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Setor de olarias amarga falta de mão de obra para atender demanda do mercado

O Programa Ruas do Povo, que tem a pretensão de pavimentar com asfalto ou tijolos todas as ruas das cidades acreanas, reforçou um problema para o setor de olarias: falta de mão de obra. A dificuldade em encontrar trabalhadores é tão grande que os empresários já não exigem nem qualificação. “Estou contratando e não precisa nem ter experiência no ramo”, anuncia o presidente do Sindicato das Indústrias de Olaria do Estado, Aristides Formighieri Júnior. “Preciso contratar, mas a mão de obra está em falta”.
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Outro empresário que há mais de dois anos tem dificuldades para manter a capacidade operacional do empreendimento é Octávio Costa, proprietário da Serracre que se orgulha de ser “a única cerâmica totalmente automatizada do Acre”. “Antes mesmo do governador anunciar o programa de pavimentação de ruas com tijolos, eu já estava com problemas de oferta de mão de obra”, relata Costa que hoje emprega 70 funcionários no Distrito Industrial.

São aproximadamente 600 quilômetros que devem ser pavimentados com tijolos em todo Acre ao longo dos próximos três anos e meio. É um desafio politico arriscado para o governo e uma meta operacional temerosa para os empresários do setor. Das 14 olarias existentes na capital, somente 10 estão sindicalizadas. Em tese, são ao menos 10 estão com registros e certidões prontos para atender os contratos previstos em licitação pública. Dessas 10, apenas cinco têm estrutura para dar escala de produção. A capacidade operacional das cinco maiores é de até 3 mil milheiros por mês (3 milhões de tijolos). É preciso muito mais para atender à demanda.

Já está prevista a abertura de três novas cerâmicas para 2012. Uma delas é de Octávio Costa. Construído no quilômetro 3 da Estrada Transacreana, o novo empreendimento tem 8 mil metros quadrados de área e a previsão é de que terá linha de produção totalmente automatizada com foco específico na confecção de tijolos. Um investimento de aproximadamente R$ 4 milhões. No lugar, está exposta uma placa informando a necessidade de contratação de trabalhadores há mais de um ano.

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Olarias se modernizam, mas demanda ultrapassa capacidade de 3 milhões de tijolos por mês

O presidente do Sindicato das Indústrias de Olaria do Estado, Aristides FormighieriJúnior, é dono das duas maiores cerâmicas do Acre, a Flor Maio e a cerâmica Flor de Junho. Está ampliando o empreendimento com investimentos de aproximadamente R$ 5 milhões. “Será uma linha de produção automatizada”, adianta. Com o processo de mecanização, a mão de obra precisa ser melhor qualificada. E aí surge outro problema: profissionais capazes de operar máquinas sofisticadas. Formiguieri garante que quando estiver operando com capacidade máxima um só motorista poderá carregar o caminhão, sem precisar de auxílio.

Francisco das Chagas Inácio tem 45 anos. Trabalha oito horas por dia e acumula uma hora extra diariamente. Os seis filhos têm o sustento garantido com o trabalho na olaria. “Se não fosse esse trabalho aqui, as coisas ficariam difíceis pra mim”, reconhece.

Licenciamento ainda é entrave; Imac admite problema
Em um ponto, pequenos e grandes empresários do ramo cerâmico são unânimes: o licenciamento ambiental é um empecilho para dinamizar os trabalhos no setor. Há empresários que esperam mais de um ano para que a licença de extração da argila seja liberada pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), órgão ambiental responsável pela fiscalização e licenciamento.

Para operar com a olaria na Estrada Transacreana, Octávio Costa visita periodicamente o Imac há mais de um ano. “Pelo que sei, esse problema é em todo o país”, lamenta. “O pessoal de fiscalização é muito reduzido e fica difícil eles fazer tudo”.

Outro que espera pelo licenciamento para extração de insumo para olaria é Formighieri Júnior. Ele tem uma grande área na zona rural. Há quase dois anos espera pela liberação do documento para operar dentro da legalidade.

O diretor de Gestão Técnica do Imac, Paulo Viana, admite o problema. Credencia a demora na liberação dos licenciamentos aos “procedimentos anteriores”. Dos insuficientes 11 agentes ambientais que o Imac tinha até ano passado, agora só tem quatro. A orientação agora é efetivar a liberação do documento aos empreendedores em quatro meses.


Em dificuldades financeiras, pequenas empreiteiras renovam pacto com Governo

ITAAN ARRUDA

1Haaa3Está agendada uma reunião para a próxima terça-feira, 10, entre as três associações de pequenas empreiteiras e o governador do Acre, Tião Viana. Participam do encontro o secretário de Estado de Obras Públicas, Wolvenar Camargo, representantes do Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) e Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). Na pauta de discussão: compromissos não cumpridos por parte do Governo do Estado e traçar um panorama de investimentos no setor para os próximos anos.

No segundo ano da gestão de Binho Marques, foi realizado um pacto entre o governo e os pequenos empreiteiros. O objetivo era justo e elementar: descentralizar investimentos das grandes empresas e incentivar a abertura de pequenos empreendimentos que pudessem se responsabilizar pela manutenção ou execução de obras públicas de pequeno porte. O encontro foi recebido com entusiasmo pelo setor. Exigiu organização. Foram criadas três Associações das Micro e Pequenas Empresas da Construção Civil. Tiraram fotos. O então secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira discursou, sempre entusiasmado. Lula na presidência. Recursos em abundância. Havia um certo clima de euforia.

“Pois nada do que se pactuou ali foi cumprido”, lamenta um dos pequenos empresários presente ao encontro de 2008. O governador do Estado assinou à época o Decreto 3.172,que institui o tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte nas contratações realizadas pelo Estado do Acre. “O tratamento foi ‘diferenciado’ de verdade”, recorda o empresário. “Só que para o lado negativo”.

Depois de dois anos de “tratamento diferenciado”, o quadro é desolador. Muitas das pequenas empresas passam por dificuldades financeiras graves. Algumas obras assumidas deram prejuízos. Muitas casas populares entregues pelo governo foram construídas por pequenas empresas. “As grandes empreiteiras não quiseram assumir quando viram que o preço pago pelo governo não cobriria os custos”, relata o empreiteiro. “A casa custava 48 mil reais e o governo pagava quarenta e dois”. O resultado dessa contabilidade foi que muitos pequenos empresários do setor estão com dívidas nos bancos, onde pediram financiamento para executar as obras. Há relatos dramáticos de pequenos empreiteiros que, ironicamente, estão sem ter onde morar.Conseqüência das dívidas.

Pelo artigo sétimo do decreto assinado pelo ex-governador Binho Marques, fica estabelecido um percentual de exigência de subcontratação: 30%. De todo o volume de obras executadas no Acre, 30% devem ser feitos por pequenas empresas da construção civil. Hoje, não seria exagero dizer que, juntas, as empresas não teriam condições de executar nem ao menos R$ 2 milhões em obras, tamanho o sucateamento do setor.

A equipe do Acre Economia tentou contato, via e-mail, com o ex-governador Binho Marques, mas não obteve resposta específica sobre o assunto.

Elas têm capacidade operacional?
Uma pergunta deve ser respondida. Da forma como estão atualmente, as pequenas empresas do ramo da construção civil têm condições operacionais de executar obras para o governo? “Com o volume executado até o ano passado, não tínhamos condições de operar nem 10%”, confessa outro empresário. “Foi um volume muito grande para os padrões locais”.

Geradoras de emprego
Cada uma das três associações reúne, em média, 30 empresas. Cada empresa emprega diretamente 10 pessoas, em média. São aproximadamente 900 empregos gerados diretamente pelas empresas do setor. O que resulta, em tese, na geração de 3,6 mil empregos indiretos.

Esperanças se renovam
A simpatia que o secretário de Estado de Obras Públicas, Wolvenar Camargo, conquistou com representantes da categoria chama atenção. Todos são unânimes em lembrar a defesa que Camargo faz das pequenas empresas, mesmo quando trabalhava na Prefeitura de Rio Branco, onde as condições financeiras são mais modestas.
A reunião com o governador Tião Viana ganha em importância porque vai servir de parâmetro para os investimentos no setor para os próximos três anos e meio.

Notas Econômicas

A vizinha
Pouco antes do lançamento do programa “Ruas do Povo”, uma conversa de bastidores dá uma noção da temperatura e do humor na corte quando o assunto é obras.O governador foi abordado pelo vice-presidente de uma das associações de micro e pequenas empresas do setor da construção civil. O rapaz pediu uma conversa reservada para “discutir alguns pontos do acordo feito com o governo”. Foi a conta. “Eu tô te dando a noiva e você já tá de olho na vizinha, meu irmão!?”, esbravejou em alto e bom som. “Quer reclamar? Vá falar com o Petecão”.

Online
O episódio envolvendo a cobrança de ICMS no comércio online evidenciou outro problema: o desconhecimento da Sefaz sobre quanto o Acre deixa de receber com esse tipo de venda. Fiscais da Tucandeira confirmam que é comum entrarem no Acre “carretas fechadas” somente com produtos vendidos pela internet. Sabe-se que perde muito. Mas, não se sabe o quanto.

Citroën
Presidente da Citroën do Brasil, M. Ivan Segal, chega nesta quarta-feira, em Rio Branco, para inaugurar a representação da concessionária no Estado. Mais um empreendimento do casal João e Rosiane Barreiros, a loja funcionará ao lado da Mitsubishi, na Avenida Chico Mendes. O evento acontece às 19h.

Pregão eletrônico
Outra dor de cabeça que deve bater em breve na mesa de Mâncio Cordeiro diz respeito ao Pregão Eletrônico. O problema é parecido com a cobrança de ICMS no comércio online. O Pregão Eletrônico traz economia aos cofres do Estado? Sem dúvida. Mas, é preciso saber a que preço. Porque fechar as portas dos comércios que geram renda e empregos aqui não parece inteligente.

Pequenos empreiteiros I
A herança de Tião Viana não foi boa. Ao menos quando o assunto é pequenas empreiteiras. O setor está machucado. Não gostaram da gestão de Binho Marques. Alegam que o volume de obras continuou concentrado na mão das grandes empresas.

Dia das Mães
Comerciantes acreanos estão otimistas com o desempenho das vendas neste Dia das Mães. Pesquisa realizada pela Fecomércio do Acre, com 400 consumidores, apontou que 77% vão presentear nesta data. Dos entrevistados, 55% planejam gastos entre R$20 e R$ 120. 30% estão dispostos à aquisição de presentes na faixa de R$ 80 a R$ 120, e 19%, a gastos superiores a R$ 120. Os outros 18% não declararam quanto pretendem gastar.

Pequenos empreiteiros II
Três pontos devem marcar o encontro que terão com o governador Tião Viana. 1) Fazer valer o Decreto 3.172 de julho de 2008; 2) rever a exigência do “acervo”, um termo técnico para designar a estrutura necessária para realização das obras e 3) reativar as cartas-convite para obras de baixos valores.

 

Código Florestal

Qual é o nosso jogo?
O adiamento da votação do Código Florestal/CF, prevista para quarta feira, dia 10, em regime de urgência, reforça a tese de que o assunto é complexo e que não deve ser decidido a toque de caixa, como querem setores conservadores do país e, em especial, a bancada ruralista. É fato que o CF precisa de ajustes, porém é inaceitável a mudança dos aspectos que o caracterizam como uma das legislações ambientais  mais  completas do mundo.

A imprensa nacional tem anunciado que foi alcançado consenso em 95% do que propõe o Projeto de Lei/PL. Entretanto, os 5% restantes se apresentam mais uma vez distantes de serem alcançados. Isto porque esta parcela elimina a essência do CF, que permite ao país manter algumas de suas características de potência, representada por invejáveis fontes de recursos naturais como água, biodiversidade e inúmeros povos tradicionais com seu inestimável conhecimento. Além disto, o PL provoca um total desrespeito à confiança da população no poder da lei, uma vez que premia seus infratores e desprestigia os que a considera.

Entre os aspectos contidos nestes 5% estão: 1) A consolidação de desmatamentos ilegais de mais de 35 milhões de hectares; 2) o conceito de Área de Preservação Permanente/APP ignorando sua importância na prestação de serviços ambientais e conservação dos recursos naturais; 3) reduz para 15 mt a necessidade de conservar a vegetação nas margens de rios com até 10 mt de largura; 4) não traz diferença clara entre produtor familiar e pequeno proprietário rural, onde flexibilidades buscadas ao primeiro é estendido ao segundo, e; 5) permite que a definição de atividades de “baixo impacto”” ambiental seja feita por decretos federal, estadual e municipal, propiciando uma “salada” de leis se considerarmos os mais de 5.000 municípios no Brasil.

É preciso estar atento à maquiagem de modernidade que o Projeto Lei/PL traz, principalmente com o apelo embutido de que o pais está engessado pelo atual CF impedido de  aumentar sua produção agrícola. Questionável esta afirmativa, pois recentes dados do IBGE confirmam o fortalecimento da produção familiar, assim como o crescimento do agronegócio.

Com postura afirmativa e de valorização do CF, o Acre contrariando o PL, investe no uso e conservação da floresta, impulsionado nas ações do movimento socioambientalista desde as décadas de 70/80 culminando na criação das RESEXs, fundamentado no ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico) e em uma série de iniciativas que  apontam para viabilidades de valorização da floresta.e incremento da produção agropecuária. Conforme estudo da EMBRAPA, citado no Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento (SEMA 2010) “entre 1990 e 2005, o rebanho bovino do Acre cresceu 478%, enquanto que os índices do desmatamento tem apresentado um decréscimo anual desde 2003”.O exemplo mais recente é a Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal, que inclui a Legislação para o Pagamento de Serviços Ambientais e o Programa de Certificação da Propriedade ,destinado a adequação ambiental em conjunto com outros mecanismos que viabilizam a produção familiar.

De maneira incisiva e esclarecedora Parlamentares de vários partidos, o Ministério do Meio Ambiente, a Sociedade Brasileira para o Progresso para Ciência/SBPC, a Academia Brasileira de Ciência/ABC, entidades e lideranças do movimento socioambiental, indígenas e camponês, incluindo as que assinam esta nota, apresentam argumentos fundamentados do risco para a sociedade, caso o PL seja aprovado na íntegra.

A discussão sobre os pontos polêmicos precisa continuar, é parte da democracia, e a população precisa participar mais. O grande desafio deste século é consolidar o crescimento econômico com bases sustentáveis. As cartas estão na mesa! Qual jogo escolher?

Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular – CDDHEP/AC
Centro dos Trabalhadores da Amazônia – CTA
Comissão Pró-Índio do Acre – CPI/AC
Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre – PESACRE
Grupo de Trabalho Amazônico – GTA
Rede Acreana de Mulheres e Homens
SOS Amazônia

ENTREVISTA: FABIO LUÍS DE OLIVEIRA

Um crepe como detalhe

ITAAN ARRUDA

No comprovante de venda da máquina de cartão de crédito está escrito “Lugarzinho bom”. Não é uma denominação fiel. O correto é”Lugarzinho bão”: um carrinho construído de alumínio com luz elétrica, fogão, assadeira e até uma pequena televisão. Tudo planejado e cuidado pelo mato-grossense de 36 anos Fábio Luís de Oliveira. Ele mora no bairro João Eduardo, mas é no Parque Tucumã que garante o sustento de dois filhos e da esposa, vendendo batata frita, pipoca e crepe, a especialidade do lugar. “A massa tem um segredo”, confessa, ao se referir à pasta amarelada com que faz os crepes.

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‘Lugarzinho Bão’ oferece até máquina de cartão de crédito para atender clientes

Começou a trabalhar aos sete anos, cortando cana de açúcar em Barra do Bugre, no Mato Grosso. Desde então, não sabe o que é ficar sem trabalho. Parece desconhecer a apatia. Certa vez, com perna quebrada, foi servir algodão doce em uma festa de aniversário. “Fui por causa das crianças”, justifica.Ele é uma dessas pessoas difíceis de encontrar. A conversa, recheada de referências bíblicas e religiosas, é de um otimismo incomum.

No Parque do Tucumã, ele começou vendendo maçã do amor. Hoje, além da pipoca, da batata frita e do crepe, já pensa em ampliar a oferta de produtos. Quer fazer churros. Neste domingo do Dia das Mães, ele vai sortear entre seus clientes uma televisão de 21 polegadas de LCD. Quem transita pela BR-364, ao entrar no Parque do Tucumã, vai certamente se deparar com o “Lugarzinho Bão”. E foi lá, em um fim de tarde, que a equipe do Acre Economia foi conferir o que há de bom no lugar. Comendo crepe, entre uma conversa e outra.

AE_ Desde quando o senhor trabalha?
Fábio_
Trabalho desde os sete anos. Cortava cana de açúcar nas usinas da região de Barra do Bugre, no Mato Grosso, cidade onde nasci. Não parei mais. Não me lembro de ter emprego. Sempre tive trabalho. Já fiz de tudo.

AE_ Por que o senhor resolveu fazer crepes? Isso dá dinheiro?
Fábio_
Sustento dois filhos e minha esposa, que me ajuda. Eu comecei só com maçã do amor, há quatro ou cinco anos, quando o Parque do Tucumã foi inaugurado. Desde lá, eu venho mudando, inventando. O meu crepe, por exemplo. O senhor não encontra um crepe desses em nenhum lugar da cidade.

AE_ O que ele tem de diferente?
Fábio_
A massa tem um segredo [risos]. Ele tem uma massa fina, sequinha, leve. Não é um crepe massudo como tem muitos por aí. O orégano na massa dá um gosto especial, junto com o queijo ralado. A carne de sol é bem desfiadinha, bem fininha. Eu lhe garanto que não tem igual.

AE_ Que garantias o senhor dá?
Fábio_
Olhe… outro dia veio um homem aqui e disse: “Se o seu crepe não tiver catupiry, eu não pago”. Pois eu disse. “Meu amigo, eu lhe garanto que se não tiver o catupiry o senhor não precisa pagar”.

AE_ Ele pagou?
Fábio_
Comeu o primeiro e mais outros quatro.

AE_ Sr. Fábio, quando o senhor vê alguém triste, sem muita vontade de trabalhar, que sensação o senhor tem?
Fábio_
Outro dia veio um colega aqui chorando. Chorava muito por causa que perdeu a namorada (sic). Pensava até em fazer ‘uma besteira maior’.Com conversa, mostrei pra ele que não havia sentido naquele sofrimento; que temos que colocar os problemas nas mãos de Deus; que temos obrigações com a vida. Saiu daqui sorrindo.

AE_ Quais são os seus próximos planos?
Fábio_
Quero construir um restaurante. O senhor vai ver como eu vou construir. Vou conseguir, com fé no Senhor. Vai ser lá no Parque João Eduardo que o governo prometeu começar a construir no próximo ano. Vai ser igualzinho esse aqui, [apontando para o Parque Tucumã]. Eu sonho alto. Eu não sonho baixo, não.


Setor imobiliário do Acre comemora ‘boom’ de vendas e deve continuar aquecido em 2011

MAÍRA MARTINELLO

Morar bem e investir em imóveis são práticas cada vez mais comuns no dia-a-dia do acreano. Esta é a opinião do empresário João Albuquerque, proprietário da Albuquerque Engenharia, que já soma uma história de 20 anos no ramo imobiliário do Acre. Com a facilidade da concessão de crédito e juros mais baixos para financiamentos, Albuquerque confirma que o mercado de imóveis está muito aquecido em todo o país, realidade que não é diferente no Acre.Prova desse bom momento é a quantidade de empreendimentos lançados na Capital, nos últimos cinco anos, e a previsão de muitos investimentos para o decorrer de 2011.

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João Albuquerque planeja lançamento de R$ 100 milhões em imóveis este ano

Além da entrega de centenas de casas populares, as grandes construtoras do Estado comemoram a venda, em tempo recorde, de diversos apartamentos de médio e alto padrão, com preços que vão de R$ 200 mil até R$ 1 milhão. João Albuquerque  conta que, atualmente, todos os empreendimentos lançados pela empresa têm a venda esgotada muito antes da conclusão da obra. “Se tiver disponível para vender, tem procura. Muita gente compra para investir também. Isso é cada vez mais presente no Acre”, garante. De olho nesse mercado, a Albuquerque planeja o lançamento de R$ 100 milhões em imóveis, este ano, em parceria com a Caixa Econômica Federal.

“O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) alavancou o mercado. No Acre, vivemos o boom da construção civil, na iniciativa privada, em 2010. Para este ano, as expectativas também são boas, pois estamos contando que o governo manterá a política de facilidades do crédito ao comprador. Os investimentos do Governo Federal e dos bancos para financiamento da casa própria contribuem ainda para que as classes C e D comprem mais”, avalia ele.

Bom investimento
Assim como outros especialistas do assunto, João Albuquerque afirma que esta é a hora certa para fazer a aquisição de imóveis. “A taxa de juros nunca esteve tão baixa. É uma boa hora para se comprar”, observa.

Para quem quer investir, ele destaca as vantagens do negócio, dando um exemplo simples: “O investidor que compra um apartamento na planta para depois vender não ganha menos do que 25% de lucro. Essa é uma margem muito boa se compararmos com outros investimentos de curto e médio prazo”, garante.

O sócio-proprietário da Ipê Empreendimentos (uma das maiores imobiliárias na venda de terrenos e loteamentos urbanos da cidade), Frederico Leite, é  ainda mais otimista. “Já vendemos apartamentos na planta por R$ 220 mil e, depois de pronto, foi vendido por R$ 450 mil. Muitas vezes, o lucro na revenda chega até 40%”, relata.

Um apartamento de luxo construído pela Ipê (de 315 m²) foi vendido no lançamento, há pouco mais de dois anos, pela média de R$ 700 mil. Previsto para ser entregue em julho deste ano, não é revendido por menos de R$ 1 milhão. E, apesar do alto preço, somente uma unidade no prédio está disponível para venda.Outro apartamento de luxo, da Albuquerque Engenharia, com 204 m², foi lançado com preço inicial de R$ 500 mil e, agora, há oito meses da entrega, já vale em torno de R$ 700 mil.

Preços valorizados
Se, por um lado, esta supervalorização de preços é vista como positiva para os donos de imobiliárias e para o investidor, por outro, assusta alguns compradores, que consideram os valores muito altos para a realidade econômica do Estado.

Frederico Leite e João Albuquerque, entretanto, discordam da afirmação de que imóvel no Acre é caro. Para eles, tudo depende de como a avaliação é feita.

“Se levar em conta fatores como localização e acabamento, você verá que aqui é o lugar mais barato do país. É difícil comparar porque vivemos numa realidade bem diferente dos grandes centros, mas você não encontra imóveis bons, bem localizados, com o preço do metro quadrado do Acre, que é de, no máximo, R$ 3,5 mil”, defende  Albuquerque. Ele destaca ainda a dificuldade do setor do Acre em comprar material de construção,que é todo importado de outros Estados. “Isso encarece bastante o serviço e, consequentemente, o produto final”, explica.

Programa Minha Casa, Minha Vida minimiza déficit habitacional
Frederico Leite realça ainda outro fator que contribui para valorizar os preços dos imóveis: “O que existe em Rio Branco é um grande déficit habitacional e demanda reprimida no setor imobiliário.E o nosso mercado está regendo estes valores, com base na oferta e na grande procura”, analisa.

O superintendente da Caixa Econômica no Acre, Aurélio Cruz, aponta que há, no Estado, cerca de 30 mil famílias aguardando por moradia. O programa “Minha Casa, Minha Vida” é uma das iniciativas do Governo Federal para minimizar o problema. Destinado a pessoas de baixa renda, ele oferece diversas facilidades, como subsídios do governo, taxas de juros menores que o mercado e financiamento em até 300 meses, com parcelas a partir de R$ 460.

No ano passado, em parceria com a Caixa e apoio do Governo do Estado, a Albuquerque Engenharia lançou o condomínio Via Parque, com 752 apartamentos, numa área de 62 mil m². Praticamente todas unidades já foram vendidas. Localizado próximo ao novo Shopping Via Verde, este é o maior empreendimento do setor privado da construção civil do Acre.

Aurélio destaca que, no total, a Caixa tem hoje, em Rio Branco, quatro mil unidades habitacionais em fase de execução, que devem ser concluídas até 2012. São R$ 300 milhões em investimentos, com contratações somente de empresas locais, ele faz questão de ressaltar. Mais duas mil unidades estão em fase de contratação, com investimento de mais R$ 100 milhões.

“Não tenho dúvidas de que o setor da construção civil é o que mais gera emprego, renda e melhoria da condição social, em menor tempo. A Caixa tem como missão fomentar essa melhoria da qualidade de vida da população e executa isso através dessas parcerias com o setor produtivo”, enfatiza o superintendente.

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