Huni Kui do Acre, Ninawá Huni Kui, assegurou que vai provar, para todas as autoridades do Estado, o descaso dos ordenadores de despesas com a Saúde Indígena. “Ontem, em reunião com o pessoal do núcleo do Ministério da Justiça, descobrimos que existem recursos que foram descontingenciados, ou seja, executados por desinteresse e descaso”, disse ele, apertando o play de microgravador.
“Nos últimos 5 meses, foram mais de 20 mortes nas aldeias, todas causadas por incompetência e descaso de quem administra os repasses da saúde indígena”, desabava Ninawá Huni Kui.
Os índios chegaram a fazer uma audiência pública com representantes de Ministério Público Federal (MPF), e todas as entidades para tratar de um inquérito civil, sobre as questões de atendimentos prestados na Casa de Saúde Indígena (Casai).
Acampados há quase 5 meses em frente ao Prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), paciente e líderes, no mês janeiro, sitiaram a e fizeram 30 funcionários reféns, dentre o coordenador Antônio Alves Costa. Antes, eles já tinham feito vários protestos pelas mesmas reivindicações.
“Só vamos sair quando o Costa for exonerado”, afirmam líderes indígenas
Ninawá Huni Kui e o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Alto Purus (Condisi), Gerson Severino da Silva Machinery, afirmam que só suspenderão o acampamento depois da saída do coordenador Costa. Em documento oficial, eles pediram a exoneração dele. A Secretaria Especial de Saúde Indígena negou o pedido.
“A gente quer a saída do Costa desde a reunião com secretário nacional de atenção à Saúde Indígena, Antônio Alves”, informou o presidente do Condisi. “O Costa tem agido com inverdades, na tentativa de dividir os povos indígenas e fomentando a centralização das ações no DSEI, desrespeitando as nossas lideranças e cultura”, completa Ninawá Huni Kui.