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Tião Viana defende estrada de ferro para ligar Cruzeiro do Sul a Pucallpa

O governador Tião Viana (PT) cumpriu, ontem, extensa agenda para promover a integração acreana interna e externa. Logo pela manhã, participou de uma solenidade na ponte sobre o Rio Juruá, em Cruzeiro do Sul. A ligação entre os dois vãos da ponte estaiada de 550 m foi comemorada. “Esta obra é o sonho de todos. Um desafio da engenharia para integrar o Acre. Uma obra que tem um significado importante para a vida do povo do Juruá. Mais um passo que estamos dando para que ainda este ano, se o verão nos ajudar, possamos fazer a ligação definitiva entre o Vale do Juruá e o Vale do Acre”, comemorou.

Integração acadêmica Juruá-Ucayali
Depois, acompanhado por 19 deputados estaduais e secretários de Estado, seguiu para Pucallpa, no Peru, para ministrar a aula inaugural da Universidade Nacional de Ucayali (UNU). O evento marca o intercâmbio estudantil entre os estados do Acre e Ucayali que se inicia com a ida de 16 estudantes do Juruá para cursarem medicina e engenharia na universidade peruana.

Num vôo da Star Peru que demorou 25 minutos, a comitiva foi recebida pelo governador de Ucayali, Jorge Velasquez Portocarrero, no aeroporto de Pucallpa onde foram hasteadas as bandeiras do Peru e do Brasil. As autoridades seguiram para a UNU. O reitor Edgar J. Diaz Zuniga deu as boas vindas aos estudantes acreanos e outorgou ao governador Tião Viana e ao secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, os títulos de professores honorários da UNU.

Um dos maiores entusiastas da integração com o Acre, o governador de Ucayali, Jorge Velasquez destacou a importância da aproximação cultural entre os povos. “Faz algum tempo que queremos nos integrar com o Brasil. Não importa se por estrada ou ferrovia. São dois países irmãos que ficam de costas e jamais demos a volta para reconhecermos as nossas dificuldades. Estamos dando um grande passo plantando uma semente que vai germinar aqui na UNU. Através desses jovens vamos iniciar um novo processo dessa atividade política peregrina. Já me disseram que eu estava louco por insistir na integração. Mas a única forma de encontrar liberdade é estando louco. Essa é a maneira de encontrarmos a liberdade da integração. Vamos criar uma integração cultural para uma investigação científica que ajude os nossos povos no futuro. Nos uniremos na luta contra as desigualdades que existem no Acre e Ucayali. Os futuros médicos poderão compartir a inquietude dos homens mais isolados. Vamos investir para manter esses alunos em boas condições de vida”, apregoou.

 Aula inaugural
Ficou a cargo de Tião Viana abrir o ano internacional acadêmico da UNU através de uma palestra para mais de quinhentos alunos. “O intercâmbio entre os estudantes será um símbolo da união entre os povos peruanos e brasileiros. A nossa história se reporta a tempos imemoráveis, mas em 500 anos a nossa integração não está consolidada. Falta um novo destino para esses povos. O tempo de quatro anos do meu governo vai exigir velocidade e a oportunidade de fazer ir adiante a integração entre Ucayali e o Acre. Agora, temos mais uma oportunidade do destino para que possamos unir os nossos povos. Tenho certeza que a decisão política do governador Jorge Velasquez foi tomada e nós, do Acre, decidimos também pela consolidação da integração. Assim também receberemos os estudantes peruanos no Acre”, salientou Tião Viana.

O reitor da UNU, Edgar Diaz Zuniga, elogiou a iniciativa de intercambio entre estudantes. “A integração principal tem que ser pela ciência e a tecnologia. A arma mais poderosa para derrotar a pobreza é a educação. Não existe melhor investimento do que desenvolver a mente dos nossos jovens. Não há melhor herança do que uma profissão universitária. Isso deve ser a ideologia nesse mundo globalizado onde pretendemos preservar o meio ambiente. Pesquisas em parcerias poderão abrir novas portas de conhecimento para os povos. Nós garantiremos uma boa formação aos jovens brasileiros que estudarão na UNU. Será um programa que acontecerá todos os anos”, disse ele.

O idealizador do programa de intercâmbio, Edvaldo Magalhães, também comentou. “Aproximar as nossas comunidades, às vezes, é frustrante, mas essa luta foi ganhando gerações e ocupando espaços em corações e mentes até chegar a algo muito concreto. Estamos mostrando que a integração não é apenas a assinatura de protocolos. A presença de 16 estudantes acreanos escolhidos pelo Enem para estudarem na UNU é uma demonstração que estamos no caminho certo”, afiançou.

O caminho de ferro
Apesar da expectativa de todos os encontros de integração entre Ucayali e o Juruá apontarem para a construção de uma estrada, Tião Viana apresentou uma nova proposta.

“Estamos promovendo um esforço gigante dos setores políticos e públicos para realizar a integração. Mas não há mais como escolhermos a estrada como alternativa. Organismos internacionais ambientalistas criariam todas as dificuldades. Temos que ter uma opção inteligente para consolidarmos a construção da ferrovia entre Ucayali e o Acre, por Cruzeiro do Sul. Nós estamos prontos para percorrermos os organismos internacio-nais para levar o projeto da ferrovia e ir ao BNDES para oferecer a nossa ajuda para convencê-lo dessa necessidade. Temos a obra estratégica da Ferrovia Transcontinental que sai da Costa Atlântica e vai avançar em direção a Rondônia. Devemos nos unir e tomarmos a decisão como prioridade para fazer a estrada de ferro sair daqui para encontrar a Ferrovia Transcontinental. É um projeto que terá muito mais qualidade do que uma estrada sem agredir os órgãos internacionais ambientalistas viabilizando a integração entre os nossos povos”, argumentou.

O secretário de indústria e comércio, Edvaldo Magalhães, um dos artífices do processo de integração, comemorou a proposta da ferrovia. “Tião Viana tem pressa e a integração física será através da ferrovia. Acredito que Pucallpa estará de mãos dadas com Cruzeiro do Sul e vamos dar um adeus ao isolamento. Nós nascemos para ser vizinhos e a Ferrovia vai realizar esse sonho”, destacou. 

Estudante do Juruá comemoram a oportunidade
Morador do Jordão, Romerito Arruda, de 18 anos, jamais imaginou que teria a oportunidade de cursar uma faculdade de medicina. Quando foi contatado pela equipe da Aleac e informado que seria um dos alunos para participar da integração acadêmica entre os dois países. Ele já planeja uma forte mudança de vida. “Quero me formar e voltar para o Jordão e poder ajudar os meus conterrâneos a terem uma vida melhor”, afirmou.

A estudante mais jovem do grupo, Aline de Almeida, de 16 anos, de Porto Walter, também viu o rumo da sua vida mudar com o convite para cursar medicina na UNU, no Peru. Ela já havia sido aprovada no vestibular da Ufac no curso de Ciências Biológicas. “Mas meu sonho era ser médica. Sei da dificuldade de morar num país estrangeiro e ficar longe da minha família. No entanto, acredito que todo esforço valerá a pena para poder ter uma carreira humanista que ajudará muita gente no Juruá”, disse a jovem.

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