A ordem de serviço do Programa de Recuperação de Ramais foi assinada ontem em cerimônia realizada na sede da Federação dos Trabalhadores Rurais do Acre (Fetacre) pelo governador Tião Viana e superintendente do Incra, Thaumaturgo Neto. Governo do Estado e Incra atuam em parceria na execução do programa que envolve nesta etapa, investimentos de R$ 8 milhões e conta com o apoio da Fetacre. Dezoito municípios serão contemplados a partir de 30 de maio com as obras que devem promover o melhoramento da infraestrutura em 4,8 mil quilômetros de estradas vicinais ao longo do ano tanto em projetos de assentamento quanto outros pólos rurais do Estado.
As reuniões entre equipes técnicas do Deracre, representantes das comunidades rurais e prefeituras serão realizadas durante esta semana para definir as prioridades de cada município. “A participação popular em todos os casos gera a melhor decisão. A hora é agora no início do verão, não podemos perder tempo”, afirma o governador Tião Viana. Um dos ramais beneficiados é o Barro Alto, localizado no km 17 da BR-364, onde mora Maria Luci de Oliveira que espera todos os anos a entrada das máquinas logo após as chuvas para tirar a pequena produção de macaxeira e farinha. Ela fez questão de acompanhar o lançamento do programa que afeta diretamente os moradores da comunidade. “Tem época que a gente fica sem conseguir sair de lá”, diz.
O governador Tião Viana anunciou para 16 de maio, dia do Grito da Terra, data que marca a luta por melhores condições de vida na zona rural, a assinatura de nova ordem de serviço para a continuidade do programa que tem meta de recuperar 4,8 mil quilômetros de ramais este ano. Serão investidos mais R$ 10 milhões com recursos do Incra e Governo do Estado. O diretor do Deracre, Marcos Alexandre, diz que as obras incluem a eliminação dos principais trechos de atoleiros e a recuperação de bueiros e pontes, destruídos a cada inverno pelo volume de chuvas. “Este ano foi atípico. Essa concentração de chuvas em março e abril é pior pros ramais do que o volume distribuído ao longo dos quatro, cinco meses”.
Melhores condições de vida – Para a presidente da Fetacre, Sebastiana Miranda, o movimento de trabalhadores rurais tem consciência da complexidade do trabalho de recuperação dos ramais, mas espera apoio dos parlamentares da bancada federal na luta para obter mais investimentos para o setor. Sebastiana diz que ainda há muito a fazer e a planejar para levar melhores condições de vida e trabalho às mais de 40 mil famílias residentes na zona rural do Estado. Segundo dados do Censo 2010, a população rural do Acre representa 27,4% do total de habitantes. A produção familiar mantém a subsistência dessas famílias que cultivam para consumo próprio e para geração de renda. Em algumas regiões o acesso é dificultado pelo solo e questões climáticas. “Esse debate é feito há muitos anos com governos e movimento dos trabalhadores rurais. Sabemos que estas obras ainda não são definitivas e entendemos a complexidade delas. Na região do Juruá, por exemplo, não existe piçarra. O trabalho é ainda maior, mas é preciso um esforço conjunto para superá-los e evitar que essas famílias migrem para as cidades onde vivem situação degradante. Recuperar ramais é garantir que os produtores vivam em seus locais de origem em condições mais dignas”.