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Hildebrando é condenado a mais de 11 anos de prisão

Depois de 13 horas de julgamento, o ex-deputado Hildebrando Pascoal foi condenado ontem a 11 anos e 6 meses de prisão. Os ex-policiais Alex Fernandes Barros e Manoel Maria Lopes da Silva, o ‘Coroinha’, pegaram 10 anos cada um. O caseiro Marcos Antonio Cezar da Silva, o ‘Cabeça’, e o empresário Ney Ari Bandeira Roque foram sentenciados a 8 anos e 6 meses anos de reclusão. O ex-comandante da Polícia Militar e primo de Hildebrando, Aureliano Pascoal, foi absolvido por unanimidade. As defesas de todos os sentenciados vão pedir a anulação do julgamento.

Mesmo impedido por ato administrativo do defensor-geral, Dion Nóbrega Leal, a defesa de Hildebrando foi feita pelo promotor Valdir Perazzo. De acordo com o documento, a instituição só poderia atuar na defesa de pessoas hipossuficientes (pobres). Perazzo rechaçou a decisão, informando que estava dentro da legalidade. “Tenho o aval do presidente do Tribunal do Júri”, justificou. O advogado Armesson Lee chegou a ser indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AC).

Presidido pelo Juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Leandro Leri Gross, o julgamento foi marcado por tensões ao ponto ser suspenso por duas vezes. Os promotores Leandro Portela e Rodrigo Curti sustentaram a tese acusatória de seqüestro e cárcere privado. “Existia um estado de ilegalidade, com as instituições reféns de um poder paralelo”, argumentou o promotor Gross, fato que, segundo ele, teria desencadeado  uma série crimes.

O promotor Rodrigo Curti, por sua vez, baseou a acusação fazendo uma análise dos acontecimentos, que teve início com a transferência do traficante Gerson Turino de Rondônia para o Acre. Itamar Pascoal teria sido morto por se envolver numa disputa, que envolvia dinheiro, entre o traficante e José Hugo da Silva, o ‘Mordido’. Este matou Itamar e se refugiou, deixando a mulher Clerisnar e dois filhos menores nas mãos de seu principal cúmplice: Agilson Firmino, o ‘Baiano’.

Antes de ser assassinado, a capataz de Hugo deixou a família dele numa fazenda, a 60 quilômetros da cidade de Sena Madureira. Com os assassinatos de Baiano e de seu filho, Wilde, e o desaparecimento de Clerisnar, desencadeou-se uma caçada a todos que tivessem ligação com Hugo. Depois de uma ‘famosa’ reunião no Anexo de Tribunal de Justiça, onde estava presente toda a cúpula de segurança do Estado, foi comunicada a localização da Clerismar, mas nenhuma autoridade quis buscá-la e/ou mantê-la sobre proteção.


Captura
– Um grupo de oito homens se deslocou até fazenda para arrebatar Clerisnar e os filhos (de 7 e 10 anos). Em dois carros, sendo um desses conduzido por Ney Roque, eles os levaram direto para um sítio do ex-vereador Alípio Ferreira (morto), no quilômetro 20 da Estrada de Porto Acre. Eles foram encapuzados e acomodados no porta-malas de um dos carros.

De acordo com Clerisnar, que morreu de câncer há alguns anos, durante o trajeto o sargento Alex batia na lataria do carro e dizia: ‘tá chegando a hora do sal’. De lá, todos foram levados para a casa de Hildebrando Pascoal. 

Cárcere privado – Do dia 3 ao dia 26 de junho de 1996,  Clerisnar e os filhos foram mantidos reféns da família Pascoal. “Eles eram a isca para capturarem o Hugo”, disse o promotor Leandro Portela.  Submetidos a interrogatórios, ela, que não sabia o paradeiro do marido, foi ameaçada, torturada e humilhada pelo grupo.

Devido ao seu desaparecimento e a possibilidade da decretação de uma intervenção federal, a Hildebrando Pascoal forjou uma entrevista numa emissora de televisão, onde afirmou que Clerisnar e os filhos estavam sob a sua proteção.

Quando o cerco se fechou, Hildebrando resolveu deixá-la na cidade de São Paulo, devidamente escoltada pelo então segurança de Hildebrando, o Coroinha, que foi preso pela polícia daquele estado.

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