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* Hugo Kern

Prezado Silvio Martinello,
A respeito do comentário publicado na sua coluna, na quinta-feira (dia 19 de maio), no jornal A GAZETA, sobre a visita do ministro Aloizio Mercadante ao Acre: “A rigor, em matéria de pesquisas e tecnologia, com exceção de alguma coisa que se vem fazendo na Funtac, o Acre está na pré-história […]

Gostaríamos de esclarecer que a Embrapa possui uma vasta atua-ção na pesquisa científica, em diversas áreas do conhecimento, sendo inclusive referência no país e no exterior. No Acre, essas pesquisas estão focadas no atendimento de demandas tecnológicas existentes nas diversas cadeias produtivas e acontecem articuladas com políticas públicas locais.

O portfólio de projetos de pesquisas da instituição concentra-se nos seguintes núcleos temáticos:

Produção Animal  – pesquisas focadas na redução dos impactos da atividade pecuária na Amazônia, com diversos resultados que incluem o lançamento de novas cultivares de capim e forrageiras recomendadas para o Acre, além do desenvolvimento de tecnologias para aumento da produção de carne e leite, melhoria da qualidade do leite e elevação da capacidade de lotação de pastagens, com diminuição da pressão por abertura de novas áreas.

Tecnologias como inseminação artificial, pastejo rotacionado com uso de cerca elétrica, suplementação alimentar com cana e uréia e controle zootécnico do rebanho, anteriormente usadas somente por grandes produtores da região, foram disponibilizadas para pequenas propriedades e vêm contribuindo para tornar a atividade pecuária mais sustentável, resultando em ganhos econômicos sociais e ambientais medidos anualmente pelo Balanço Social da Empresa (http://bs.sede.embrapa.br/2010/). O uso do pastejo rotacionado, por exemplo, permitiu elevar a taxa de lotação de pastagens de 1,9 para 2,8 animais por hectare, superando a média de lotação nacional de 1,4 cabeças/hectare.

Produção Florestal – pesquisas voltadas para o uso sustentável dos recursos florestais (madeireiro e não-madeireiro). No manejo florestal madeireiro, podemos destacar o Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora), lançado em 2007 e considerado referência no Brasil.  A utilização desta tecnologia no planejamento da exploração florestal reduz os impactos da atividade sobre a floresta e os custos para o produtor ao aumentar a eficácia do processo de licenciamento e monitoramento das atividades em campo, em relação ao sistema tradicional.

Quanto às pesquisas com recursos não-madeireiros, além da copaíba (citada em sua coluna), cujas pesquisas definiram indicadores para uma produção mais sustentável do ólerresina dessa planta, largamente adotados por produtores de diversas comunidades extrativistas de Rio Branco e Sena Madureira, podemos destacar as pesquisas com castanha-do-brasil. Para melhorar a qualidade deste produto e ampliar a competitividade no mercado, a Embrapa Acre, em conjunto com instituições ligadas à cadeia produtiva extrativista, desenvolveu um sistema de coleta com a padronização de procedimentos. Esse sistema, conhecido como Boas Práticas no Manejo, já adotado em diversas comunidades extrativistas, tem fortalecido a cadeia produtiva da castanha, com a organização dos produtores e obtenção de preços mais justos, refletindo em melhoria na qualidade de vida das comunidades rurais.

Para se ter idéia da capilaridade desse trabalho, uma lata com dez quilos de castanha in natura era comercializada a dois reais no final da década de 80. Hoje, o preço pode chegar a 25 reais. Confira o depoimento do Sr. Manoel José da Silva,  presidente da Cooperacre, “O trabalho em conjunto entre as diferentes instituições e as pesquisas da Embrapa foram fundamentais para obter o nível de qualidade atual. Podemos perceber os resultados no manejo na floresta, nos armazéns que a Embrapa recomendou e o Governo do Estado financiou e também na possibilidade de agregar valor à castanha, como a farinha do produto”, afirma. A Cooperacre integra três cooperativas, 20 associações e possui três indústrias de beneficiamento.

Também há pesquisas sobre Fruticultura e Plantas Nativas Agroindustriais e Sistemas Integrados de Recuperação de Áreas Degradadas, cujas descrições dos resultados poderiam ocupar diversas laudas. Entretanto, sem mais delongas, nos colocamos a disposição para esclarecer quaisquer dúvidas relacionadas às pesquisas desenvolvidas pela Embrapa no Acre. Para finalizar, o convidamos para uma vista à Embrapa Acre para conhecer um pouco mais sobre as pesquisas desenvolvidas pela instituição, seus resultados e impactos para a sociedade, em espe-cial para a população rural.

Respeitosamente,
Hugo Kern
Supervisor do Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Acre

 

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