Edivanilde, Francisco e Francisca moram em bairros diferentes e não se conhecem. Mas a partir de agora podem ser vizinhos e até amigos, pois irão residir próximos uns dos outros nos lo-teamentos Jequitibá, Aroeira e Itatiaia em 155 casas entregues ontem pelo governador Tião Viana por meio do programa Minha Morada, na região do bairro Calafate.
Cadastrados nos programas sociais do Estado e do município representam três das mais de 30 mil famílias que hoje constam na estatística do déficit habitacional no Acre. Até receberem as chaves das residências que serão seus novos endereços a partir de agora, moraram de aluguel, de favor na casa de amigos e parentes ou tiveram que abandonar seus antigos lares por habitarem áreas de risco e estarem em condição de vulnerabilidade social.
Sem trabalho ou renda, a dona de casa Edivanilde Carvalho da Silva estava hospedada na casa da mãe, local em que habitavam nove pessoas. Com três filhos beneficiários do Bolsa Família, há dois anos demonstrou interesse em se cadastrar no programa Minha Morada e desde esse período aguardava ser contemplada. A primeira casa que terá o nome dela foi considerada “muito bonita”, mas como toda dona de casa, não se esquece das despesas. “Acho que vou pagar só a conta de luz”, calcula. No total, o Governo do Estado entregará nos loteamentos Aroeira, Itatiaia e Jequitibá 696 unidades habitacionais construídas com recursos federais contrapartida do governo estadual em parceria da Caixa Econômica Federal e BNDES estadual.
O governador Tião Viana anunciou para a próxima semana a entrega das chaves de mais 300 residências similares. As casas do Programa de Subsídio Habitacional (PSH) são construídas em madeira e as do Pró-Moradia, de alvenaria. Para Francisco Batista, agente de portaria de uma escola municipal não importa o tipo de construção. Mesmo a distância no novo endereço para os locais de trabalho dele e da escola dos filhos não atrapalha a alegria de ter um imóvel próprio e já planeja plantar uma das mudas de açaí touceira, araçá-boi, ingá de metro e cupuaçu distribuídas aos novos moradores.
A área dos três loteamentos tem ruas asfaltadas, calçadas, rede de distribuição de água, esgoto e rede de energia. Tião Viana reconheceu que é preciso melhorar as condições de infraestrutura urbana nestes locais, como a disposição de uma linha de ônibus para atender à população. Francisca, mãe de oito filhos, se emocionou ao receber as chaves de sua casa em nome dos demais proprietários e ouviu junto com eles um alerta do governador. “Não vendam suas casas, não deixem vender. Mesmo com dívidas não vale a pena se desfazer deste patrimônio que pode ficar para seus filhos que estão tendo uma oportunidade de vida melhor do que muitos aqui já tiveram. São 36 mil pessoas à espera de uma casa. Se vocês se desfizerem desta vão para o final da fila ou nem vão”, diz.
Nove empresas respondem pela construção das 696 casas nos três loteamentos gerando 970 empregos diretos e 1,3 mil postos de trabalho indiretos com recursos aproximados de 32 milhões de reais.