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Mãe perde três dos quatro filhos para a violência em Rio Branco

Iracy Lima de Oliveira, 58 anos, têm a vida marcada por tragédias que ceifaram a vida de três dos quatros filhos que teve.

As mortes violentas começaram em 1995, quando o filho mais velho Antônio Lima de Oliveira, foi morto a tiros e a golpes de faca quando tomava banho no Igarapé Judia na localidade conhecida por “Cai n’água”, no bairro Seis de Agosto.

Na época a vítima tinha apenas 22 anos de idade e o crime nunca foi solucionado pela Polícia. O suspeito de ter sido o autor do crime conhecido pelo apelido de “Bica” foi morto a tiros anos depois durante um confronto entre traficantes.

Em fevereiro de 2004, a mulher ainda sofria a morte do filho quando mais uma tragédia marcou sua vida.

O segundo filho, Orfeu Viana de Lima, na época com 21 anos de idade, também foi assassinado a tiros, em um crime que ficou conhecido como a “Chacina da Floresta”

Passado onze anos da morte do primeiro filho, e seis anos da morte do segundo, Iracy de Oliveira, seguia a vida trazendo consigo cicatrizes e sentimento de injustiça que jamais apagariam, mas seguia a vida feita de lembranças dolorosas, quando imaginava que a cota de sofrimento havia terminado, a violência novamente cruzou o seu caminho, com o homicídio do terceiro filho.

No último dia 11, Osman Viana de Lima, 31 anos, “Mazinho”, foi vítima de um crime bárbaro, ao ser executado a tiros e golpes de terçado.

O crime aconteceu na madrugada de uma segunda-feira, a mulher dormia e foi acordada por vizinhos, informando que ela havia perdido mais um filho para a violência urbana de Rio Branco.

Para a mãe a dor triplicada, e a revolta de saber que o terceiro filho se transformou em mais um número da macabra estatística da violência no Acre.

A lembrança dos dois que se foram anteriormente e a impunidade de seus algozes dá a Iracy a sensação de impotência e o pavor de perder o único filho que lhe resta.

“Quando meu primeiro filho foi assassinado mudei de bairro, fui morar no bairro Santa Inês, na esperança de afastar meus filhos do meio de violência, passado alguns anos, perdi meu segundo filho da mesma forma violenta e sem explicação, novamente sai do bairro onde morava, hoje sei que não tenho para onde ir, não existe lugar seguro” desabafou.

Com um olhar triste e a dor aparente, Iracy de Oliveira apela às autoridades para que não deixem as mortes de seus filhos se transformarem apenas em números da violência e impunidade e implora por Justiça.

“Vivo o caminho inverso da natureza em que os filhos devem enterrar os pais e eu ao contrário já enterrei três e a dor é maior por que todos foram vítimas de violência, nenhum morreu de causas naturais. Os três foram mortos a tiros, facadas e pauladas, crimes brutais e a cada dia eu morro, pois para aumentar a dor nenhum dos assassinos dos meus filhos foi punido, e sou obrigada a me calar, temendo perder o último ou quem sabe não seja eu a próxima vítima” lamentou.

A mulher pediu para que não tivesse sua imagem divulgada temendo represálias, alegando que os assassinos de seus filhos continuam gozando de liberdade.

“Prefiro que minhas palavras sejam levadas aos quatro cantos do mundo e que em algum momento ela seja ecoada, seja ouvida e alguém decida fazer valer o meu direito para que antes de morrer saiba que os assassinos de meus filhos foram punidos” finalizou.

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