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Servidores estaduais ameaçam greve na próxima semana

Mesmo divididos e com vários interesses diversos, os sindicatos que representam os servidores do Estado podem deflagrar uma greve geral, a partir da próxima semana. Apenas uma bandeira unifica as centrais e os sindicatos: a reposição das perdas salariais acumuladas. Adiadas por várias vezes, as negociações com representantes do governo estadual ainda não aconteceram.

Ontem, os sindicalistas se reuniram na Câmara Municipal. Mesmo com a proposta de homenagear os trabalhadores, numa sessão solene requerida pelo vereador Marcelo Jucá (PSB), existia um clima de insatisfação e revolta. O assessor especial do governo Francisco Nepomuceno, ‘Carioca’, já avisou que não existe a possibilidade de reajuste ou aumento salarial, em razão de cortes no Fundo de Participação dos Estados (FPE) e pelo limite de gastos com a folha de pagamento, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O presidente do sindicato dos servidores em Saúde, José Correia Daniel, é um dos mais cobrados ‘pela base’. Ele entregou 25 reivindicações ao governo. “Podemos não conseguir todas, mas dessas não abrimos mão: reposição das perdas salariais de 40%, imediato pagamento da insalubridade e complexidade e definição do calendário de pagamento do Plano Bresser”, explicou Daniel, ameaçando parar os serviços caso os pleitos não sejam atendidos.

ENTIDADE  PERCENTUAL DE PERDA

Sinteac …………………………………………10%
Sintesac ……………………………………….40%
Sinspol ………………………………………..45%

“Nós acabamos de realizar uma reunião do nosso conselho deliberativo, que decidiu o seguinte: queremos 10% de rejuste das perdas salariais e mais 5% de ganho real. Caso não sejamos atendidos, vamos para o enfrentamento”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Acre (Sinteac), Manoel Lima, lembrando que a entidade tem “um histórico de lutas e conquistas”.
Para Maurício Buriti, presidente do Sindicato dos Policiais (Sinspol), ‘a paciência está se acabando’. Desde o ano passado, o governo, segundo ele, vem adiando uma negocia-ção com a categoria “Estamos negociando, pacientemente, 2010. Queremos a reestruturação do Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCR), da tabela salarial e a revisão da aposentadoria assegurada na Lei Orgânica, disse ele, dizendo que não abre mão da reposição salarial em torno de 45%.

Professores paralisam no dia 17 por reajuste salarial de 25%
O governo cancelou duas reuniões que tratariam do aumento e da reposição de perdas salariais acumuladas desde 2008 para os professores. Em resposta a categoria decidiu, em assembléia, marcar um dia de paralisação. Será na próxima-terça-feira (17), com atos públicos no Centro de Rio Branco. O Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac) planeja repetir os protestos de 2010, com passeatas e cartazes, agora na luta por um reajuste de 25%.

O plano é envolver todas as escolas de Rio Branco. Para isso, equipes do Sinplac já estão percorrendo os estabelecimentos para comunicar os professores de uma assembléia a ser realizada no próprio dia 17, na quadra do Colégio Estadual Barão do Rio Branco (CEBRB). O objetivo é duplo: reunir os manifestantes e atrair professores provisó-rios e especialistas, já que muitos denunciam o descumprimento do acordo que pôs fim à greve de 2010, ainda no governo Binho.

– O governo está claramente enrolando a categoria. Com muita antecedência, marcamos uma reunião para o dia 27 [de abril], o governo cancelou. No dia seguinte fizemos uma assembléia com os professores, que consideraram isso um desrespeito e decidiram pelo dia de paralisação. Mas para demonstrar boa vontade, marcamos outra reunião no dia seguinte [dia 29], mas o governo novamente cancelou. Então concluímos que eles só podem estar brincando com a categoria, já que há dinheiro em caixa e não estamos reivindicando nada além do justo -, afirma o professor Edileudo Rocha, secretário-geral da diretoria do Sinplac.

Até o dia 17, o Sinplac pretende espalhar outdoors e cartazes em Rio Branco para mostrar a indignação da categoria. O objetivo é detalhar a pauta de negociações. Explicar, por exemplo, que nem tudo é aumento salarial: os professores reivindicam, na verdade, 16,12% de reposição salarial relativa às perdas com a inflação entre 2008 e 2010, acrescida de 10% de aumento real.
Para facilitar a vida do governo os professores decidiram arredondar os 26,12% para 25%, abrindo mão de 1,12% na reposição ou no aumento real.

Outra proposta do Sinplac para arejar as negociações em ano de crise é a possibilidade de dividir em duas parcelas a parte da reposição salarial (16,12%). A primeira seria paga neste ano e a segunda em 2012, junto com a perda salarial de 2011.

Para o Sinplac, o governo tem condições de dar o aumento. “Fizemos os cálculos a partir do Fundeb e descobrimos que o governo tem condições de dar um aumento de 17% para todos. Mas o governo diz que nada tem. É outro sintoma do desrespeito com os educadores, mas isso só nos leva a exigir os nossos direitos com mais luta e organização”, reclama Edileudo Rocha.

Antes do cancelamento das reuniões de abril, a diretoria do Sinplac negociou com membros do governo, ainda no começo do ano. Na teoria, secretários e assessores do governo prometeram analisar “com carinho” as reivindicações dos trabalhadores. Deu em nada.

 Militares promovem manifestação hoje
ELÁYNE NEGREIROS

A Associação dos Militares do Estado do Acre (AME) juntamente com a Associação da Praça dos Bombeiros Militares do Acre (Aprabmac) realizam hoje uma manifestação pacífica. A concentração ocorre a partir das 9h na Concha Acústica, localizada no Parque da Maternidade e segue em passeata até o Comando Geral da PM, no Centro.

A categoria reivindica melhorias salariais e condições de trabalho. Em reunião ontem entre o comando da Polícia Militar (PM) e o comando do Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC) ficou acertado que na próxima quarta-feira, 11, a equipe de governo se reunirá com os representantes da categoria para uma rodada de negociações.

Categoria será a primeira a negociar com o governo
Os militares serão a primeira categoria a sentar com o Governo do Estado para as negociações anuais de reajustes. O calendário de negociações será divulgado na próxima segunda-feira, 9, pelo secretário de Fazenda, Mâncio Lima Cordeiro, que fará uma exposição sobre a economia estadual e as limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

“Na verdade, essas negocia-ções já foram iniciadas e o comando já recebeu uma pauta de reivindicações que contém, inclusive, uma tabela de melhorias salariais elaboradas pela associação que representa os militares. Na próxima segunda-feira o governo anuncia o calendário, e na quarta-feira os militares serão os primeiros a serem acompanhados nesse processo”, disse o coronel José Anastácio, comandante da Polícia Militar.

Os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, junto com o Gabinete Militar, a pedido do governador Tião Viana, serão os responsáveis por conduzir as negociações e intermediar todo o processo entre a associação dos militares e a equipe econômica. Segundo o coronel Flávio Pires, comandante do Corpo de Bombeiros, a principal reivindicação é a reposição salarial com as perdas do período e ajustes para algumas graduações que se sentiram prejudicadas nas negocia-ções anteriores.

“O governador Tião Viana está muito sensível a todas as reivindicações do funcionalismo, de todas as categorias, e fará o possível para atender o que for reivindicado, mas ele não pode ser irresponsável e precisa agir dentro das limitações que estão impostas pelas leis e pelas condições econômicas do Estado”, explicou Pires.

Tião Viana já autorizou a contratação de 143 policiais militares. Serão convocados os candidatos aprovados no último concurso e que integram o cadastro de reserva. Também foi autorizado concurso para o Corpo de Bombeiros e o edital deve sair ainda neste semestre. O efetivo do Corpo de Bombeiros é de 341 homens e o da Polícia Militar ultrapassa os 2,6 mil homens.

A Associação de Militares se prepara para uma manifestação nesta quarta-feira, 4, mesma data do manifesto de 2009, quando policiais militares fecharam uma das principais ruas da cidade durante várias horas do dia. “Nós esperamos que a manifestação seja pacífica, embora já tenhamos sentado com as associações, recebido o documento de reivindicações e a primeira rodada tenha data marcada para a próxima semana. Nós, apesar de estarmos no comando, não deixamos de pertencer à categoria e sabemos que essa negociação é necessária e justa. Agora, todos os militares conhecem a legislação e os estatutos militares e sabem também o que não podem fazer. Um militar em serviço, por exemplo, não poderá participar”, disse o coronel Pires. (Agência Acre)

 

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