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Nílson Areal acredita que Sena Madureira pode se recuperar

Depois de ficar um ano e seis meses afastado da prefeitura de Sena Madureira, Nílson Areal (PR) reassumiu com uma série de problemas. Durante mais de uma hora conversou com A GAZETA no escritório do seu advogado Roberto Duarte Filho. Garantindo estar livre de qualquer processo eleitoral e com a Ficha Limpa, Areal não poupou críticas ao vereador Vanderlei Zaire (PP), que ficou um ano e três meses no seu lugar. O prefeito o acusa de deixar a administração de Sena inadimplente com os encargos sociais e de não dar explicações sobre R$ 1,5 milhões arrecadados de ISS das empresas que constroem a BR-364. Por outro lado, Vanderlei fez quatro representações contra Nílson Areal por improbidade administrativa.

Situação da prefeitura
Nílson Areal fala de como reencontrou a prefeitura depois do seu afastamento. “A situação é muito complicada, não só sob o ponto de vista do endividamento, mas também da gestão de pessoas. Contrataram um grande número de prestadores de serviços, complicando o gerenciamento. Foi acumulando e chegou a um nível insustentável. Só de encargos sociais a prefeitura deve R$ 5 milhões. A folha aumentou e não deu para o presidente da Câmara pagar e acabou por inviabilizar a prefeitura. Quando não paga o INSS também não chegam os recursos federais.

A gente recebia uma média entre R$ 6 e R$ 8 milhões por ano quando eu estava na prefeitura porque estávamos adimplentes. Mas como deixaram atrasar a nossa perspectiva é de receber R$ 100 mil. O esforço agora é pagar o INSS e o FGTS, adequar às funções e reduzir a folha para podermos pagar os encargos com tranqüilidade. Só assim vamos ter as certidões validadas”, salientou.

Governabilidade
Outra dificuldade encontrada pelo prefeito foi à mudança do quadro político de Sena. “Nós estamos discutindo com os partidos a construção dessa nova gestão. Deveremos definir para que tenhamos, politicamente, a governabilidade. Temos entre 200 e 300 pessoas que estão sem funções na prefeitura. Nós vamos ter que colocar o dedo nessa ferida. Como estou retornando através de uma decisão do TSE estou muito a vontade. Dói no coração tirar o sustento de um pai de família, mas como meu prazo de validade vai até 31 de dezembro de 2012 tenho que ter responsabilidade”, afirmou.

Segundo Areal, os seus adversários políticos criaram um quadro de caos administrativo. “Saí de forma abrupta e quem ficou governando ao invés de pensar na cidade ficou pensando em mim. E não precisava porque sou um cidadão com um monte de amigos. Deixaram de fazer as obras que o município precisava e a prefeitura inadimplente. Assim começaram os problemas. Ficaram me difamando na imprensa local. Na verdade se achavam que tinha alguma coisa errada deveriam ter procurado a Justiça para me acionar juridicamente. Mas deixaram de pensar nos 40 mil habitantes de Sena. Queriam me matar politicamente e esqueceram da cidade. Mas nós queremos passar uma borracha em toda esse mal-estar para beneficiar Sena Madureira”, lembrou.

Disputa política
Fica evidente que a maior oposição que Nílson deve enfrentar em Sena Madureira será do vereador Vanderlei Zaire. “Para alguns, eu voltaria rancoroso, mas não é isso. Vou precisar da ajuda de todo mundo. Mas, primeiro, tenho que organizar a casa que é a FPA. Inclusive, o vereador Vanderlei Zaire se elegeu na FPA e foi feito todo um processo de aproximação dele, que tinha problemas com o PT de onde foi expulso. No momento da minha saída fizemos uma conversa e se esperava que o Vanderlei pudesse tocar o serviço com tranqüilidade. Não sei se foi opção política dele, mas resolveu caminhar para outro lado e abrir uma guerra comigo e o Governo do Estado. Só quem perdeu foi a cidade.

Ele passou um ano e três meses e não fez um palmo de rua e nem de esgoto, não fez nada pela cidade e ainda deixou um débito monstruoso. E dúvidas sobre a destinação de R$ 1,5 milhão dos recursos do ISS das empresas que constroem a BR-364. Estamos investigando com técnicos para saber para onde foi o dinheiro”, explicou.

Nílson Areal revela o que fará se forem constatadas irregularidades. “Vamos entrar na Justiça. Não para fazer o que o próprio vereador Vanderlei fez comigo. Não quero saber de caça às bruxas. Não desejo para o Vanderlei o que passei nesse tempo afastado da prefeitura. Assisti às pessoas muito próximas se afastando por conta do poder. Os amigos que ficaram até o final deram demonstrações de amizades. Tenho menos amigos, mas verdadeiros”, garantiu.

Processos
Apesar de estar livre dos processos eleitorais, Areal, ainda tem quatro representações contra ele por improbidade administrativa. “Em relação às eleições, é uma página virada na Justiça. Ganhamos todas as 25 representações contrárias, inclusive, as histórias do cheque e das telhas. Mas fora do TSE o vereador Vanderlei me representou em quatro ações de improbidade administrativa. Eu recebia as notificações pedia as cópias à prefeitura que nunca eram disponibilizadas. Estou pegando cada processo e vendo o que aconteceu para responder na Justiça o que está sendo pedindo com tranqüilidade. Agora terei acesso ao que foi feito. Vou mostrar o que verdadeiramente aconteceu”, ressaltou.

Sucessão
Indagado sobre o quadro sucessório de Sena, Areal, considera que ainda é cedo. Mas já sabe quem serão os adversários da FPA na disputa pela prefeitura. “Sena tem que voltar a ser o município pujante que era. Quando cheguei a cidade estava melhorando de vida. O comércio estava acreditando na nossa gestão. A crise política depois se espalhou para o comércio. Precisamos melhorar a auto-estima das pessoas que precisam acreditar que a Sena possa dar certo como no meu tempo. Quando a gente chama a FPA para ajudar na gestão sabemos que teremos bons nomes para me suceder. Vamos construir uma candidatura para enfrentar seja o Vanderlei, a Toinha Vieira (PSDB) ou o Gilberto Diniz (PT do B). A FPA tem dado demonstrações claras de que quando a gente junta a gente ganha. Nós somos muito fortes”, destacou.

Quanto ao seu próprio futuro político, Nílson Areal, não descarta possíveis novas candidaturas. “Tenho aprendido muito com essa história de ficar afastado. Sou funcionário no Governo do Estado, estou pensando que depois do mandato darei uma sossegada com a política porque vou ficar dois anos sem mandato. Se vou ser candidato a deputado esta-dual, federal ou governador isso é outra discussão. Se for para a disputa vou com tudo. Quero primeiro reorganizar Sena para o ano que vem pensar no que vamos fazer. Por outro lado a política te tire do eixo familiar estou precisando ficar mais perto de casa. Estou acordando às 5h da manhã e só chego muito tarde em casa. Estamos trabalhando e o Governo do Estado já acenou para ajudar o município e as portas estão se abrindo, mas a prefeitura tem que dar demonstrações de seu ajuste interno”, finalizou.

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