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Crise política antecipa o clima de sucessão à Prefeitura de Tarauacá

 A cassação definitiva do prefeito de Tarauacá Vando Torquato (PP) criou um clima sucessório antecipado no município. As diversas forças políticas que atuam em Tarauacá estão envolvidas em debates internos para encontrar nomes que possam concorrer ao cargo. As marcas deixadas pelas mais recentes gestões no município parecem não ter deixado a população tarauacaense muito satisfeita. A cidade se ressente claramente de maiores cuidados com a pavimentação das ruas, distribuição de água, assistência social e limpeza urbana.

Talvez um dos cenários mais complexos da política acreana seja o de Tarauacá. Pelo menos quatro lideranças importantes deverão influenciar na indicação de candidatos à prefeitura tanto na Frente Popular quanto na oposição: o deputado Moisés Diniz (PCdoB), o deputado Walter Prado (PDT), o ex- deputado Luiz Calixto (PSL), o deputado federal Gladson Cameli (PP-AC). Além da atual prefeita Marilete Vitorino (DEM) que deverá concorrer à sucessão de Torquato.

O ex-candidato à Prefeitura de Tarauacá, em 2004 e 2008, Chagas Batista (PCdoB), conversou com A GAZETA sobre a atual situação política no município. Ele, inclusive, já colocou o seu nome à disposição para disputar a prefeitura mais uma vez em 2012. Segundo ele, com a concordância do diretório municipal do seu partido.  “O quadro é muito confuso. O Vando vinha num processo de desgaste profundo e a situação da cidade se agravando com as explosões de denúncias de corrupção. O Vando perdeu a noção de administrar e resolveu cuidar dos negócios dele”, relatou Batista.

Atual gerente da Seaprof, Batista, fala da vice-prefeita que assumiu a prefeitura. “Apesar de ela fazer parte das mesmas forças conservadoras que davam sustentação ao Vando, temos um novo quadro. Ela vai tentar fazer mudanças colocando pessoas do seu grupo político ligadas ao seu pai Odilon Vitorino (já falecido) que foi prefeito de Tarauacá entre 85 e 89. Ela tem manifestado a intenção de se aproximar do Governo, mas as forças que compõe o seu grupo político resistem à aproximação. Por isso está numa encruzilhada”, revelou.

Divergências  entre  o  PT  e o  PC DO B
É público e notório que os partidos em Tarauacá alimentam uma rivalidade. Batista explica os motivos: “os dois partidos tiveram a primeira prefeitura de esquerda do Acre com o Jasone (PT) e o Moisés (PCdoB). Naquele momento a cidade estava com a prefeitura completamente destruída pela administração do Cleudo Rocha (PP) e com 14 meses de salário do funcionalismo atrasado. Em dois anos organizamos a gestão e restauramos a credibilidade da população à administração. Transformamos a pior gestão na melhor avaliada do Estado. No segundo ano da aliança entre o PT do PCdoB se criou um clima muito positivo e Tarauacá começou a prosperar. A cidade ficou organizada e limpa. Tarauacá floresceu. Mas um grupo do PT passou a compreender que não era possível que dois partidos de esquerda pudessem crescer no município e que um teria que comer o outro”, salientou.

Segundo Batista, no auge do sucesso da administração da prefeitura começaram os desentendimentos. “O PT passou a nos hostilizar e exoneraram todos os nossos aliados nas secretarias. O PCdoB foi sendo triturado porque eles achavam que o Moisés Diniz poderia enfrentar o Jasone na eleição seguinte. E não existia nada disso. O Jasone teria todo direito de ser candidato à reeleição e a gente teria o maior prazer em apoiá-lo porque a gestão estava dando certo. Mas o processo de humilhação fez com nós rompêssemos”, relembrou.

A difícil unidade da FPA
Indagado como está atualmente à relação em Tarauacá entre o PT e o PCdoB, Batista, comentou: “Mais recentemente fizemos uma aliança para a disputa da prefeitura em 2008. Uma parte do PT veio, mas outra não. Agora a gente conversa com o PT, mas existe muita dificuldade dos petistas compreenderem que em determinadas situações existem candidatos em outros partidos da Frente Popular melhores. O argumento que eles usam é que tem o presidente da República e o governador. A FPA terá muita dificuldade para chegar a um entendimento para disputar a eleição. Tem o PP do prefeito cassado, o PT que é o partido do Governo, o PDT que é do Walter Prado e o PCdoB. Quatro partidos da FPA que postularão a prefeitura”, destacou. 

Batista explica que tem dialogado com todos os grupos políticos da FPA. “Mas acho que nesse momento é mais importante conversar com a população. Não tenho um projeto pessoal, mas coletivo. No entanto, já coloquei o meu nome à disposição para concorrer à prefeitura. Tenho um compromisso com o município e não troco Tarauacá por nenhum outro lugar. Sou inconformado com a situação de humilhação que vivemos atualmente”, finalizou.  

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