Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Moisés Diniz e major Rocha trocam acusações pessoais na Assembléia

A temperatura subiu na sessão de ontem da Aleac. As divergências políticas entre o líder do governo, Moisés Diniz (PCdoB), e o oposicionista major Rocha (PSDB) chegaram ao extremo. Por conta das trocas de acusações e insultos entre os dois, o presidente Élson Santiago (PP) chegou a suspender a sessão por alguns minutos para tentar serenar os ânimos. Mas mesmo com os microfones desligados os dois parlamentares continuaram um bate-boca desenfreado diante uma platéia de deputados e jornalistas atônitos.
Deputados1504
A contenda começou quando o líder do governo, Moisés Diniz (PCdoB), anunciou que o deputado Chico Viga (PT) deixaria o PT para o PSD, mas que continuaria na base. Além disso, Diniz garantiu que os parlamentares oposicionistas Denílson Segóvia (PSC) e Marileide Serafim (PMN) também engrossariam as fileiras governistas. Rocha ironizou as informações e convidou os insatisfeitos da Frente Popular a se mudarem para a oposição. Depois garantiu que parte dos deputados da base faria parte de uma “ralé” de terceira categoria por não desfrutarem das benesses do poder. 

O líder do governo mandou Rocha cuidar da sua casa (a oposição) e emendou: “não pensa que sou mais um dos seus torturados de Sena Madureira”. O tucano defendeu-se garantindo que respondeu a quatro processos sobre essas acusações e foi inocentado em todos.  Depois retrucou acusando Diniz de responder a processos judi-ciais e de ter mandado libertar presos da penitenciária em Tarauacá para votarem nele. Moisés saiu da sua cadeira e se direcionou para a mesa dos trabalhos com o dedo em riste e gritando. Parecendo uma discussão de adolescentes, Rocha, gritava: “não tenho medo de nada e nem de ninguém”.

Gasolina para apagar o fogo
Os seguranças da Aleac  intervieram e o presidente, Élson Santiago (PP), suspendeu por alguns minutos a sessão. Na volta, dois outros deputados tentavam apagar o incêndio com gasolina. Gilberto Diniz (PTdoB) inflamava Rocha para reagir e acusava Moisés de desrespeitar a democracia da Casa. Luiz Tchê  (PDT) tomou as dores do líder governista e desancou Gilberto: “o deputado não tem moral. Fica a sessão aplicando na Bolsa de Valores e nunca apresentou nenhum projeto para ajudar Sena Madureira. Ele não ficou na FPA porque é muito guloso”, disse Tchê.

O pedetista questionou Rocha por ter chamado parlamentares de “ralé”. “Não podemos ter memória curta. Temos falhas na FPA, mas essa oposição não trouxe nenhuma proposta concreta para nos ajudar a resolver os problemas do Estado. Além disso, ficam fazendo chacota quando deveriam estar tratando de assuntos de interesse da população acreana”, protestou.     

Ânimos serenados
No final, Moisés e Rocha ensaiaram uma reconciliação. “Estou envergonhado de estar participando dessa discussão. O meu descontrole começou quando o deputado chamou companheiros da base de ralé. Qualquer palavra ofensiva que eu tenha falado para o deputado Rocha, peço desculpas”, ponderou Diniz.

Por outro lado, Rocha demonstrou não querer levar adiante a contenda. “No meu entendimento ralé não é um palavrão. Mas de qualquer maneira peço para retirar do meu discurso essa expressão. Tenho o maior respeito pelo deputado Moisés Diniz e quero me desculpar se passei de algum limite”, conciliou. 

Parlamentares amenizam o confronto
Depois da tempestade no plenário, os dois deputados, Rocha e Moisés, conversaram com a imprensa. Indagado sobre as acusações contra Moisés em Tarauacá, Rocha respondeu: “Existem denúncias dos agentes penitenciários de Tarauacá que estão sendo investigadas pelo Ministério Público. Não estou dizendo que houve libertação de presos para votar no deputado, mas que existe a denúncia”, amenizou.
Quanto à expressão que utilizou chamando deputados da base de ralé, o tucano explicou: “Foi uma força de expressão para dizer que os deputados são tratados de forma diferente nessa Casa. Alguns têm acesso a todas as benesses do poder e outros são desprezados pelo Governo. Esses deputados são os insatisfeitos que estão tentando mudar de partido. Não quero citar nomes para não cometer injustiça”, justificou.

O parlamentar do PSDB também falou sobre a acusação que recebeu de ser torturador. “Isso foi uma perseguição política e respondi quatro inquéritos e em nenhum fui denunciado. Essa tática de armar depoimentos não comprovados não resulta em nada”, esquivou-se.

Por outro lado, Moisés Diniz, não quis entrar em detalhes na sua acusação de que Rocha haja torturado pessoas em Sena Madureira. “Fui provocado quando chamaram deputados da base do governo de ralé. Sou criticado pela forma tolerante de lidar com a oposição defendendo o papel de criticar o Governo. Mas quando se intrometem na nossa casa eu não aceito e reagi daquela forma. Mas ao mesmo tempo pedi desculpas porque o parlamento é o lugar das idéias. Foi um momento de adrenalina, mas não tenho nada pessoalmente contra o Rocha. Acho que é um bom deputado que cumpre um papel importante na oposição e não haverá nenhum problema de relacionamento entre nós”, minimizou.

Quanto às acusações que recebeu, Moisés Diniz, sentenciou: “quero que a minha vida seja vasculhada 100%. Fiquem a vontade porque a minha vida é um livro aberto. Venho da luta popular e dos movimentos sociais. Sou uma pessoa humilde e simples que veio da cabeceira do Rio Amônia. Hoje foi um dia muito triste. As pessoas confundem parlamento com guerra de guerrilha. Não somos inimigos e a nossa arma é a palavra e o argumento”, finalizou.  

Sair da versão mobile