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Indústria de vidros de Rondônia inicia implantação no Acre este mês

A maior empresa do ramo vidreiro da região Norte, a Mirandex, com sede em Ji-Paraná (RO), se prepara para inaugurar, em Rio Branco, até dezembro deste ano, uma moderna indústria de vidros temperados, que trabalhará também, num segundo momento, com o beneficiamento de vidros laminados. De acordo com o proprietário da empresa, Claudemir Miranda, a unidade de produção do Acre, que será instalada numa área de 13 mil metros quadrados no novo Distrito Industrial, será uma das mais bem equipadas do país e deve proporcionar a redução de até 20% nos preços dos vidros temperados no Estado.

Miranda destaca que outra grande vantagem da implantação da Mirandex em Rio Branco será a diminuição do prazo de entrega do produto, que, atualmente, leva em torno de 20 a 30 dias e, após a entrada em operação da indústria, será de, no máximo, 10 dias.

“Posso afirmar, com segurança, que 70% do vidro temperado do Estado, hoje, é entregue pela Mirandex. Entretanto, ainda enfrentamos dificuldades com a agilidade da entrega e o desenvolvimento de um atendimento mais personalizado. Sabendo que Rio Branco é a única Capital do país que não possui um forno de têmpera de vidros, identificamos a oportunidade de montar o negócio aqui e melhorar a relação com nossos clientes”, relata o empresário.

No próximo dia 10, a empresa, que já está juridicamente constituída com o nome de Mirandex do Acre Ltda, inicia as obras de terraplanagem para construção de sua sede no Distrito Industrial. O empresário rondoniense faz questão de destacar os incentivos fiscais e o apoio técnico que tem recebido do Governo do Acre para implantação da indústria. Miranda é vice-presidente da Associação Comercial de Ji-Paraná e compara: no Acre, existe uma forte disposição do governo para fomentar o setor industrial.

“Fiquei muito impressionado com a receptividade do governador Tião Viana e já fiz essa ‘propaganda’ para meus colegas empresários de lá. Existe aqui uma preocupação muito grande com a qualidade da obra, com a infra-estrutura do negócio e com a qualidade do que será produzido, além dos incentivos fiscais e o suporte técnico que o governo também coloca a nossa disposição. Recebi também muito apoio de empresários acreanos e estou muito animado com o empreendimento”, diz ele.


Miranda destaca incentivos dados pelo governo acreano para instalação da indústria


Emprego e renda
Inicialmente, a Mirandex do Acre irá gerar 25 empregos diretos e estima um faturamento anual de até R$ 30 milhões. Mas, segundo Miranda, as perspectivas são de que o mercado de vidros temperados cresça rapidamente no Estado e gere não só mais contratações diretas, como também muitas indiretas, com o aquecimento do setor.

Ele conta que a indústria com sede em Ji-Paraná, por exemplo, iniciou as atividades com o efetivo de 22 funcionários. Atualmente, já emprega 140 pessoas, com produção diversificada, que atende, além de Acre e Rondônia, também Mato Grosso, Roraima e Amazonas.

“Quando iniciamos nossa indústria em Rondônia, o mercado não tinha o mínimo de preparo até mesmo para instalação dos vidros em comércios e residências. Hoje, há muito mais gente e empresas especializadas não só na instalação, como também no jateamento de vidros e outras áreas afins. E aqui não será diferente. Em Rio Branco, com certeza, serão instaladas novas vidraçarias. E a geração de empregos que essa indústria irá gerar indiretamente será muito grande”, avalia.

A empresa já atende clientes na Bolívia, e a expectativa, após a instalação no Acre e a abertura da Estrada do Pacífico, é entrar também no mercado do Peru, especialmente nas cidades de Porto Maldonado e Cuzco.

‘Indústria modelo’
Equipamentos de última geração e todo o knowhow adquirido, nos últimos 11 anos, trabalhando na produção de vidros temperados são os diferenciais prometidos pela Mirandex para se destacar no mercado acreano.

Ele afirma que o investimento em maquinário que está sendo feito na unidade do Acre deve fazer desta uma indústria “modelo” na fabricação de vidros temperados.

Entre os modernos equipamentos que serão trazidos para a Mirandex do Acre, destaca-se um forno de têmpera horizontal, com tecnologia finlandesa, o maior e melhor do Norte do país. Ele custa em torno de R$ 2,2 milhões. Há ainda mesas para corte, lapidadoras e lavadoras de vidros, todas  com tecnologia de ponta, importadas da Itália.

“Tudo que aprendemos ao longo desses 11 anos em Rondônia, vamos trazer para cá. A produção de vidro temperado é um processo bem complicado até que se chegue a um produto de boa qualidade, que é o nosso objetivo. Nós temos uma equipe muito bem preparada, especializada nisso, que é o segredo do nosso sucesso. Então, posso garantir que teremos aqui no Acre uma das indús-trias mais modernas na produção de vidros temperados, em relação à qualidade de máquinas. Será uma indústria modelo”, afirma Miranda.

Sobre a Mirandex

A Mirandex começou sua história em 1994, como
 Distribuidora de Vidros Brasil de Rondônia, atuando no ramo de distribuição de chapas de vidro comum. Há 11 anos, com o aumento da demanda de vidro temperado  naquele Estado e, observando a dificuldade de compra e transporte e o cumprimento de prazo de entrega, Miranda apostou na iniciativa de montar a sua própria indústria de vidros temperados. A Mirandex foi aprimeira do Estado de Rondônia a adquirir um forno de têmpera vertical. Em 2009, adquiriu um novo forno horizontal, que produz vidros em tempo recorde, o que faz da Mirandex a empresa que possui o maior e mais moderno forno de têmpera da região Norte do país. Também em 2009, inaugurou uma nova unidade de produção, uma linha completamente automatizada e moderna de vidros especiais que abrange: laminado simples, laminado refletivo com controle solar, laminado termo-acústico, multilaminado, laminado temperado, craquelado e anti-balístico. Dessa forma, a Mirandex se tornou a maior empresa do ramo vidreiro da região Norte do Brasil.

O vidro temperado Mirandex é obtido pela transformação do vidro comum em um vidro pelo menos cinco vezes mais resistente a impactos e diferentes temperaturas. Em caso de quebra, fragmenta-se em pequenas partículas, evitando grandes acidentes. O produto é utilizado tanto no ramo do comércio e da construção civil, como também em residências, na produção de box para banheiros e portas de vidros. 


Extração de óleo de murmuru no Juruá abastece rede de cosméticos do Sudeste 

NELSON LIANO JR.
De Cruzeiro do Sul

Quem costuma navegar pela emaranhada teia de rios da bacia do Juruá observa nas praias e barrancos uma quantidade enorme de coquinhos espalhados, caídos de vistosas palmeiras. Num primeiro momento, fica difícil imaginar que aquelas frutinhas tenham alguma utilidade que não seja a de alimentar a diversidade de animais roedores da floresta. Mas, na realidade, o beneficiamento daqueles coquinhos das palmeiras de murmuru tem um valor inestimável para a indústria mundial de medicamento e cosmético.


Indústria Juruá Eco-extrativismo gera 800 empregos indiretos na comunidade, durante o período da safra

Histórico
Num Estado em fase de industrialização, com poucas alternativas econômicas, a capacidade de visão do empresário paulista radicado em Cruzeiro do Sul, Fábio Dias, abriu uma nova possibilidade de envolver as comunidades na extração do óleo de murmuru. Formado em física pela Unicamp, Fábio chegou ao Juruá, em 1996, acompanhado da sua então esposa, a antropóloga Margarete Mendes. Misturando conhecimento científico com técnicas tradicionais dos moradores da floresta, aprendeu a beneficiar o coco de murmuru e criou uma das primeiras indústrias do Vale do Juruá: a Tawya, que, durante muitos anos, gerou centenas de empregos diretos e indiretos na região.


Sandra e Gevaldo estão à frente da Juruá Eco-extrativismo


Uma nova empresa
Mais recentemente, o empresário Fábio Dias partiu para outros empreendimentos relacionados com a plantação de dendê. Mas a semente da Tawya germinou e continua a gerar frutos. O gerente da fábrica durante cinco anos, Gevaldo Carneiro dos Santos, se uniu a sua sócia, Sandra Soriano, para tocar o barco à frente e manter viva a idéia de gerar riquezas à população do Juruá através da exploração sustentável dos recursos naturais da floresta.

Assim foi criada a Juruá Eco-extrativismo para continuar a extrair o murmuru no Vale do Juruá. “Estamos no segundo ano de extração e esperamos comprar 15 mil sacos do coco de murmuru. Isso irá gerar 45 mil toneladas de óleo beneficiado e filtrado. Uma tonelada no mercado vale em torno de R$ 17 mil. Isso significa que iremos gerar um movimento financeiro com a nossa atividade na região em torno de R$ 1 milhão”, explicou.


Coquinhos das palmeiras de murmuru são beneficiados na indústria e destinados à empresa de comésticos

Empregos
A manutenção da extração do óleo de murmuru através da Juruá Eco-extrativismo garantiu o emprego de 30 funcionários. “Mas tem os empregos indiretos das pessoas que fazem o transporte tanto no rio quanto o terrestre. Tudo é terceirizado e, se somarmos com as pessoas que colhem os frutos na floresta, geramos 800 empregos indiretos, durante o período da safra. Dentro de um ano, vamos conseguir estabelecer uma produção de escala e estaremos movimentando um milhão de reais, anualmente, na região, somente na produção do óleo. Só nas comunidades, este ano já movimentamos R$ 400 mil com a matéria-prima”, salientou Gevaldo.

Pólo industrial
Outra meta do empresário é melhorar as condições de produção da Juruá Eco-extrativismo. “A Secretaria Estadual de Indústria e Comércio nos procurou para resolver alguns problemas. Como o processamento industrial do murmuru faz barulho e estamos operando dentro da cidade, fomos convidados para construir a nossa fábrica no Pólo Industrial de Cruzeiro do Sul. Estamos esperando o financiamento do Banco da Amazônia para melhorar as nossas condições de trabalho. Temos esperança de que podemos fazer a mudança para o Pólo Industrial ainda este ano, se resolvermos os entraves burocráticos”, finalizou.


Empresário distribui as sacas aos ribeirinhos e vai até as casas recolher a produção 

Alternativa para os ribeirinhos
Uma das vantagens da extração do óleo de murmuru é a integração econômica que gera às famílias dos ribeirinhos. “Nós compramos os frutos nas comunidades através de uma rede de embarcações que chegam às casas das famílias. Distribuímos os sacos e montamos toda logística de transporte numa ampla região do Juruá, que compreende os municípios de Ipixuna (AM) até Cruzeiro do Sul, e subindo o Rio Juruá até Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. Nós compramos a produção na porta dos ribeirinhos que não precisam vir até a cidade. Por cada saca de 42 quilos, pagamos R$ 14. Distribuímos as sacas aos ribeirinhos no final de janeiro, e a coleta vai até o final de junho. Mas, de outubro até janeiro, também colhemos o buriti para fazer óleo,” relatou o empresário Gevaldo dos Santos.

Certificação para crescer
Atualmente, o maior cliente da Juruá Eco-extrativismo é a empresa paulista Chemy-Union que compra o óleo de murmuru para a fabricação de cosméticos. “Se a gente resolvesse os entraves das políticas ambientais, poderíamos crescer e exportar. Temos que ter licenciamentos e certificações com mais agilidade porque isso acaba atrapalhando a nossa produção. Só conseguiremos vender diretamente para os países europeus, que é o maior mercado comprador, se houver uma origem de produto amazônico. Precisamos das empresas certificadoras do tipo FSC. Mas, para conseguirmos uma certificação adequada, teríamos que investir muito. Como a nossa empresa está começando, não temos como manter uma certificação. O nosso faturamento teria que ser só para isso e ficaria inviável”, relatou.

As ponderações de Gevaldo procedem porque a coleta do murmuru não traz nenhum tipo de dano ambiental. “O assoreamento dos rios acontece porque derrubam as palmeiras para criar gado e fazer roçado. Mas quem está tendo uma renda com murmuru não vai querer derrubar as palmeiras das margens dos rios. A quantidade de frutos é grande e para conseguirmos a certificação podemos provar que estamos deixando uma quantidade de frutos para nascerem outras palmeiras e garantir a alimentação dos roedores”, garantiu.

Segundo ele, a coleta do murmuru só traz benefícios à floresta. “Traz renda para as famílias, preservando o meio-ambiente, e garante a cadeia natural de reprodução das palmeiras e a alimentação dos animais. Têm famílias que conseguem tirar em média entre R$ 2 mil e R$ 2.500 durante a safra”, destacou. 


ARTIGO

 A regularização ambiental rural no contexto estadual

Patrícia de Amorim Rêgo
É senso comum que o caminho para a solução do dilema meio ambiente x crescimento econômico na Amazônia e, em particular, no Estado do Acre, passa pela construção de um novo padrão de desenvolvimento, o que estar a exigir uma série de atitudes do Poder Público, do Mercado e do próprio cidadão comum. A complexidade deste desafio envolve, dentre outros elementos, a formulação de políticas públicas adequadas para tal fim, com forte participação de todos os atores sociais; a implementação de novas formas de produção; crédito de fomento à adoção desse novo padrão; infra-estrutura adequada; investimentos em tecnologia e sua difusão; assistência técnica rural e florestal suficiente; regularização fundiária; e, finalmente, uma ampla abordagem educacional e de sensibilização social.

O Estado do Acre tem sido pioneiro na persecução desse desafio. Desde a luta dos movimentos sociais, dos povos da floresta, com maior efervescência nas décadas de 80 e 90, quando muitos, ao trilharem esse caminho, pagaram com a própria vida. Ao longo dos anos, temos procurado construir, de forma vanguardista, um arcabouço legal e institucional que nos favoreça avançar para poder transformar esse ideal longínquo numa rea-lidade bem mais próxima.

Diferentemente da maioria dos Estados da Amazônia, o Estado conta atualmente com um conjunto de políticas públicas voltadas para a prevalência da produção sustentável e a regularização ambiental. Desde o início do Zoneamento Ecológico Econômico, em 1999, até hoje, muito dinheiro e energia foram investidos na formulação de diversos programas voltados para a regularização ambiental. O Programa de Valorização do Ativo Ambiental Florestal e as políticas de PSA/REDD que envolvem pagamento por serviços ambientais são uma síntese desses investimentos.

A estratégia dos Programas abrange pequenos, mé-dios e grandes produtores e inclui a recuperação de áreas alteradas; introdução de florestas plantadas; regularização do passivo ambiental, inclusive com possibilidade de redução da área de reserva legal para 50%, para fins de recomposição; programas de certificação de unidades produtivas familia-res; programas de subsídios a produtos sustentáveis; apoio a planos de manejo florestal; incentivos pela redução de emissão de desmatamento e degradação, dentre outros mecanismos de conformação da legislação ambiental conectados com um novo padrão de desenvolvimento.

Segundo o governo estadual, tais políticas foram pactuadas com os mais diversos atores sociais, inclusive, com o setor produtivo da pecuária no Estado.

Importante dizer que o Governo Federal também dispõe de algumas políticas de regularização, como o Programa Mais Ambiente que, em diversos aspectos, assemelha-se ao Programa Estadual.

Diante desse contexto, portanto, não parece razoável a alegação de que a busca pelo cumprimento da legislação ambiental no Estado do Acre, imprescindível não apenas para garantir o equilíbrio ecológico (hídrico, climático, etc.) e o bem-estar da população, mas também para acabar com a instabilidade e a insegurança jurídica daqueles que estão em situação irregular, fuja ao bom senso, ou esteja na contramão do desenvolvimento ou dos interesses do Estado. Ao contrário do que se tem dito com frequência, a regularização ambiental rural no Estado é possível, imprescindível e absolutamente viável. Uma ótima oportunidade para todos nós transformarmos o discurso público em prática!

Patrícia de Amorim Rêgo, Procuradora de Justiça, Ministério Público Estadual


 

Notas Econômicas

Kasinski I
Uma parte das motos Kasinski pode ser fabricada no Acre. As conversas foram iniciadas há, aproximadamente, 15 dias na direção da empresa em São Paulo. O interesse do Governo do Estado é que os pneus das motocicletas sejam confeccionados aqui e enviados a Manaus pela hidrovia do Madeira.

Kasinski III
Abastecer a futura empresa com látex é mais um desafio imposto às comunidades extrativistas do Alto Acre. A Kasinski foi uma das empresas que mais cresceu no setor nos últimos anos no Brasil. Popularizou alguns modelos antes só destinados a consumidores da classe A.

Kasinski II
No Brasil, a Kasisnki é uma empresa formada por capital brasileiro e japonês e integra o time do Zongshen Industrial Group, um dos maiores do mundo no setor. A intenção, claro, era fazer com que ao menos alguns modelos fossem fabricados integralmente aqui, compondo o parque industrial da Zona de Processamento de Exportação. Um desafio quase quixotesco para uma mão-de-obra que não fica nem seis anos, em média, no banco escolar.

Teimoso de forte I
Já se tornou um clichê jocoso dizer que “no Acre, a iniciativa privada é privada de iniciativa”. Maldades à parte, há empreendedores que, se ainda não deslancharam, não foi por falta de empenho. No setor de café, por exemplo. O produto não conta com uma política pública eficiente, tem concorrentes fortes e consumidores fiéis (difícil de migrar para um produto novo). Pois, eis que chega a informação de que mais uma marca entra no mercado da Capital. E vem do Juruá.

Teimoso de forte II
Só pode ser teimosia essa insistência de investir em café. Os trâmites burocráticos por parte do governo estadual impediram, até agora, o início do empreendimento. O empresário quer entrar no incipiente mercado peruano que tem consumo médio per capita de meio quilo anual. Em recente feira realizada em Houston, nos Estados Unidos, a Fazenda “Quéchua”, do Peru, recebeu o primeiro lugar em qualidade do café.

Pegou mal
Foi constrangedora a cobrança feita por representantes da sociedade civil às ONGs, durante manifesto contra o projeto de reforma do Código Florestal. Omissão, dependência aos interesses de governo, apatia. Foi o mínimo dito aos ambientalistas durante a assinatura do documento, que nem foi lido. A cobrança, já feita neste espaço, tem lógica.

Econômico ou Ecológico?
Feito por especialistas, o texto do manifesto das ONGs traz erros, inclusive, na grafia da sigla ZEE. No manifesto, está como “Zoneamento Econômico Ecológico”, quando trata-se, de fato, do Zoneamento Ecológico Econômico.

O único
Durante a assinatura do manifesto das ONGs, é importante informar que o único parlamentar que enviou representantes para opinar sobre o assunto foi o deputado federal Henrique Afonso (PV/AC). É justo que se registre.

Contrabando
Receita Federal do Acre prepara uma grande operação para este mês, com o objetivo de combater a entrada no Estado de peças de veículos vindos da Bolívia, principalmente pneus. A iniciativa responde a um pedido da Associação Comercial do Acre, que alega que muitos comerciantes locais estão sendo prejudicados pela entrada clandestina destes produtos.

“Entre a língua e o beiço”
A polêmica sobre a reforma do Código Florestal vai ser interessante, sobretudo para os parlamentares daqui. Os integrantes da Frente Popular do Acre estão “entre a língua e o beiço”. Chegaram diminutos em Brasília, depois do desempenho local da então candidata à presidência Dilma Rousseff. Não querem, portanto, melindrar a chefe, já pouco afeita à paciência. Se votarem a favor, como tudo indica que o farão, negam o movimento ambientalista contrário à proposta de reforma.

Mais castanha
Cooperacre vai instalar, com apoio do Governo do Acre, mais uma indústria de beneficiamento de castanha. A novidade vai ser construída em Rio Branco também na Zona de Processamento de Exportação. E vem respaldada pela maior cooperativa atuante no setor.

Hertz
A locadora de carros “Hertz Rent a Car” anuncia a inauguração de uma loja no Acre. Localizado no aeroporto, o empreendimento é mais uma opção em um nicho de mercado com pouca concorrência regional.


 

ENTREVISTA JOSÈ FERNANDES DO RÊGO

O semeador de planos

ITAAN ARRUDA
Ele faz parte dos bastidores da gestão pública acreana há mais de 30 anos. Economista por formação, José Fernandes do Rêgo é o secretário de Articulação Institucional do governo de Tião Viana. Em uma frase, Rêgo dá coesão às ações de governo: une trabalhos das secretarias para aumentar tanto a eficiência quanto a eficácia na atividade pública.


Rêgo, há 30 anos, formula planejamento de gestão pública; hoje atua como secretário de Articulação do governo

O planejamento é uma ferramenta que faz parte da rotina deste senhor de modos tímidos, quase estudados. Com fala mansa, ele tenta defender a imagem de um governo que começou em ritmo acelerado, prometendo exportações de peixe para o mercado europeu e chinês, mesmo com uma mão-de-obra que, em média, não chega a ficar nem seis anos nos bancos escolares.

Rêgo avalia que a integração econômica força um novo mapeamento do setor produtivo do Acre e cita o Grupo Gloria, do Peru, como exemplo. “A realidade da integração do Acre com outras regiões é um fato”, constata.

AE_O governador Tião Viana começou a 500 por hora com muita exposição na mídia, seja segurando peixe ou pastoreando ovelha. O senhor não tem a impressão de que mesmo tentando passar a imagem de dinamismo, na prática, falta foco às ações de governo?

Rêgo_ Não. Existe o foco. Até porque o governador Tião Viana tem o planejamento como instrumento de trabalho. Tanto é assim que, mesmo na campanha, ele resolveu fazer um plano de Governo com ampla participação popular. Participaram desse plano, sete mil e quatrocentas lideranças. Nós temos hoje, uma visão completa da sociedade a respeito do que deve ser o “governo Tião Viana”. É um plano bem estruturado, reflete a vontade popular e tem foco bem definido. Primeiro, temos que ter uma preo-cupação com a economia e desenvolvimento sustentável, orientado para industrialização do Estado, para a produção florestal e agropecuária. Depois, coisas que são fundamentais em qualquer estado, em qualquer sociedade: investimentos em educação, saúde e segurança. Isso são focos definidos com participação popular.

AE_ Quando se descobriu na prática que Dilma não é Lula e que, por isso, a relação entre Acre e Brasília mudou de tom, houve alguma mudança de rumo na execução do planejamento inicial?

Rêgo_ Até agora, os sinais são de que pouco muda. O que muda verdadeiramente é uma nova política fiscal exigida pela nova situação da economia mundial. O corte foi grande no Orçamento Geral da União, mas que preservou ações que são fundamentais para o nosso propósito. Por exemplo, o governo está elaborando um projeto grande com o BNDES que vai na direção dos grandes projetos da economia do Acre. O Proacre, por exemplo, pode ter novos investimentos do Banco Mundial. E o que ajuda muito é o perfil do governador.

AE_ O senhor diria que o perfil centralizador, no Executivo, facilita as coisas para a condução das políticas públicas?

Rêgo_ Tem duas perspectivas aí. Existe uma descentralização que não é eficaz para o bom resultado da gestão pública. É aquela que você descentraliza e perde a capacidade de coordenar. Essa não favorece o bom resultado para a gestão. Agora, tem um tipo de descentralização que é benéfico. É aquele que é centralizador na medida certa e permite a capacidade de coordenação e acompanhamento.

AE_ Por que o Governo, fora do Governo, é lento? A impressão que dá é que o governo só é dinâmico para quem está dentro dele.

Rêgo_Eu acho que a percepção, hoje, é de que o governo de Tião Viana é extremamente ágil. Nós temos dois governos da Frente Popular passados. Foram governos de bons resultados, mas as carências ainda são muitas. O que um terceiro governo pode fazer para avançar mais ainda? O governo Tião Viana é um governo acelerado. Não é que “o governo seja lento”. O que há é uma ansiedade muito grande para que os resultados surjam logo.

AE_ Tião Viana assumiu o governo prometendo fazer um mandato voltado para a industrialização. O que fertilizantes têm a ver com o nosso perfil sócio-produtivo? [recentemente, representantes do grupo peruano Gloria anunciaram provável instalação na ZPE para produzir leite e fertilizantes.

Rêgo_Esse fato está completamente relacionado à integração, tanto com o Peru, Bolívia quanto com o Centro-Oeste brasileiro. Pela primeira vez, essa integração se manifesta em resultados concretos. Então, o fato de ter iniciativas econômicas aqui no Acre que muitas vezes não têm a ver com a tradição da economia local e nem prometer conexões com a nossa economia… isso é um fato porque esse empreendimento não diz respeito só ao mercado interno acreano. Diz respeito também à Rondônia, ao Centro-Oeste, onde há um agronegócio forte, e tem a ver com as exportações de fertilizantes que se afina com o propósito da ZPE [80% dos produtos manufaturados na zona devem ser exportados]. O Grupo Gloria é um grupo multinacional. O interesse dele não é só para o mercado interno daqui. Querem exportar por meio da ZPE. Eles vão colocar certamente laticínios, penso eu,… empreendimentos um dentro e outro fora da ZPE. A realidade da integração do Acre com outras regiões é um fato.


Governo pratica protecionismo para salvar setor marceneiro

ITAAN ARRUDA DIAS

Sobretaxar os produtos de Rondônia foi a medida encontrada pelo Governo do Estado para proteger as pequenas marcenarias acreanas. A decisão foi anunciada pelo governador Tião Viana, na última sexta-feira, diante de 380 profissionais de todo Acre que lotaram o auditório do Hospital das Clínicas em Rio Branco. A Secretaria de Estado de Fazenda deve se pronunciar sobre o percentual adicional a ser pago para a entrada de produtos rondonienses em território acreano. Janelas, caixilhos e portas foram destacados pelos marceneiros como “prioritários”.

Não por acaso, são os três produtos mais utilizados pela construção civil em obras públicas na construção de casas populares. A taxação de produtos de Rondônia (ou de outros estados) tem a pretensão de diminuir os custos do Programa de Compras Governamentais com possibilidade de aquisição direta por parte da Agência de Negó-cios do Acre com garantia da política de preço mínimo. “Queremos aumentar a pauta de protecionismo”, admite o secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães.

Só por meio do Programa de Compras Governamentais é possível manter o mercado aquecido e com investimentos descentralizados no Acre. De outra forma, não seria possível manter as duas marcenarias cadastradas pelo Ibama na cidade de Assis Brasil. “A lei impõem restrições e o nosso esforço aqui é para trazer o setor de marcenaria para a legalidade”, explica o governador do Estado, Tião Viana.


I Encontro de Marceneiros corrige erros históricos aumentando a “pauta de protecionismo”


Para abastecer o setor são necessários, segundo o Ibama, aproximadamente, 10 mil metros cúbicos. De acordo com técnicos em meio ambiente, é uma quantidade baixa. O que dificulta o entendimento sobre o tratamento policialesco dado aos profissionais até agora. Marcos Gomes, da regional do Tarauacá/Envira, relata que depois de muitos problemas com órgãos ambientais como Ibama e Imac, a categoria assinou um Termo de Ajustamento de Conduta. “Foi quando descobrimos outro problema a partir daí”, lembra. “Faltou insumo e em uma marcenaria onde trabalhavam dez e passaram a trabalhar dois”. Para evitar esse problema, as florestas públicas vão ser utilizadas para garantir 12 mil metros cúbicos de madeira por ano.

O consumidor comum não foi esquecido pelo Programa de Desenvolvimento do Setor Marceneiro/Moveleiro. No documento, a Central de Cooperativas, que congrega trabalhadores de Rio Branco, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, vai elaborar uma “parceria”com os bancos para facilitar a compra por parte do consumidor final. O texto não detalha quais são os termos da “parceria” com as instituições financeiras.

Baixa qualificação ainda é o maior problema
A qualificação profissional ainda é o maior gargalo na cadeia produtiva de móveis no Acre. Os profissionais pos-suem conhecimento prático, baixa escolaridade e o senso estético, em função disso, fica comprometido. O resultado são peças com pouco refino.

Estão previstos trabalhos em parceria com Fundação de Tecnologia do Acre, Serviço Nacional da Indústria e Instituto Dom Moacyr, utilizando a estrutura dos pólos moveleiros.

 

A Gazeta do Acre: