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Eleição interna poderá gerar intervenção da executiva nacional no PP acreano

Aquilo que era especulação dos bastidores da política está começando a se tornar público e notório. As divergências entre as duas principais lideranças do PP, vice-governador César Messias (PP) e deputado federal Gladson Cameli (PP-AC) vieram à tona com a convocação de uma eleição para indicar os nomes do diretório estadual. A iniciativa provocou uma reação imediata de Gladson Cameli que procurou o presidente nacional do partido, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), para contornar a situação.
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Ontem, por telefone, o deputado acreano explicou o que está acontecendo. “Publicaram no Diário Oficial a convocação partidária para eleger o novo diretório estadual. Mas isso não poderia acontecer sem um consenso entre todas as forças políticas que integram o PP do Acre. Conversei com o presidente Dornelles que mandou cancelar a eleição. Caso isso não ocorra haverá uma intervenção da executiva nacional no diretório estadual”, garantiu Cameli.

Indagado sobre um possível “racha” político com o vice-governador, Gladson preferiu contemporizar. “Haverá uma reunião interna amanhã (dia 26) na sede do partido, em Rio Branco às 17h. Só vou falar sobre a situação interna do PP depois dessa reunião. Minhas ações políticas são transparentes e não costumo agir pelas costas. Mas já posso garantir que não haverá nenhum tipo de afastamento do PP da Frente Popular. Qualquer decisão será coletiva. Aliás, só estou pedindo para que as decisões do PP sejam democráticas e tomadas depois de se ouvir o partido como um todo”, justificou-se.

César Messias: “só não vai haver eleição se houver intervenção”
O vice-governador recebeu o jornal A GAZETA, ontem, no seu gabinete. Messias ponderou que está cumprindo a risca a resolução da executiva nacional que estabelece que a eleição no diretório acreano deverá ocorrer em maio. “Fui pego de surpresa pelas declarações do deputado Gladson Cameli nos sites e blogs de Rio Branco falando sobre rasteira. Ele conhece a minha vida e da minha família, que é a mesma que a dele, e não sou de dar rasteira. Apresentei toda a documentação do presidente do partido, João Pereira, sobre a convocação. Inclusive o atual presidente foi escolhido pelo Gladson. Sou um político que tenho lado e não sou daqueles dúbios. A minha posição é a FPA”, afirmou Messias.

César Messias explicou porque não vai abortar a eleição. “Essa é uma maneira muito triste de fazer as coisas. Vir de cima para baixo e dizer o que tem que ser feito aqui. O diretório nacional tem que estar preocupado com o crescimento do partido em todos os estados. A resolução é categórica quando diz que as eleições têm que ser realizadas até o final de maio. Como uma resolução assinada pelo presidente Francisco Dornelles pode ser cancelada pela informação do primeiro secretário Aldo Rosa? Só não faremos a eleição se houver intervenção da nacional. Vamos seguir de acordo com a documentação que temos em mãos”, esclareceu.

Quanto à possibilidade de querer manter uma presidência aliada, Messias descarta. “Sempre fui de acordo que presidente de partido deve ser alguém com tempo para trabalhar as questões internas. Nesse momento vamos entrar na eleição mais difícil que é de vereadores e prefeitos e precisamos de um partido estruturado com pessoas com tempo para andar nos 22 municípios para relacionar nomes de vereadores para gente chegar ao final de 2012 com o partido ainda mais fortalecido. Assim a gente pode dar a sociedade uma opção partidária de uma agremiação séria como é o PP hoje”, explicou.

Messias nega que tenha divergências com Gladson. “Da minha parte não existe. Mas não concordo que o partido esteja a serviço de grupos que tenham outros interesses. O tempo dirá quem são essas pessoas. Nós estamos fazendo um serviço de base, a gestão do atual presidente foi boa. Se formos ver como estava o partido há seis anos dá para confirmar o resultado. Foi um trabalho duro. Mas isso não impede que haja uma eleição democrática. Se o deputado quer ser presidente deveria montar uma chapa para concorrer”, ressaltou.

Grupos internos
Outra questão rebatida por César Messias foi de que o PP estaria dividido em grupos. “Não pertenço a grupo porque isso é o final de um partido. Sou do PP que participou de uma eleição com um candidato a vice numa coligação de 15 partidos. A minha lealdade está acima de qualquer outra coisa. Em momento nenhum o deputado Gladson Cameli pediu uma reunião com todos os membros para decidir o futuro do PP. Por que ele não faz isso às claras discutindo dentro do nosso partido? Para quê levar o assunto para Brasília?”, perguntou.

Indagado se participará da reunião convocada pelo deputado para a próxima quinta, Messias se esquivou: “o Gladson tem que convocar reunião com certo tempo. Não é chegar de manhã e dizer que quer reunir todo mundo à tarde. As coisas precisam de tempo para ser organizadas. Provavelmente estarei em Cruzeiro do Sul nessa data cuidando de questões do Governo”, antecipou.    

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