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O príncipe do Rio Acre

Já dizia Goethe que “A alma do homem é como água; vem do Céu, para depois voltar para a Terra, em eterno ir e vir”. Assim é “O Príncipe do Rio Acre”, obra de Claudemir Mesquita, um eterno ir e vir entre a emoção, a razão e o coração, tudo junto, em defesa da água, da natureza, do humano. A natureza reservou para si tanta liberdade que não a podemos nunca penetrar completamente com o nosso saber e a nossa ciência. Então, parafraseando Leonardo da Vinci, diz-se que chegará o dia em que os seres humanos conhecerão o íntimo dos rios, lagos, igarapés, e nesse dia um crime contra um igarapé será um crime contra a humanidade.
Livro
O geógrafo e confrade Claudemir Mesquita é homem de raríssima sensibilidade e possuidor de talento invejável. Tudo quanto diz e escreve ganha um sentido espe-cial, dado o amor que impregna seu fazer, a trilha de sua vida dedicada ao estudo de rios, lagos, igarapés. No livro “O Príncipe do Rio Acre”, ele deixa brotar, em cada palavra, o profundo amor à mãe natureza, aos ambientes naturais, à água, à preservação do Igarapé São Francisco, o qual denomino, em homenagem ao confrade na Academia Acreana de Letras, “Le petit prince d’Acre”.

Em conversa com Claudemir, sobre os ambientes naturais e a poluição do Igarapé São Francisco, ele emocionado diz:

Se um dia os igarapés perderem seus significados as pessoas perdem sua liberdade. Se não lutarmos pelo igarapé não seremos dignos dele. Por isso, escrevo este livro com as teclas do coração, ambientadas pela ternura da alma e a consciência de um cidadão zeloso pelos espaços naturais, preocupado com o amanhã, indignado com o descaso ao Igarapé São Francisco, um riacho que recorta a cidade de Rio Branco, caminha entre um e outro bairro da Capital, olhado não apenas pela fresta de um raio de luz, senão, também, pela luz que celebra a vida de Rio Branco. Ali, nas suas margens, eu corri e brinquei quando criança e gostaria de ter a certeza que muitas outras crianças crescerão olhando e brincando com o igarapé, fazendo de seus braços os abraços que ganhamos nós com a preservação desse Príncipe do Acre. Este é um grito banhado em lágrimas e que ele ecoe em cada coração para mudar realidade tão triste… (Palavras do Autor)

Por tudo que é Claudemir Mesquita, pela beleza desta obra, parabenizo-o pelo canto majestoso ao Igarapé São Francisco. Que seu hino ecoe por toda cidade e alcance os ouvidos de toda gente acreana, que as pessoas fiquem de pé e deixem viver “Le petit Prince d’Acre”: o Igarapé São Francisco. Pois a natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.

Receba de mim, estimado confrade, uma nativa das terras acreanas, uma admiradora de sua obra, o abraço eterno de um rio, com todas as suas voltas. Estou convencida, pela leitura de sua epopéia ao Igarapé São Francisco que a cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome, isso porque a natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o ser humano.

Finalmente, é triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a escuta. Então, que a sua voz, caríssimo confrade Claudemir Mesquita, ecoe em todos os corações e que esse igarapé, que faz parte de sua vida e de tantas outras, seja preservado para que outras gerações possam vê-lo lindo quanto você o viu num passado não muito distante. Que a beleza dessa sua grandiosa obra se transforme num cântico em defesa das águas acreanas, um hino merecedor de todas as melodias.

DICAS DE GRAMÁTICA
OS ACENTOS CIRCUNFLEXOS CAEM, PROFESSORA?
– Não! Acentuam-se com acento circunflexo: a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tônicas fechadas, que se grafam -e ou -o, seguidas ou não de -s: cortês, dê, dês (de dar), lê, lês (de ler), português, você(s); avô(s), pôs (de pôr), robô(s).

– Ainda, acentuam-se as formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos -lo(s) ou la(s), ficam a terminar nas vogais tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: detê-lo(s) (de deter-lo(s)), fazê-la(s) (de fazer-la(s)), fê-lo(s) (de fez-lo(s)), vê-la(s) (de ver-la(s)), compô-la(s) (de compor-la(s)), repô-la(s) (de repor-la(s)), pô-la(s) (de por-la(s) ou pôs-la(s)).

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá. Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pesquisadora Sênio da CAPES.

 

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