A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e ambientalistas pediram ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que o governo trabalhe para adiar a votação do Código Florestal, marcada para começar hoje (3) na Câmara dos Deputados. Segundo a ex-ministra, é preciso mais tempo para analisar o texto.
Marina Silva relatou ter ouvido do ministro que o governo não está de acordo com o relatório final sobre o código, apresentado ontem (2) pelo relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e não irá trabalhar para que seja aprovado. “O governo apresentou suas propostas, e acho que existe uma frustração com o que foi apresentado e o resultado que veio”, disse Marina. “O ministro está trabalhando no sentido de não ter um texto que não seja consenso”, completou.
Segundo o ex-secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente João Paulo Capobianco, Palocci disse que, hoje, a falta de acordo em relação ao texto de Aldo Rebelo é 100%. “O ministro Palocci disse claramente que não tem essa história de 95% ou 98% de acordo. Hoje é 100% de não acordo.”
Respondendo a declarações de deputados, segundo os quais o governo estaria 95% de acordo com o relatório apresentado por Aldo Rebelo, o ministro Palocci disse: “Às vésperas de uma votação, estar 95% de acordo é igual a estar 100% de desacordo. Ou se tem um acordo completo ou não se tem.”
O chefe da Casa Civil ressaltou que o governo continuará negociando nas próximas horas com Rebelo e as demais lideranças na Câmara para chegar à votação com um acordo consensual entre os interesses da produção agrícola e da preservação ambiental.
Marina Silva disse ainda que o texto a ser colocado em votação tem “pegadinhas” e citou como exemplo o ponto incluído por Rebelo que autoriza os municípios a não seguirem a regulamentação do Código Florestal em áreas destinadas à produção de alimentos, desde que essa produção seja declarada de interesse nacional. (Agência Brasil)