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Realidade estúpida!

Antes de ater-me ao tema em epígrafe faço alusão a uma informação que chega através de e-mail assinado por Tony Marle Amorim, trazendo estatística Rbtrans/Acre sobre a frota de Rio Branco. Atualmente o município de Rio Branco tem: 5.866 caminhonetes; 6.329 motonetas; 42.646 motocicletas e; 44.646 automóveis. Esses dados foram atualizados no dia 2 de maio atual.  Então a Capital do Estado do Acre, possui atualmente 101.083 veículos; até o fim do ano de 2011 a frota salta para 122.000. Com previsões de crescimento para os próximos 10 anos de 12.000 veículos ao ano. Calcula-se que em 2020 teremos 230.000 veículos em Rio Branco.

Agradeço ao Tony Marle pela deferência e peço desculpas ao leitor por ter dito aqui deste espaço, na sexta-feira passada, que Rio Branco tinha 200 mil veículos. Procedidas as correções vamos ao assunto de hoje.

Max Scheler (1874-1928) já dizia, em tempos idos, que em nenhum outro período do conhecimento humano o homem se tornou mais problemático para si mesmo do que nos nossos dias. Por conseguinte já não possuímos nenhuma idéia clara e coerente do homem. Dessa forma, nestes dias, apesar dos “modernos” apregoarem em alto e bom som que estamos experimentando coisas fantásticas, na realidade o mundo está mesmo é perdido no meio de um conjunto de dados desconexos e desintegrado, pois salta aos olhos de qualquer leigo a postura passiva da sociedade como um todo, se deixando governar e arrastar pelos impulsos, inclinações e paixões; pelas circunstâncias, pela opinião alheia e pela vontade do outro. Não julgamos mais à luz dos valores e da ética essa cultura do crime perverso e da violência de uns contra outros.

Ao que parece não temos a capacidade de discernir e compreender essa realidade estúpida em que vivemos. Estupidez que nos remete inexoravelmente a diversidade axiológica, com sua inversão de valores.
Não me canso de repetir que Alceu de Amoroso Lima (1893-1983) no seu “Humanismo Pedagógico” fez crítica contundente contra algumas teorias humanistas (marxista e existencialista), em que o homem é exclusivamente objeto ou apenas um projeto, jamais sujeito da história. Tristão de Ataíde alertava, já na década de 40, e pedia aos que vivem as lidas do pensar, que fujam dos perigos dos mitos modernos, que na sua ótica eram: riqueza, tecnologia, cultura, classe, nação e raça; realidades relativas que não podem ser absolutizadas.

O homem atual deixou, em sua maioria, de ser consciente de si e dos outros. Não tem capacidade de reflexão e de reconhecer a existência do próximo como sujeito ético igual a ele.

Perdemos a consciência moral, trocamos a verdade pela mentira. Podemos dizer a verdade, contudo preferimos a mentira, é assim aqui, ali ou em qualquer outro lugar nos quadrantes da terra.

Banalizamos o crime de estupro e o assassinato de mulheres indefesas. Vulgarizamos e até contamos piadas sobre as improbidades do executivo, do legislativo e do judiciário (este em menor escala). Aceitamos passivamente a cultura da morte e a cultura da droga.  A solução para o problema da gravidez e por extensão do aborto na adolescência não consegue sair do campo das soluções teóricas.

Às vezes, como dizia minha falecida mãe, dá vontade de sorrir sarcasticamente, para não chorar, em ver que os crimes cometidos hoje possuem como protagonistas os mesmo bandidos de sempre; alguns deles com mais de 40 passagens pelos presídios. Meliantes contumazes que deveriam continuar presos, mas que estão soltos por ai, infernizando a vida nossa de cada dia, a revelia da própria Lei e da Justiça. 

* E-mail: assisprof@yahoo.com.br

Categories: Francisco Assis
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