A esposa e o neto do militar Sebastião Almeida estavam sós em casa quando ouviram um grande barulho. A mulher correu para a parte da frente da casa levando a criança e escapou do que poderia ter sido uma tragédia. Ela conseguiu salvar apenas alguns pertences antes de ver a residência, localizada na rua Beira Rio no bairro Cidade Nova, ser engolida pelo desbarrancamento que destruiu outras três casas e comprometeu a estrutura de pelo menos vinte. A Defesa Civil isolou e interditou a área.
Até o final da manhã de ontem, Sebastião não havia conseguido encontrar um imóvel para alugar e estava hospedado na casa de vizinhos. Morando há dois anos e meio no local disse não notar nenhuma mudança na estrutura do terreno ou sinais de que a casa iria desabar. As 33 famílias desabrigadas estão sendo acompanhadas pela Defesa Civil e Secretaria de Assistência Social e deverão ingressar no programa de aluguel temporário.
“Não foi uma questão de minutos, foi uma questão de segundos. Foram três estalos e tudo desabou. Eu disse a eles que pelo menos ninguém morreu ou se feriu”, insiste a aposentada Francisca Lima, que hospeda a família do militar que estava em serviço na hora do deslizamento. Ela conta que a filha, que morava em uma das casas atingidas, vendeu o imóvel e se mudou para a Vila Acre há três anos. “Na época fiquei chateada, não entendi. Agora pedi perdão pra minha filha”, diz ela lembrando que no início de abril parte do terreno havia desmoronado levando árvores gigantes existentes no terreno. “Era uma cajazeira imensa. Foi tão forte que as raízes ficaram pra cima. O que é a força da natureza? Aí tinha uns 50 metros de terreno e veja como ficou”. Os moradores estão apreensivos. Muitos deles temem ser retirados do local e ficarem desabrigados.
Apesar do risco, os proprie-tários das casas interditadas tentavam recuperar os pertences e alguns corriam riscos descendo até o barranco para salvar parte dos móveis. Segundo o prefeito Raimundo Angelim, há outros pontos de risco de desabamento em Rio Branco que estão sendo monitorados pela Defesa Civil. Policiais militares fazem ronda de motocicleta para evitar que os moradores voltem a ocupar as casas. “Foi um fenômeno da natureza, impossível de prever. A área havia passado por intervenção da prefeitura há três anos. A prefeitura irá garantir apoio total às famílias desabrigadas”, disse o prefeito Raimundo Angelim durante solenidade de lançamento das obras de pavimentação do Governo Estado na manhã de ontem. Em Rio Branco há 147 mora-dias em situação de risco de desmoronamento.
Prefeitura presta apoio às famílias vítimas de deslizamento na Cidade Nova
A prefeitura de Rio Branco, através da Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) e Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcas) vem prestando amplo apoio às famílias atingidas pelo deslizamento ocorrido na margem esquerda do Rio Acre, na Rua Beira Rio, no bairro da Cidade Nova. O prefeito Raimundo Angelim pessoalmente levou apoio e solidariedade aos atingidos pelo fenômeno registrado no final da tarde de domingo, 1º.
A Defesa Civil constatou que, naquela ocorrência, quatro casas foram derrubadas pela movimentação do solo. Não houve vítimas mas 34 casas foram interditadas porque estão ameaçadas de desabamento. Ontem, 2, a Semcas iniciou levantamento socioeconômico e estudo de caso para definir a ação em relação à cada família. O diálogo se estende às famílias que foram levadas para casa de parentes. Há famílias que viviam de aluguel e locaram, por conta própria, outro imóvel para morar. Há três famílias que resistem em deixar o local mesmo sabendo das consequências.
“Levamos três famílias para a Escola Madre Ildebranda, onde instalamos um núcleo da Secretaria para melhor atender as pessoas”, informou Estefânia Pontes, da Semcas. Junto com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento para Segurança Social (SEDSS) a Semcas busca meios de ajudar as pessoas mais carentes, como a locação de imóveis. (Ascom PMRB)