O governo cancelou duas reuniões que tratariam do aumento e da reposição de perdas salariais acumuladas desde 2008 para os professores. Em resposta a categoria decidiu, em assembléia, marcar um dia de paralisação. Será na próxima-terça-feira (17), com atos públicos no centro de Rio Branco. O Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac) planeja repetir os protestos de 2010, com passeatas e cartazes, agora na luta por um reajuste de 25%.
O plano é envolver todas as escolas de Rio Branco. Para isso, equipes do Sinplac já estão percorrendo os estabelecimentos para comunicar os professores de uma assembléia a ser realizada no próprio dia 17, na quadra do Colégio Estadual Barão do Rio Branco (CEBRB). O objetivo é duplo: reunir os manifestantes e atrair professores provisórios e especialistas, já que muitos denunciam o descumprimento do acordo que pôs fim à greve de 2010, ainda no governo Binho.
– O governo está claramente enrolando a categoria. Com muita antecedência, marcamos uma reunião para o dia 27 [de abril], o governo cancelou. No dia seguinte fizemos uma assembléia com os professores, que consideraram isso um desrespeito e decidiram pelo dia de paralisação. Mas para demonstrar boa vontade, marcamos outra reunião no dia seguinte [dia 29], mas o governo novamente cancelou. Então concluímos que eles só podem estar brincando com a categoria, já que há dinheiro em caixa e não estamos reivindicando nada além do justo -, afirma o professor Edileudo Rocha, secretário-geral da diretoria do Sinplac.
Até o dia 17, o Sinplac pretende espalhar outdoors e cartazes em Rio Branco para mostrar a indignação da categoria. O objetivo é detalhar a pauta de negociações. Explicar, por exemplo, que nem tudo é aumento salarial: os professores reivindicam, na verdade, 16,12% de reposição salarial relativa às perdas com a inflação entre 2008 e 2010, acrescida de 10% de aumento real.
Para facilitar a vida do governo os professores decidiram arredondar os 26,12% para 25%, abrindo mão de 1,12% na reposição ou no aumento real.
Outra proposta do Sinplac para arejar as negociações em ano de crise é a possibilidade de dividir em duas parcelas a parte da reposição salarial (16,12%). A primeira seria paga nesse ano e a segunda em 2012, junto com a perda salarial de 2011.
Para o Sinplac, o governo tem condições de dar o aumento. “Fizemos os cálculos a partir do Fundeb e descobrimos que o governo tem condições de dar um aumento de 17% para todos. Mas o governo diz que nada tem. É outro sintoma do desrespeito com os educadores, mas isso só nos leva a exigir os nossos direitos com mais luta e organização”, reclama Edileudo Rocha.
Antes do cancelamento das reuniões de abril, a diretoria do Sinplac negociou com membros do governo, ainda no começo do ano. Na teoria, secretários e assessores do governo prometeram analisar “com carinho” as reivindicações dos trabalhadores. Deu em nada. (Assessoria)