Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Detentos acusados de matar colega asfixiado alegam que não tinham intenção de matar

“A intenção era desarmá-lo para entregá-lo aos agentes penitenciários, mas aconteceu o pior”
Detentos
Os detentos Antônio Barbosa do Nascimento Neto, 25 anos, “o Natal” e José Arimateia Pedrosa de Carvalho, 22 anos, acusados de matar por asfixia o também detento Edvan Teixeira de Lima, 41 anos, crime ocorrido na tarde desta quinta-feira, 31, dentro da cela 03 do pavilhão “G”, afirmaram que não tinham intenção de matar Edvan, e que a morte do detento foi um acidente.

Segundo versão dos acusados, o detento morto era um homem extremamente violento e que já tinha espancado um agente penitenciário, e quando ocorriam desentendimentos na sua cela, ele agredia os outros detentos e afirmava que ele era quem mandava no Pavilhão, pois era o único que possuía uma arma, (estoque).

De acordo com Antônio Barbosa, no último dia 23, Edvan Teixeira foi transferido para o corretivo após ter se envolvido em uma briga, onde ele espancou outro detento.

No dia seguinte, Antônio “Natal” e mais quatro detentos também foram levados para o corretivo por indisciplina durante o banho de sol.
Ao chegar à cela do corretivo “Natal” foi agredido por Edvan que exibiu o estoque e avisou aos demais detentos que ele era o “chefe” do corretivo.

“O Edvan era muito alterado, quando fumava maconha ou cheirava cocaína, ele não deixava ninguém dormir, ameaçando matar os colegas de cela e qualquer coisa era motivo para ele espancar uma pessoa” contou “Natal”.

Na tarde de quinta-feira, 31, sem nenhum motivo ele se aproximou do detento José Arimateia e desferiu um soco em seu rosto, em seguida pegou o estoque e passou a ameaçar os demais presos.

Para reafirmar sua “autoridade” de líder do corretivo, segundo versão dos acusados, Edvan resolveu espancar “Natal” novamente, que não reagiu e foi tomar banho.

“Quando eu estava saindo do banheiro com a toalha no pescoço, vi quando Edvan se aproximou do Arimateia e deu outro soco no rapaz, e como ele estava com o estoque na mão, chutei a mão dele e o estoque caiu no chão. Nesse momento o Arimateia segurou as pernas e eu passei a toalha no pescoço dele tentando imobilizá-lo para entregá-lo aos agentes penitenciários, pois não tinha como chamar os agentes com ele armado, pois até eles chegarem já estaríamos mortos.

Eu apertei a toalha no pescoço dele, até ele desmaiar em seguida chamamos os agentes, mas enquanto lutávamos para dominá-lo ele se feriu com o estoque que estava no chão. “Ele não foi perfurado, apenas sofreu arranhões do estoque em atrito entre o corpo dele e o chão” relatou Antônio “Natal”.

Segundo os acusados quando os agentes entraram na cela Edvam Teixeira estava desmaiado, e os presos foram algemados e retirados do local.
Quando os agentes perceberam que o detento não estava respirando acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, que somente confirmou a morte de Edvan.

“Foi um acidente de percurso, não tínhamos a intenção de matá-lo, caso contrário teríamos usado o estoque” reafirmou “Natal”.

Quem era a vítima
Edvan Teixeira de Lima, 41 anos, era condenado por crime de homicídio. Ele e a mulher que também cumpria pena no Presídio Estadual foram condenados pela morte de um homem que seria o pai da mulher e sogro de Edvan.

Segundo informações dos detentos que dividiam a cela com Edvan, por ele ser preso antigo queria a todo custo ser “líder” do Pavilhão e  usava a violência para impor respeito nos demais reeducandos.

Quem são os acusados
José de Arimateia Pedrosa de Carvalho, 22 anos, entrou no Presídio em fevereiro de 2010. Condenado por crime de latrocínio (roubo seguido de morte).

Antônio Barbosa Nascimento Neto, 25 anos, “ Natal”, condenado por tráfico internacional de drogas. Ele foi preso em 2007, quando foi flagrado por agentes da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Rio Branco, tentando embarcar com 20 quilos de cocaína para a cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte de onde é natural.

Detentos_2

Sair da versão mobile