Mais um deputado da base governista se manifestou de maneira veemente, ontem, na Aleac, sobre a desocupação do Residencial Ilson Ribeiro. Edvaldo Souza (PSDC) subiu à tribuna e leu um protesto contundente à ação desencadeada para retirar as famílias das casas populares. O parlamentar, que também apresenta um dos programas de TV mais populares do Acre, afirmou: “assisti a um espetáculo deprimente do uso da força, da truculência, contra cidadãos que pagam impostos, que vivem”, disse ele.
No seu discurso, Edvaldo Souza salientou que não acredita que a ordem para a desocupação das casas tenha partido do governador Tião Viana (PT). “Eu o tenho como um legalista preocupado com as causas humanitárias. O que vi foi uma barbeiragem política que causou estragos consideráveis com as causas humanitárias. A comunidade não quer explicações sociológicas, mas a resolução dos seus problemas”, destacou.
Para justificar a razão da invasão, Edvaldo salientou: “temos um déficit habitacional de 20 mil casas. Na periferia, as pessoas pobres sobrevivem às duras penas. São trabalhadores, pais de família, diaristas, que vivem de aluguel e tentam sobreviver. Se os ocupantes não tivessem se manifestado, reivindicado o direito à moradia não saberíamos que a obra estava parada há um ano com o mato tomando conta e ainda faltando parte da execução”, desabafou.
Como jornalista Edvaldo também condenou a falta de acesso dos profissionais de imprensa ao local dos acontecimentos. “Fico indignado com o cerceamento de quem tem o direito de informar e mostrar a verdade dos fatos. Os argumentos utilizados chegam à raia do absurdo. Até em tempos de guerra a imprensa tem acesso às áreas de combate”, alardeou.
Prado quer entregar relatório a organismo de direitos humanos
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Aleac, deputado Walter Prado (PDT), bradava, ontem, que vai querer uma investigação detalhada sobre os acontecimentos no residencial. “Estou pedindo as imagens das televisões. Também vamos indagar o Comando da Polícia Militar para saber a que horas os soldados ingressaram no residencial. Só poderia acontecer alguma coisa depois do sol nascer”, relatou.
O parlamentar ironizou o que chamou de excesso de força utilizada na operação. “Quero saber o número de policiais que participaram da desocupação porque parecia que iriam invadir o Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Feita essa análise, se for o caso, vamos enviar um relatório aos organismos dos direitos humanos nacionais e internacionais. Alguém tem que ser responsabilizado porque não acredito que o governador mandou fazer isso”, justificou.