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Senado chama Haddad para explicar livros didáticos

O ministro da Educação, Fernando Haddad, será convidado a comparecer à Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado para explicar, na próxima semana, a adoção em escolas públicas de livros que admitem o uso de expressões que contrariam a norma culta da língua portuguesa. Caso aceite o convite, o ministro também terá de responder a questionamentos da oposição sobre o emprego de livros pelo MEC com críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso e elogios ao governo Lula.

Haddad não compareceu à reunião da Comissão de Educação que tratou do assunto nesta manhã e irritou o presidente do colegiado, Roberto Requião (PMDB-PR). Requião não aceitou que três representantes enviados pelo MEC participassem da audiência pública no lugar do ministro. Segundo ele, faltou “gentileza” a Haddad, que não teria justificado sua ausência após ter confirmado presença.

A audiência pública teve apenas a presença do presidente da Associação Brasileira de Editores de Livros Didáticos (Abrelivros), Jorge Yunes. Autor do requerimento que resultou na reunia, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) ressaltou que a legislação em vigor proíbe a doutrinação política ou religiosa em livros didáticos. “A lei é bem clara. Esse tipo de comportamento de elogiar ou dilapidar a imagem de alguém não cabe no livro didático”, criticou o senador.

O presidente da Abrelivros respondeu que a entidade não influencia o conteúdo dos livros didáticos e que as editoras têm autonomia para atuarem. Yunes afirmou que os livros são submetidos a “avaliação criteriosa” de universidades federais.

Além do suposto favorecimento ao governo petista, os senadores querem que Haddad explique a adoção do livro Por uma vida melhor, da professora Heloísa Ramos, distribuído a mais de 4 mil escolas públicas. O livro admite a troca dos conceitos de “certo e errado” por “adequado ou inadequado”, ao considerar o emprego, em determinados casos, de termos não aceitos gramaticalmente. Entre os exemplos citados pelo livro estão: “nós pega o peixe” e “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”.

“Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar os livro?’. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”, diz o livro. (Congresso em Foco)

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