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“Geração preá!”

O Carnaval fora de época ocorrido em São Paulo no pretérito mês de maio mostrou ao Brasil inteiro uma farra sem medida protagonizada por grande parte dos 42 mil jovens que foram ao Anhembi. No ritmo de sons desconexos, mamados até a alma, os jovens promoveram, em praça pública, entre outras atitudes desvairadas, relações amorosas irresponsáveis. Essas relações sexuais irresponsáveis entre os jovens do presente século aqui no Brasil têm aumentado a cada minuto a desdita da gravidez na adolescência. Em verdade esse é um problema de caráter universal.

Quisesse este articulista desmoralizar este artiguete denominaria o mundo de hoje de geração preá, porquanto tanto aqui quanto  nos EUA ou em qualquer outro lugar do mundo, essa alta incidência de gravidez tendo como protagonistas os jovens e adolescentes é produto de relações amorosas desmedidas.  Vivemos sob o domínio do sexo; nunca se transou tanto como no mundo de hoje. Especialistas crêem que só no Brasil os compulsivos sexuais sejam até 7% da população, o que para os 192 milhões de brasileiros equivale aproximadamente a 13 milhões de pessoas, a maioria é jovem em idade entre 14 e 21 anos. Isso, para não falar nas relações amorosas virtuais, dos chamados “viciados em cybersexo”, mesmo porque, apesar de nos escravizar emocionalmente, as relações amorosas virtuais não engravidam.

Deste modo, não é leviandade de minha parte estigmatizar e adjetivar essas práticas se-xuais de irresponsáveis. Assim, quando se diz, modernamente “transar” designa-se a relação intersexual de base puramente libertina, que não se baseia na escolha pessoal, mas na necessidade anônima e impessoal de relações sexuais. A relação intersexual só pode ser chamada de amor, quando é de base eletiva e implica o compromisso recíproco.

É bom que se diga que mesmo com camisinha, mesmo sem contrair AIDS, esta relação amorosa irresponsável e sem freios que ocorre muitas vezes por excesso de bebidas e outras drogas ou por pura “bobeira”  revela ousadia, mas também uma boa dose de precipitação do mundo jovem. Por quê? Porque por si só essa prática sexual, entre os adolescentes, que de bom e belo se tornou danosa, já seria uma lástima. Além disso, essa “relação amorosa irresponsável”  bloqueia ou até mesmo impede para sempre o desenvolvimento do maior de todos os projetos desses garotos e garotas. Aborta, não só bebês, mas o projeto de ser um adulto feliz.

Relação amorosa irresponsável é aquela que só dá prazer, mas não faz as pessoas crescerem, melhorarem como gente. Relação amorosa irresponsável é aquela feita sem amor, de qualquer jeito, com qualquer pessoa sem pensar nas conseqüências. A relação amorosa irresponsável, ainda é a principal causa de o Brasil ser campeão de abortos. Milhares são as crianças que vivem no Brasil, sem lenço nem documentos. Não possuem sequer uma certidão de nascimento e quando possui não consta que tenham pais, resultado direto de relações amorosas desatinadas.

Esta relação amorosa só interessa a quem vive amealhando verdadeiras fortunas em função da indústria do sexo, cognomi-nada de prostituição infantil e tráfico de crianças que, conforme pesquisas recentes são, sem nenhuma dúvida, o 2º melhor negócio do mundo moderno, as somas são astronômicas e só perdem para o tráfico de drogas. A sociedade está minada de representantes dessa prática nociva. Não precisamos ir muito longe para saber quem são esses meliantes. O problema esta aqui bem perto de nós. Basta ler os jornais de melhor tiragem da cidade de Rio Branco que quase diariamente, através de denúncias do povo e de boas reportagens, revelam a problemática do abuso e da exploração sexual, de crianças e adolescentes. 

 Na verdade algumas destas pessoas, e são muitas, estão a serviço de uma verdadeira indústria que não aparece sob forma de fábrica, com chaminés e fumaça, mas que gera milhões de dólares. Inclui-se aí, alguém já o disse, a indústria pornográfica, do aborto, dos métodos anticoncepcionais, artificiais, dos motéis e do fantástico mundo das drogas. Para essas pessoas quanto mais libertinas e promíscuas estiver o sexo e quanto menos coesas estiverem as famílias, melhor.

É possível que algumas mentes sapientes achem tudo isso uma tremenda caretice. Mas, não é! A discussão em torno de qualquer assunto filosófico sempre foi e continuará sendo de relevância decisiva para a vida do homem. Mesmo a discussão dos assuntos mais triviais, que já foram debatidos exaustivamente, e assim é considerada desnecessária mostra a exigência da razão e, portanto, da própria existência humana na sua atividade reflexivo-discursiva. Portanto, relação sexual ocasional ou anônima ou transar pura e simplesmente com quem aparecer, não passa de uma elevada irresponsabilidade.

* E-mail: assisprof@yahoo.com.br

Categories: Francisco Assis
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