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“Mui amigo”

No livro “Leviatã” (nome inspirado no monstro bíblico que representa o Estado) encontra-se con-densada a filosofia política de Thomas Hobbes (1588-1679). Nesta obra Hobbes  defende  a submissão da vontade e do juízo do conjunto particulares à vontade e ao juízo de um homem ou de uma assembléia que se perpetua no poder.

Encontramos, também, na filosofia política de Hobbes as regras de convivência, que seriam: renunciar ao interesse sobre tudo; cumprir os acordos feitos; restituir os benefícios recebidos; adaptar-se aos outros; perdoar os que se arrependem; não desprezar os outros; etc.

Alguns políticos brasileiros detentores de ideologias liberais e defensores de uma política liberal para a America Latina fomentaram, na década passada, aos quatro cantos da nação que Evo Morales, Hugo Chaves, Lula e Fidel Castro, personagens “carismáticos” parecem dispostos a personificar o Leviatã.  Tal idéia se desfez, em parte, com a saída de Lula da presidência do Brasil. Fidel Castro, por outro lado, vive o seu ocaso. Contudo, parece óbvio que conviveremos por longos anos na América Latina com a volúpia e o poder absolutista dos senhores Morales e Chaves.

O senhor Evo Morales e suas ações, enquanto presidente da Bolívia tem sido “mui amigo” ou “amigo da onça” do Brasil quando o quesito é cumprir ou perpetrar acordos. Logo que assumiu a presidência de seu país, tratou de levar a cabo uma promessa de campanha. Ocupou e nacionalizou as refinarias da Petrobras e não indenizou em um só centavo de R$ a multinacional dos derivados de petróleo. Tornou  o Brasil, por dias ou meses, refém do “Gás” agora “boliviano”. Além de não indenizar a Petrobras pelos investimentos realizados na Bolívia, o senhor Morales afrontou e humilhou a fraca diplomacia brasileira.

 Em meados do ano de 2009, o senhor Morales agravou novamente as relações diplomáticas entre Brasil e Bolívia,  exigindo a retirada urgente de famílias brasileiras constituídas de colonos, posseiros e fazendeiro que produziam, em suas propriedades na zona de fronteira do departamento de Pando. O Governo brasileiro, diplomaticamente fraco toda vida, tentou conciliar a questão transferindo US$ 10 milhões para o Programa Latino-Americano de Cooperação Técnica em Migrações. Tal valor se destinava a amenizar os prejuízos financeiros das famílias expulsas, pois que mais uma vez o senhor Morales não se dignou em ressarcir aos posseiros e fazendeiros, os benefícios recebidos. Nada, não entrou novamente com nenhum centavo. Para ser sincero não sei como esta pugna terminou!

Possivelmente por considerar o Brasil e seu povo o “primo rico” da América do Sul o senhor Morales, voltou à carga anunciando aos seus súditos que todos os veículos de origem estrangeira podem ser regularizados da forma mais simples possível. Neste bojo, estão incluídos, segundo dados do deputado estadual Walter Prado, mais de 10 mil carros  roubados no Brasil. O carro Sandero roubado do professor Marcos  faz parte dessa dezena de milhares de carros roubados que entram, todo dia, em solo boliviano. Professor Marcos, para quem não sabe, é aquele que foi enterrado ainda com vida, num dos mais cruéis assassinatos já visto por aqui. Os bandidos, depois do feito macabro, venderam o carro do professor aos bolivianos, por 5 mil reais.

A reflexão que se faz a partir dessa decisão arbitrária do senhor Morales é a mais pessimista possível. O Acre, que já é o acesso mais usado para tráfego de carros roubados rumo à Bolívia, agora é uma avenida. “A porteira abriu de vez. Vai ser uma correria de ladrão levando carro para Cobija…” comentou um jornalista local em sua coluna diária.

O Acre é, no dizer do filósofo de Brasiléia  José Alves, um Estado situado no “triângulo das Bermudas” dos países produtores de drogas, Bolívia, Peru e Colômbia.  Agora se torna totalmente refém de ladrões profissionais de carros.  O trabalho dos meliantes foi facilitado pela insensatez do senhor Morales.

O senhor Morales que é amigo “mui amigo” de alguns políticos influentes local e, especialmente amigo do ex-presidente Lula, deve qualquer dia desses ser recebido na terra de Lea T. com honras de chefe de estado.

 O conceito ou juízo que faço do senhor Morales é, sem nenhuma dúvida, de inimigo número 1 da gente brasileira, notadamente do povo do Acre.
Mui Amigo!  

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